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quarta-feira, 7 de abril de 2021

O corpo quer ceder


 

O corpo quer ceder. Deixar de lutar, deixar de combater, deixar-se cair.
Há dias em que apetece deixar cair os braços e desistir.
Desistir da vida, das (des)ilusões, dos medos, dos sonhos, do sentir.
Mas o passar do tempo mostra-nos que não há possibilidade de suster o tempo, tal como a respiração. É momentâneo. E a qualquer momento, a dado momento, temos que nos erguer. Temos que caminhar, temos que avançar.
A vida é feita de muitas coisas, de muitas pessoas, de muitos momentos e de muitos sentires.
Mas há dias em que, só com muito esforço, só com uma força hercúlea o corpo avança.
Sim, há dias em que o coração está morto, emperdenido, negro e pesado. Morto. Quase morto.
Há dias em que a dor é em demasia.
Há dias em que a ausência é insuportável, indescritível, impossível de nos fazer querer viver.
Mas há que enxugar as lágrimas, cerrar os lábios e forçar a vida a acontecer.

Apesar da dor.
Apesar da (tua) ausência.
Apesar da falta de vida no (meu) coração.
E, com toda a força, (vou) tentar viver.
Tentar que as memórias se tornem menos pesadas, menos dolorosas.

Apesar de (quase) morta, o corpo vai lutar por viver e nunca (te) esquecer...


Cat.
2020.04

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Cansada


 

Cansaço, é isso. Há um cansaço enorme em mim.
De tudo. De todos.
Isolar-me e deixar-me estar com os meus pensamentos. Não. Nem isso. Não quero pensar.
Quero que o vazio me inunde. Me encha e preencha.
E viver assim.
Sem nada. Sem ninguém.
Ficar parada a ver quem passa. A ver o dia mudar de cor consoante as horas passam. Ver chegar e ver partir.
Todos. Tudo.
Sem julgar. Sem imaginar. Sem sentir.
Não pensar. Não agir. Não reagir.
Não esperar.
Não me surpreender ou desiludir.
Cansaço, é isso que há em mim.
De tentar perceber os outros.
De tentar justificar actos alheios.
De fazer mais do que desejam.
De pensar além e antever o que aí vem.
De alertar.
De ajudar.
De ser e dar mais do que de mim esperam.
De ser e dar menos do que de mim esperam.
Cansada de quando dás mais e te acusam de o fazer...
Cansada de quando não dás e te acusam de não o fazer...
Cansada de tentar perceber esta gente que não se percebe.
Cansada.
Cansada desta gente que não vê além.
Cansada desta gente que só pede.
Cansada desta gente que se acha superior, inteligente e melhor.
Cansada da indiferença desta gente para com os outros.
Cansada.
Cansada desta gente que nos suga o que de melhor temos e nos deixa, assim, cansada.
De tudo. De todos.

2020.01.21

quarta-feira, 31 de março de 2021

Verdadeiramente viver


 

É nos intervalos da vida
Que a minha mente
De pensamentos
É invadida.
É nesses momentos
Em que a noite é igual ao dia
Que penso nos intensos
Teres e sentires que havia.
Nestes intervalos,
Em que os minutos passam
Devagar pelas horas,
Em que o ar que respiro,
Rarefeito, me lembra do que eras.
Viver intensamente,
Amar profundamente,
Dar-se sem freios,
E que pensámos serem para sempre,
É ilusão,
Pois tudo tem um senão:
A eternidade é apenas um momento.
E entre o viver da felicidade,
Há os intervalos da vida,
Em que viver é uma dor profunda
Em que o tempo passa,
Mas não impune.
É assim, nestes lapsos de dias,
Que mais tempo passamos
A remoer para depois renascer,
Em vez de verdadeiramente viver...


Cat.
2021.01.31

quinta-feira, 25 de março de 2021

Aqui...


O dia já vai quase no final da manhã e lá fora está o frio típico de um dia de Inverno, em que o sol não tem força para aquecer o corpo.
As poucas pessoas que passam na rua não têm pressa, não sentem o corropio de um qualquer dia de semana. Há um estranho silêncio a nada para um início de semana. Há uma estranha calmaria no passar do tempo, como se as horas aumentassem em minutos e houvesse tempo para se viver sem pressa. O Natal já passou e é quase véspera de ano novo. Talvez por isso, tudo pareça demasiado parado.
Aqui dentro, não é diferente. Tudo parece suspenso: o tempo, a vida, o pensamento...
Pensei em escrever sobre o Natal. Abandonei a ideia por falta de palavras. De palavras certeiras, concretas e indubitáveis. Porque o Natal é sentimento, é viver, é dar e receber muito do que não nos é possível tocar, materializar.
O Natal é uma época em que permitimos que as horas dos dias deuxem de nos impor compromissos e em que nos centramos na família, nos amigos, em quem nos aquece o coração.
Não há palavras para descrever tudo isto.
Muito menos, para descrever quem nos faz falta, quem não está presente.
O Natal é para ser vivido. É para esquecer o menos bom e pensar no que há de melhor. Em nós e nos outros.
E de parar para pensar que, estupidamente, não é preciso que seja Natal para agirmos assim, que deveria ser exactamente assim, todos os dias de todo o ano.
Talvez por isso seja uma época, junto com a transição de ano, em que se traçam novos objectivos, em que se esquecem as diferenças e se valorizam e fortificam as relações.
Em que o sentimento de amar e ser amado nos faça querer fazer mais por nós e pelos outros.
Em que a empatia nos faça sentir que todos somos humanos e, por inerência, falhos.
Em que perdoar, perdoar verdadeiramente, nos faça ser melhor. Por nós e pelos outros.
Aqui, não há resoluções de Ano Novo.
Aqui, há o cliché da certeza que o Natal deveria ser todo o ano. Por nós e pelos outros.
Talvez o Natal exista para nos fazer parar, pensar e crescer. Como pessoas, como seres humanos. Por nós e pelos outros.
Aqui... Aqui faltam as palavras mais acertadas para falar sobre o (meu) Natal.



Cat.
2019.12.30




segunda-feira, 27 de janeiro de 2020

Caminhar


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas sentadas

Caminhar.
Segura de que o dia vai, a dado momento, terminar.
E aí, descansar.
Deixar para trás a rigidez do corpo e do formatado pensar.
Desligar. Se possível for.
Permitir fluir, sem obrigar, sem orientar e apenas ser. Apenas deixar voar, vaguear.
Até adormecer. E aí não mais recordar, não mais sentir e suspender o viver.
Até acordar. E voltar a ter que caminhar.
E esperar que o hoje seja melhor que o anterior. Que o amanhã tenha mais para me dar, para (me) permitir, para sonhar e acreditar. Para que eu tenha vontade de (realmente) caminhar...

Cat.
2019.09.16

sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Surpreendentes


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas
As pessoas são surpreendentes. Pelo bom ou mau lado. Mas ainda assim surpreendentes.

Ou talvez seja eu que assim ache.

Neste meu mundo de sonho ou ilusões, como habitualmente me dizem. Apesar de nada saberem de mim, das minhas dores, das minhas cicatrizes ou feridas abertas.

Mas sim, eu ainda me surpreendo com as pessoas.

Hoje, confirmei uma vez mais, que as pessoas que se mostram frias e, sobretudo, fazem questão de o mostrar e, grande parte das vezes, de o afirmar, são as mais quebradas por dentro. São as que, apesar da resmunguice, da doença que as assola, da falta de tempo e, muitas vezes, de dinheiro, mais fazem pelos outros. São as que mais se incomodam, preocupam pelos outros. Pelos que são indefesos e incapazes.

Pessoas que, para se defenderem de sentir (ainda mais do que o que sentem) verbalizam o que não são. Acho que com medo de se mostrarem verdadeiramente e de com isso serem usadas e voltarem a sofrer.

Pessoas que têm tanto para dar, tanto sentir, tanto carinho, empatia e até amor.

Pessoas que já sofreram. Sofreram demasiado. E que se fecham.

Pessoas inteligentes e que, por tanto sofrer, se acham burras. Literalmente burras. Por acreditarem nos outros, por darem mais uma chance, por amarem e, como diz o ditado, serem cegas.

Hoje, cruzei-me com uma dessas pessoas.

Pessoas que se fecham. À vida e aos outros. Porque acham que não vale a pena. Porque, apesar de quererem um abraço, preferem afastar com medo de sofrer.

Hoje tive a certeza que todos temos medo de sofrer. De ser enganado. De ser usado.

Hoje tive a certeza que todos queremos ser amados. Queridos. Abraçados. Reconhecidos. Mas sobretudo, ouvidos. E que alguém veja o quanto de bom há em nós. Apesar das falhas. Apesar dos erros.

Hoje conheci uma pessoa fantástica mas cheia de culpas que não são dela. Uma pessoa que não se perdoa por não ter visto os sinais, por não ter decidido de outra forma. Uma pessoa de alma (quase) negra e que deveria brilhar. Porque somos humanos. Porque estamos a aprender. Porque estamos a crescer. Porque desistir é impensável. Porque não queremos desiludir. Os outros e os seus (pre)conceitos e a nós.

Somos, por trás de capas de super-heróis, seres tão frágeis.

Somos tão carentes de empatia, de amor, de carinho... E é tão fácil dar. É tão fácil mostrar a alguém que vale a pena. Basta ver o que há de bom dentro dos outros. Há sempre algo de bom nos outros.

Hoje choraram no meu ombro. No ombro de uma desconhecia.

E eu choro agora por ver tanta gente perdida...

Cat.
2019.09.03

terça-feira, 21 de janeiro de 2020

Amar(te)

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Podia escrever-te um poema que falasse de amor e do cheiro das flores na Primavera, do sabor dos teus lábios carmim e da falta de ti nos momentos em que a vida nos obriga a afastar.

Podia escrever-te uma carta em que exaltasse todo o meu sentir por ti e do quanto te quero na minha vida para todo o sempre.

Mas a vida não é um conto de fadas ou um filme romântico em que desencontros e opções de vida acabam sempre em bem, com todos os intervenientes felizes e a seguirem a sua vida com o amado ao lado.

Não, a vida não é um conto de fadas, de princesas e cavaleiros salvadores.

Não. A vida e o amor são duros, cheios de pedras no caminho, carregados de alegrias e tantas ou mais dores.

São feitos de cedências e de adaptação. São feitos a cada dia, a cada gesto, a cada palavra dita e a cada momento.

São feitos de muitas pessoas que não só nós. De pessoas que nos acrescem ou confundem. De tentações e ilusões. De amizade ou desilusão. E nós, dentro da nossa humanidade, absorvemos tudo isso. E mudamos. Mudamos sempre: o que sabemos, o que é (quase) empírico, o que sentimos, o humor e a disposição para ouvir o outro.

E o amor sofre mais do que possas imaginar.

Oscila neste corropio de sentires que nos avassalam a Alma. E muitas vezes a mente.

Podia escrever-te um poema ou uma carta, mas prefiro dizer-to, cara a cara, olhos nos olhos. Que te amo. Que me sinto amada. Que contigo são mais os momentos felizes que os de tristeza. Que os sorrisos abafam todas as lágrimas. Que nos teus olhos vejo o meu futuro e no teu colo tenho o meu porto de abrigo. Nos momentos bons, mas principalmente nos menos bons. Que és quem quero comigo, que és quem me compreende, quem me perdoa as falhas e me faz ser melhor.

Podia escrever-te, mas hoje, quando chegar a casa, vou correr para os teus braços, olhar-te nos olhos e dizer-te, somente e apenas: Eu Amo-te!

Cat.
2019.08.09

segunda-feira, 20 de janeiro de 2020

Trazer(me)

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Trago nas mãos tudo o que construí, tudo o que afaguei, toquei e senti.

Trago nos braços todos os sentidos abraços dados, todos os seres que acolhi.

Trago no rosto sulcos vincados pelo passar dos anos, o reflexo de dias já passados e aqui espelhados.

Trago na boca todas as palavras proferidas, amáveis ou azedas, tolerantes ou zangadas, umas vezes profundamente sentidas, outras apenas para provocar feridas.

Trago nos olhos todas as tristezas e alegrias, todos os risos e todas as lágrimas que, por amor ou desilusão, por mim foram vertidas.

Mas o que trago na Alma é tudo isso e mais ainda. É tudo o que sou, tudo o que vivi e tudo o que sonho.
É (des)amor.
É (des)ilusão.
É (des)esperança.
Mas é, sobretudo, um acreditar. Em mim e nos outros. Até prova em contrário.

Cat.
2019.08.05

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dentro de mim


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A noite há muito que se impôs. No céu não há lua e as estrelas brilham, longínquas e num ténue cintilar. Há uma névoa no ar que impede que se vejam com a clareza necessária.

Tal como aqui, dentro de mim.

Há coisas que não se vêem e no entanto passam por nós, dão-nos sinais. Mas às vezes estamos como a noite de hoje: com a visão turva. A visão da mente, do pensamento, do raciocínio e das decisões. Turva. Nebulada. Sem perspectivas. Como se uma cortina tapasse o futuro.

Mas o futuro é sempre uma incógnita.

Mas umas vezes mais incerto que outras.

Mas a vida é isto: um caminho que se faz a cada passo no incerto.

Não depende só de nós. E nós não temos todas as cartas na mão para, mediante a necessidade de decisão, podermos escolher avançar ou recuar ou apenas esperar sem se mover.

Vamos tendo sinais, dicas, reais ou instintivas, de que caminho seguir, como as guias brancas numa estrada que nos permitem avançar sem sair do caminho. Lenta e num misto de receio e confiança.

Sim, a noite está envolvida em névoa feita mistério. E a minha mente, está cega, sem conseguir prever o dia que o amanhã vai trazer. E as decisões que me vai obrigar a fazer.

Cat.
2019.05.24

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Demasiado, talvez...


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas sentadas, sala de estar, mesa e interiores

Há momentos em que, apesar da companhia, estou sozinha. Não há conversas. Não há troca de palavras, de ideias, de acontecimentos, de vivências.
Há solidão.
Há aquele silêncio que se impõe apesar do burburinho das vozes na televisão.
Há um não haver. Um nada que quase se consegue tocar de tão intensa a sua presença.
E olhas a sala e não estás sozinha. Não te falta companhia.
Mas há silêncio.
Há solidão.
E há a tristeza que te vai invadindo.
A tristeza de não haver nada para contar.
A tristeza de sentires que a tua vida, se calhar, não é vivida como deveria.
A tristeza de sentires que não consegues combater e o silêncio que vai crescendo entre nós...
Há dias em que este silêncio é bem-vindo.
Há outros em que só me agonia. Em que me deixa entregue a um pensar pequeno, em que tudo é pequeno na minha vida, em que, principalmente, eu sou pequena. Em que não consigo surpreender(te). Em que não consigo manter(te) o interesse. Em que não consigo requerer(te) a atenção. Em que não (te) sou suficiente.
Síndrome de Princesa, talvez.
Insegurança, talvez. Medo, talvez.
Apenas por (te) amar. Por (te) querer. Por nunca me cansar. Por nunca ser demais. Demasiado, talvez...

Cat.

2019.04.25

segunda-feira, 30 de dezembro de 2019

Escrever

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Um dia vou escrever todos os sonhos que um dia sonhei, todas as aventuras que imaginei, todos os devaneios em que divaguei.

Vou contar todas as cenas por onde passeei, todas as cores que visualizei, todos os sabores com que a minha boca deliciei.

Guardar as minhas memórias, as passagens mais marcantes e as que passaram demasiado fácil.

Acontecimentos que me fizeram chorar, de dor ou alegria, de felicidade ou de saudade, de chegadas ou de partidas.

E de pessoas. Mas sobretudo de ti. Do quanto me fizeste feliz. Do quanto me fizeste rir. Do quanto me abraçaste e beijaste. Do quanto me amaste este corpo e esta Alma. Do quanto comigo partilhaste. Do quanto caminho percorremos e do quanto me apoiaste.

Um dia vou escrever(te) o quanto comigo viveste. Não vá, por qualquer motivo, esquecer(te).


Cat.
2019.04.24

quinta-feira, 26 de dezembro de 2019

Tudo

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O dia já acordou há algumas horas e chora compulsivamente, de forma quase constante. O céu está negro, sombrio por culpa de núvens escuras e tristes.

Não há pássaros a cantar, anunciando a Primavera.

Não há o cheiro de flores no ar, nem de jasmim, nem de laranjeira.

Há a chuva que cai e tudo invade. Numa cadência sem ritmo. Num musical que ninguém pára para ouvir, que não encanta e que ninguém quer sentir. Os passos na calçada são rápidos, apressados, desviando-se dos aglomerados dessa água que cai, desses lagos miniatura que formam na rua. Guarda-chuvas coloridos escondem os rostos de quem por ali passa. Não há olhares contemplativos ou enternecidos ou de espanto para o rio. Os barcos são raros e seguem quase vazios, sem risos, sem fotógrafos de momentos, sem grande vida.

Há a chuva que cai e tudo invade.

Até o rio se rende e, no seu correr, fica inerte, deixando apenas as gotas da chuva marcar a sua passagem, em círculos de ritmos constantes.

E eu, deste lado da janela, compreendo esta regra: há situações que não vale a pena contestar, contra elas lutar. Às vezes é preferível deixar andar, deixar a tempestade passar e, ao seu ritmo, bailar, sem muitas ondas levantar e apenas esperar, porque tudo, tudo acaba por passar....

Cat.
2019.04.15

terça-feira, 24 de dezembro de 2019

Perdas


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé, céu, nuvem e ar livre
Eu sei o que é passar pela perda de alguém. Sofrer, chorar, voltar a chorar, desesperar e chorar ainda mais. Até as lágrimas secarem.
Eu sei, eu sei como é.
É o mundo quase desabar. Fugir por debaixo dos pés. É perder o chão e nunca mais dar um passo firme.
Eu sei. Já perdi. Já sofri e acho que nunca mais regressei a mim, ao que era.
É um vazio que fica, aqui, bem no meio do peito. Que chega a doer, a sufocar, a sugar o ar e a transbordar de nada.
É uma dor que não se descreve porque tanto nos mata com a falta como nos esmaga de tão assoberbada.
E as saudades tudo menos indeléveis. São profundas e inesgotáveis como o amor que se sente.
E a certeza de que muito ficou por dizer, por fazer, por viver, por partilhar, por sorrir e chorar é, quase, arrependimento. Por não ter sido mais. Mais abraços, mais beijos, mais amo-te e mais, muito mais tempo apenas contemplando-te. Guardando em mim cada traço no rosto, cada cabelo desalinhado, cada respirar no meu ouvido no teu peito encostado.
Sim, eu sei o que é perder alguém. E também sei que a vida continua e nos atenua a dor. Devagar, bem mais devagar do que desejaríamos, mas atenua...

Cat.
2019.04.05

segunda-feira, 23 de dezembro de 2019

Fugir

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Hoje vou ler um livro.

Um qualquer, não importa o título, não importa o conteúdo, hoje vou ler um livro.

Um que me leve para outro lugar. Encantado ou maltratado. Brilhante, vibrante ou negro, sombrio.

Um livro que me dê vontade de não regressar à minha realidade. Que me envolva, me leve e não me devolva. Que me faça rir ou chorar, desde que desmedidamente.

Um livro que me ensine que não há limites para a imaginação ou para a dura verdade. Que me faça sonhar com o amor e a paixão e com a desilusão da perda e da dor.

Hoje vou ler um livro. Para não lidar comigo. Para não olhar para o que o dia traz. Para não pensar, não sentir e não chorar apenas por mim. Para que os meus dias sejam mais do este passar de horas, sem rumo, sem desejos ou ânsias. No fundo, sem futuro...

Cat.

2019.04.04

sexta-feira, 20 de dezembro de 2019

Dizer

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Dizer que te amo.

Hoje e sempre. A cada momento, a cada dia, todos os dias da nossa vida. Todos os dias da vida que contigo terei.

Dizer que te amo.

Porque não quero que esqueças. Não quero que, por algum motivo, por um acaso ou por alguma palavra ou atitude menos positiva, possas pensar que já não te amo.

Amo-te. Não deixes de acreditar nisto.

Amo-te. Todos os dias. Com todas as tuas virtudes e todos os teus defeitos. Na tua perfeita (im)perfeição.

Amo-te e vou dizer-to todos os dias. Todos os dias da nossa vida.

Cat.
20219.03.28

quinta-feira, 19 de dezembro de 2019

Medo em mim

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Sim, há medo em mim.

Um medo, talvez irracional, mas há.

Medo de mudanças. Medo de falhar. Medo de não fazer a(s) escolha(s) certa(s). Medo. Há quem diga insegurança, mas não deixa de ser medo.

A vida é feita de opções, a cada dia, a cada momento e não há nada que possamos fazer para as evitar. Nada. Há que decidir, avançar ou recuar ou manter a posição. Mas há sempre uma decisão a tomar. E há sempre o mesmo medo. De não saber se rstamos a decidir bem.

E este medo aumenta com a idade. Ou com a maturidade. É proporcional à quantidade de compromissos que vamos assumindo na vida. Quando não há compromissos tudo é mais simples, tudo é de mais fácil resolução e menos, muito menos assustador. Havendo é tudo muito diferente. Tudo aumenta. Até o medo.

Sim, decidir não é fácil, em especial quando implica mudanças que nos afectam as rotinas, e sobretudo, as certezas.

Pois que abalar as nossas certezas e ter que nos adaptar é que assusta, mete medo.

A verdade é que a cada mudança, a cada nova decisão e a cada novo medo, eu vou conseguindo superar-me. Vou sendo capaz de me adaptar, de aceitar e, muitas vezes, de me surpreender.

Haverá então motivo para ter medo? Para eu sentir esse aperto no coração?

Talvez sim. Talvez o medo impeça o meu ego de se mostrar, exacerbado e implacável.

Talvez não. Talvez o medo impeça que eu viva de forma mais tranquila e acredite no que sou, no quanto valor tenho e na minha capacidade de adaptação.

Não sei. Só sei que há medo, há medo em mim.

Cat.
2019.03.26

quarta-feira, 18 de dezembro de 2019

Dias assim

Nenhuma descrição de foto disponível.Demoramos uma vida para acreditar que somos bons, que temos valor, que há algo positivo no que somos, no que fazemos ou pensamos.

Demoramos um minuto a desabar essa crença, a perder a confiança, a desacreditar em nós. A colocar tudo em causa, a olhar para os defeitos e a dar-lhes mais importância do que às qualidades.

É verdade, num minuto tudo muda e basta uma palavra, principalmente se for de quem gostamos, para nesse instante nos sentirmos uma merda.

E é isto que me sinto agora, uma merda. Um nojo de pessoa. Uma inútil. Uma incompetente. Uma desleixada. Uma gigante merda.

Apesar de cá dentro, bem no fundo do meu ser eu saber que não o sou.

Mas é como me sinto. E hoje é dia de deixar as lágrimas correrem com toda a força e adormecer em auto-comiseração...

Porque há dias assim.

Cat.
2019.03.22

sexta-feira, 13 de dezembro de 2019

Vivências

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As vivências.

Cada um com as suas. Cada um com a sua história. Cada um com o seu olhar sobre o mesmo acontecimento.

Depois as divergências.

Porque os sentires não são iguais. Porque a intensidade com que se vive não é idêntica. Porque a uns dói muito mais que a outros.

E por fim as mágoas.

Que ficam de algo que não foi compreendido no nosso âmago. Que nos vão ruminando a alma e a essência até nos doer no corpo. Que muitas vezes são difíceis de superar e de nos deixar recuperar.

Viver no passado não é bom. Reviver na memória eventos que não nos fizeram sorrir não nos permite olhar a vida e contemplar toda a sua beleza.

Viver com essa dor é ainda pior.

E nós, como seres pensantes que somos, agarramo-nos ao nosso próprio sofrimento e temos compaixão e pena de nós próprios.

Porque não é justo. Porque não merecemos. Porque nunca o fizemos a outrem. Porque respeitamos.

Mas nem sempre é propositado. Porque nos relacionamentos, sejam de que tipo forem, há pessoas como nós. Seres imperfeitos. Seres que falham. Mas sobretudo seres, que como nós, também sentem. À sua maneira. E, que como nós, muitas vezes não sabem como o outro sente, como o outro olha as coisas, como o outro vai sentir a nossa acção.

Agir sem errar não é humano. Tal como viver sem chorar e sem sorrir. Tal como crescer e evoluir.

Há que aceitar as falhas nos outros como aceitam as nossas.

Ilude-se quem pensa que nunca foi incorrecto, que nunca magoou, que sempre foi honesto. Algures, no caminho da nossa vida, também deixamos pessoas para trás, também deixamos cair palavras que atingem como pedras. Somos humanos, sim. Somos todos humanos. E nesta nossa humanidade temos que perdoar e encher o coração e alma de sorrisos e de amor.

Perdoar os outros e muitas vezes a nós.
Porque a culpa mata-nos tanto como a mágoa.


Cat.
2019.02.22

segunda-feira, 9 de dezembro de 2019

Inícios...

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Que importância tem o novo ano, o início de um novo ano?
Um ciclo que termina e outro que se inicia?
O balanço de um correr de horas transformado em meses?
Que importância realmente tem?
É um momento em que devemos agradecer todas as bênçãos recebidas e de esquecer as lágrimas e reveses da vida?
Um dia em que perdoamos a quem, de alguma forma, nos magoou o coração?
Não, nunca esquecemos, nem deixamos para trás. Às vezes nunca chegamos a perdoar.
Não, nunca se faz um balanço sincero e verdadeiramente profundo.
Não, nunca há ciclos pré-datados.
O início do ano não é menos que uma data universal de mudança no calendário e onde as pessoas fazem a sua lista de renovação de desejos.
No dia primeiro de Janeiro não somos diferentes do que éramos no último dia de Dezembro.
As mudanças são graduais, são lentas e também não têm hora marcada.
A esperança que ganhamos na entrada do Ano Novo deveria estar presente a cada dia da nossa vida. Assim como a gratidão, o perdão, a compreensão e afinidade.
Deveríamos fazer um reset neste dia e, com a experiência dos anteriores, começar de novo: deixar realmente o menos bom, o negativo, as dores, as vinganças, os egoísmos lá atrás.
Deveríamos limpar o coração e, nos dias desse novo ciclo, olharmos para os outros com mais carinho, mais amor, mais humanidade.
Se não neste dia, algum outro do ano...
Os meus desejos são que todos, em especial eu, possamos, a cada dia, sermos melhores seres humanos, que todos os nossos defeitos se atenuem e o nosso coração se cure de todos os males. E que, nas pequenas coisas da vida, vejamos mais motivos para sorrir que para amargurar. No início do ano, no nosso aniversário ou no dia em que uma gargalhada de uma criança nos faz, de novo, ter esperança!


Cat.
2019.01.03

sexta-feira, 6 de dezembro de 2019

Regressos

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Há muito que não voltava aqui, ao meu lugar, ao meu canto, ao meu porto de abrigo.
Há muito que não actualizo o que vou sentindo. O meu diário quase parece um anuário, dada as ausências prolongadas.

A verdade é que a vida acaba por nos "engolir" nos seus caminhos (in)certos.
Não que seja mau. Não que seja bom. Apenas é. Assim, sem rodeios na certeza de que nada é certo. Nem o que pensamos garantido e muitas vezes o que nem imaginamos.

Sim, a vida é uma certa incerteza.
Onde o sentir é um tormento e, ao mesmo tempo, uma bênção.
Nunca sei.
Nunca saberei.
Apenas sinto. Demais. Demasiadamente.
Tão profundamente que me esqueço de mim, do que sou, do que pretendo, do que sonho e desejo.
E perco-me.
De mim. Do meu rumo. Do meu crescer.
E assim perdida, fico sem me perceber. Fico sem me (re)conhecer. Sem (me) escrever e e deixar sair todo o meu sentir. Com ou sem sentido. Mas meu. Apenas meu.

Hoje, sinto que me falta esta catarse, de me expurgar de tanto sentir, de tanto querer, de tanto amar, de tanto chorar e de tanto rir.

Cat.
2019.12.06