terça-feira, 15 de maio de 2018

Dicionário de coisas simples XXVIII



E o Incrível?
O incrível é o sorriso que se abre
Quando me olhas,
É o beijo que trocamos e me deleita,
É o toque dos teus dedos
Enquanto me amas.


E o fantástico?
O fantástico é o teu corpo encaixar no meu
De forma perfeita,
Única,
De modo a que cada movimento
Seja pleno,
Intenso e de um sôfrego
Prazer!


E o normal?
O normal é tudo que de extraordinário
Me deste,
Me ensinaste,
Me mostraste
E que comigo partilhaste,
Sendo agora,
De nós e dos nossos dias,
Parte integrante!


2017.07.24

Sinto falta

Sinto falta de ti.
De te saber junto a mim,
De sentir que sentes como eu,
Como parte de mim.

Sinto falta de ti.
Da companhia da tua alma
Intrinsecamente ligada à minha
De forma quase palpável.

Sim, sinto falta de ti.
De com um (te) olhar
Saber(te) o pensar,
O sentir e, mesmo sem falar,
Dizer(me) mais que um poema de amor,
O quão enorme é o teu (me) amar.

Tenho-te aqui,
Junto a mim, nos meus braços,
No uníssono compasso do bater dos corações
E ainda assim,
De forma tão pouco indelével,
Sinto falta de ti...

O tempo tudo transforma,
Inclusive o amor da nossa vida.
Não que nos amemos menos,
Não que não nos sonhemos, desejemos ou queremos menos,
Não,
Apenas, por vezes, nos esquecemos
De dizer o quanto (nos) somos importantes.

Sinto falta de ti,
Hoje e pela última vez pois
Vou dizer(te),
Mostrar(te),
Dar(te),
O quanto (me) és,
O quanto (me) fazes sentir
Em cada beijo, cada abraço, cada toque no meu rosto.
 
 
2018.05.03

Réstia

Sou réstia de raios de sol,
Num crepúsculo de Inverno.

Sou brisa no turbilhão
de folhas mortas,
caídas no chão.

Sou sombra num dia carregado de chuva
Que não acaba com a sede.

Sou água salgada de um mar
Que já não se atreve a invadir o rio...

Sou amostra do que já fui.
Mas ainda respiro,
Ainda sonho,
Ainda há vida em mim.
E amor,
Ainda há amor em mim;
De mim por ti.
Imensurável,
Infinito,
Inabalável...
Até ao meu último sopro,
Até ao meu último bater do coração.


2018.03.19

(Não) Legado


Tento escrever, todos os dias tento, mas nada sai... Um rodilho de palavras que rimam de forma fraca e forçada.
Como tudo em mim: fraco e, muitas vezes, forçado.
Sim, forçado...
O levantar, o trabalhar, o comer, o sorrir e o falar: forçado.
A vontade desapareceu de mim. Como se vivesse porque apenas respiro.
Como se estivesse perdida perante a inexistência de oportunidades, de desejos ou vontades.
Como se viver fosse quase uma obrigação, um martírio.
E quando olho vejo uma vida que me deveria fazer sentir feliz: um emprego que me permite viver acima da média, com capacidade de compra, com jantares em restaurantes da moda, roupa e calçado de marca, mas acima de tudo, um companheiro que me ama. Que mais posso desejar? Que falta na minha vida que não me permite ser verdadeiramente feliz? Porquê este vazio, esta falta de ânimo, esta tristeza profunda?
Sinto, nesta fase da minha vida, que quase não construí nada: uma carreira de verdadeiro valor, uma família que seja minha...
Como se tivesse falhado em todos os passos para se dizer que se viveu: plantar uma árvore, ter um filho e escrever um livro.


Parece idiota, mas é um legado que não deixo.
Eu morro e tudo morre comigo.
É como se eu nunca por aqui tivesse passado.
Não deixo nada verdadeiramente meu. 


Excepto o meu amor.
 

Um amor incondicional às minhas pessoas.
Um amor maior que eu.
Um amor que não se mede e que espero preencha, pelo menos, um pouquinho do coração de quem em mim habita.
 

E é tão pouco e insuficiente e parece que não vale a pena porque quando eu me for, não há nada palpável de mim.
 

E acho que tenho que deixar algo de mim. Uma espécie de recordação perpétua do meu ser e neste momento não há nada... Só dias de vida.
Acho que é a isto que se chama "crise de meia idade", só pode!
Até agora vivi muito bem com todas as minhas escolhas e não sei porque agora as questiono...
Acho que no fundo, não passo de uma simples mulher, que afinal se deixa pressionar pelas expectativas sociais, pelos sonhos que nos incutem.
 

Talvez se tivesse casado, se tivesse um filho, um jardim e uma árvore, não me sentisse tão vazia.
Ou talvez estivesse assim, igualmente perdida e a questionar a minha vida...



2018.02.13

Quando sentes que morres


Quando sentes que morres...

A noite mostra-se igual ao dia: fria, chuvosa e escura, negra como a minha alma.
Hoje não há nada mais que o silêncio.
O silêncio do vazio em que vivo.
O silêncio do nada que domina a minha vida.
É como se nada existisse, nada tivesse vivido, sentido, dito ou feito.

Nada.

Um vazio espelho da minha vida. Não há legado que deixe. Não há feitos de que alguém, algum dia, no meu leito de morte, referencie, recorde ou enalteça.

Não, nada.

Só esta vívida sensação de ver os dias passar. Um seguido do outro, sempre iguais.
Até o cansaço desistiu de se fazer sentir. Não há revolta em mim.
Não há vontade ou sonhos.
Somente esta sensação de total fracasso.
Não é vazio, é fracasso.
Para com os que amo, os que me amam e para comigo.
Nunca fui de criticar, sempre fui de compreender e aceitar, às vezes até de perdoar.
Hoje, sou tudo o que abomino nos outros: fraca quando coloco o amor à frente do orgulho; fraca quando acredito que as pessoas podem mudar.
 

Mimada,tenho ouvido com frequência. E que amuo quando não tenho o que quero ou como quero; infantil portanto.
A verdade é que é verdade.
Sou o invólucro de uma mulher que não existe. Como se tudo o que fiz e o que sou está errado ou não é verdadeiro, sentido. A ideia que criei de mim, de mulher independente, adulta, madura, nada egoísta, compreensiva e até inteligente e sensual, desmoronou.

Perdi-me. Não está aqui, não é esta que vejo quando olho ao espelho.

Perdi-me. Não me reconheço. Não sei quem sou hoje ou quem serei amanhã.

O que fui ontem morreu e o fracasso, o vazio, o silêncio e o nada é o que impera em mim.



2018.01.05

Medo

É noite e não se vêem as estrelas brilhantes no céu.
Chove. Chove num qualquer típico mês de Dezembro. Cai, há horas, uma chuva constante e fria, como uma canção de embalar que nos entorpece os sentidos.
Chove e não há pessoas na rua. Não há sinal de vida activa. Não há sons que me digam que o dia está prestes a chegar.
 
Tudo está adormecido.
 
Não há cheiro a flores no ar e há muito que o cheiro a terra quente e molhada se foi. Não há jasmim no jardim, as folhas já não balançam ao sabor do vento nas árvores pois jazem no chão, esquecidas, sem cor e sem vida.
 
Tudo está adormecido.
 
Até aqui, dentro do meu quarto, dentro de mim.
Apesar dos olhos abertos, apesar de acordada, estou adormecida.
Adormecida, na esperança que o tempo que teima em passar, de repente, parasse e se suspendesse. E eu, dormente no sentir e no pensar, apenas aguardasse que o tempo voltasse a ter vontade de passar e de correr no seu normal passo e aí, só nesse momento, eu acordasse e regressasse ao que é o meu viver.
 
Mas o tempo não se compadece comigo. Não me obedece e passa sem complacência alguma e, sendo quase dia, prova que eu não há forma de suspender o seu passar.
E o tempo passa, depressa e indiferente ao meu querer. E eu queria que ele parasse, que não me trouxesse as mudanças que se avizinham.
Que me permitisse vivê-lo sempre da mesma maneira: tranquila e rotineira.
Mas não, o tempo não pára e a cada dia que passa o tempo para a mudança é mais escasso.
 
E a mudança assusta-me.
 
O inesperado, o incerto, a perda da aparente segurança assusta-me.
Eu não quero que o tempo pare, eu quero não ter medo do que me espera.
Eu quero ter força para acreditar e esperança para enfrentar o que o futuro me reserva.
 
Mas a mudança assusta-me.
 
E é este medo que me impede de ver o meu valor, de ver que, até hoje, nunca falhei a mim própria, nunca me corrompi e sempre me superei.
É o medo que me comanda hoje...
Amanhã tudo será diferente e o que será apenas com o tempo poderei saber. E cá dentro, bem no fundo de mim, bem no âmago do meu ser, sei que será melhor.
Eu sei sempre quando tenho de mudar, quando já não tenho nada a aprender ou a ensinar naquele lugar, com aquelas pessoas...
E há muito que o sei.
E há muito que devia ter impulsionado a minha mudança. E quando não o fazemos por iniciativa própria, é-nos imposta.
Há que Crescer, Evoluir, tornar-me melhor para e com os outros.
 
Mas isso assusta.
 
Saber que o que temos não nos chega, não nos preenche, não nos deixa Viver de forma plena e que temos que avançar, mudar e não se sabe bem como, assusta.
Principalmente quando há quem dependa de nós. Apesar de nos incentivarem, de nos acompanharem, de, acima de tudo e todos, em nós acreditarem e confiarem.
Decisões que nos viram a vida ao contrário, assustam.
E é o medo que me comanda hoje.
E eu queria que o tempo apenas parasse até que o medo me soltasse e abandonasse...


2017.12.15

Páginas


O dia já se deu por vencido e cedeu o seu lugar ao negro da noite.
Há vento a acompanhar a sua partida.
Um vento demasiadamente ameno para um qualquer dia de finais de Novembro.
Não há vontade de ceder às vitrines das lojas enfeitadas com as cores e adereços típicos de Natal. Não há espírito para nos perdermos no descontrolo das compras, das prendas e das lembranças (a)típicas habituais.
Nas ruas os passos não se apressam para regressar a casa, tudo é compassado e tudo acontece como todos os dias, num ritmo que nos entorpece os sentidos e em que hoje é igual ao ontem e será igual ao amanhã. Uma cadência que não se sente, que passa por nós sem fazer mossa, sem se fazer ver, ouvir ou sentir.
 
Um dia após o outro. Iguais, em nada divergentes, em tudo indiferentes.
 
Um virar de páginas vazias. Não aproveitadas. Perdidas. De nada escritas. De nada preenchidas, senão de fúteis banalidades.
 
E eu, aqui dentro de mim, sou tão mais que este vulgar passar de tempo. Carregada de sentimento. Imersa em vontades. Cheia de um milhão de pensamentos.
 
Plenamente confiante de que as minhas páginas não se perdem no branco do tempo corrido.
 
Aqui, dentro de mim, faço, a cada dia, o exercício de preencher o meu livro, a minha vida.
2017.11.22

Vício


O sabor
Da pele molhada,
Do corpo salgado
Depois de te amar. 

O cheiro
Do teu corpo
Misturado no meu
Depois de te abraçar.

O sabor
Da tua língua na minha,
Das bocas unidas
Depois de te beijar.

O cheiro
Do teu sexo no meu,
Do culminar da fantasia,
Depois de me te entregar...

O tremer do corpo,
A sofreguidão de te ter,
A ofegante calmaria depois de,
Em mim,
Te receber,
É o que me vicia.
Ter-te,
Pertencer-te,
Dar-me e receber-te,
É o que me vicia.


2017.11.06

Apenas livre






A noite ainda reina, se bem que apenas por mais uns minutos. As estrelas já não se mostram no céu, envergonhadas pela luz de um sol que começa, por detrás da colina, a brilhar.
Na roseira, as pétalas já gastas ganham um novo tom, mais vivo, mais forte, à custa das gotas do orvalho.
Os pássaros ainda não cantam, mantêm-se resguardado, suspensos nos ramos das árvores, à espera que a vida (re)comece.

Assim como eu.

Aqui, dentro destas quatro paredes; dentro desta carne, confinada.

Presa. Ao ritmo das horas e do correr dos dias, das obrigações e compromissos que me dominam a vida.
Presa. Ao respirar e ao correr do sangue, cadenciados, quase imperceptíveis, quase incontroláveis.
Presa, em ambos os sentidos, metafórica e literalmente.

Apenas livre por poder vaguear até onde o corpo puder.
Apenas livre nos momentos em que a mente, se ainda tiver força, se ainda tiver esperança, ainda quiser acreditar...

Aqui dentro a noite ainda se faz sentir, mesmo sem o habitual sonhar, mesmo sem o necessário dormir.
 
 
2017.08.16

Já fui



Sabes,
Já fui uma mulher desprezada. Das que ficam em casa, sós, abandonadas ao seu próprio desprezo. E sim, desprezei-me por me deixar arrastar num tempo (quase) infindável de dias sem apego, num existir de apenas (sobre)vivência forçada.

Sabes,
Já fui uma mulher desprezível. Das que se condenam à boca cheia pela vergonha alheia. Não é suposto viver uma vida dupla, mesmo que não se chegue a concretizar o acto. Não é suposto chegarmos a apaixonarmo-nos enquanto não se resolve o que está para trás. Não é suposto que algo se sobreponha à opção do compromisso, mesmo que se esteja sozinha, abandonada ou desprezada. Não há desculpa para tal escape, para conversas que nos façam olhar para nós como alguém desejável, excitante e interessante. Depois do compromisso assumido a vida morre ali: aos olhos dos outros, se isso não acontecer, seremos sempre desprezíveis. Num primeiro impacto, num primeiro olhar, numa primeira perspectiva seremos sempre traidoras, culpadas, putas e, portanto, desprezíveis.

Sabes,
Agora não me importa o que pensam, se me condenam ou elevam.
Agora importa-me olhar no espelho e saber que sou fiel a quem realmente interessa: a mim. Ao que sou, ao que quero, ao que amo e ao que me desespera, ao que não desejo e ao que me faz vibrar. E não tenho vergonha do que sou, do que fiz, do que senti ou desejei, do que disse ou nunca verbalizei.

Sabes,
Agora gosto-me mais do que alguma vez me gostei. Com todas as minhas perfeitas imperfeições.
 
 
2017.08.12

Se os meus olhos falassem

Se os meus olhos falassem o que diriam?

Que as salgadas lágrimas que deles brotam são de dores ou alegrias?

De todos os momentos em que o sol, apesar de brilhar, não me aquecia o coração, não me chegava à alma.

De cada vez em que recordo a minha mãe e sei que o seu abraço era único e que sou privilegiada por ainda não ter esquecido o seu cheiro, o calor do seu corpo.

Naquele instante em que te olho, meu amor, e não resisto à felicidade que é tu me amares e como perfeita me veres e sentires.

Se os meus olhos falassem diriam que a cada dia há um sentir diverso, um ver diferente.

Há um sonho que morre e uma esperança que nasce.

Há lágrimas que quase me matam e outras que me renovam.

Se os meus olhos falassem diriam que eu simplesmente vivo!


2017.08.07

Tão simplesmente

 
Há dias em que me sinto pequena.
Uma mulher pequena, com uma alma pequena, a viver uma vida pequena.
 
Pequena na verdadeira essência da palavra.
Pequena de sentimentos, de vontades, de acções.
 
Em que sinto que não passo de alguém que sabe apenas sobreviver. Um dia de cada vez.
Em que a felicidade é efectivamente efémera e o dia a dia é cheio de pequenas e vazias situações que acabam por encher(me) de penas e dores.
Em que tudo me esgota.
Em que as forças de olhar o dia como algo novo não passa de uma mera ilusão.
 
E eu canso-me. Demasiadamente depressa.
E deixo de sonhar, de querer alcançar e invade-me esta sensação de (quase) desistir.
 
Não há sol que brilhe o suficiente.
Não há flor em que o perfume me inebrie o suficiente.
Nada é suficiente. Nada chega para inundar o vazio que se apodera do corpo, da alma e da mente.
 
Um passar de horas igual ao de ontem.
 
Isto tão somente.
 
Um mundo pequeno, de dias imensamente longos.
Uma vida pequena, sem grandes feitos, com a sensação de não deixar, legar, ensinar nada.
 
Isto tão simplesmente.
 
 
2017.08.06

Mundo

A noite já domina há muito as cores do céu e o sol já se perdeu, faz horas, por trás da linha do horizonte.

O silêncio domina a rua, agora vazia de gente, sem o cantar dos pássaros e o riso das crianças.

Aqui dentro não há silêncio que resista.

Aqui dentro do meu peito há um ardor que me queima.

Um aperto que me esmaga. A Alma.

Nos dias que correm, onde a informação voa de forma inimaginável penso: como é possível?

Como é possível que em pleno século XXI ainda há tanta fome, tanta xenofobia, tanto desprezo para com o Ser Humano, para com os animais?

É desolador ver as notícias.

É desolador saber o que se passa pelo Mundo.

É desolador de uma forma que me sufoca o respirar. De uma forma que não contenho as lágrimas. De uma forma que me sinto de tal forma impotente que me dói cá dentro, que me dilacera como uma faca.

E depois, olho para o "meu mundo" e vejo como sou uma mulher de sorte. Como as pessoas que me rodeiam são boas, simples e com um coração enorme.

Vejo que tenho tudo, que ainda posso olhar o Mundo e, no meio de tanta feiura, sentir que ainda há esperança. Que o céu azul ainda me faz sonhar, que o mar será eternamente salgado e igual às nossas lágrimas. Que ainda podemos mudar algo e que a maldade, o egoísmo e a falsidade serão, um dia, apenas uma lembrança de um sonho menos bom.



2017.07.25

Perfeito

Desejo-te
Com a vontade que se mostra,
Com o querer que se sente,
Com todo o fervor de um corpo que estremece.

Penso-te
É vivo momentos passados,
De novo ansiados,
De um toque que vibra
Dentro do peito,
Dentro do corpo,
Dentro do sexo que,
Por ti,
Se humidifica.

Espero-te
No local onde sempre nos amamos,
Sem poiso certo,
Sem hora marcada,
Sem previstos combinados.
No inesperado instante
De um desejo em crescendo,
Incontrolado,
Imprevisto,
Lento ou rápido,
Mas que seja satisfeito,
Concretizado e em prazer liquefeito
De um qualquer perfeito momento.


2017.07.24

Tremor






Há um tremor,
Suave, quase imperceptível
Dentro de mim.
 
Um tremor
Que vai aumentando
A cada lembrança do teu odor,
A cada recordar do teu toque na minha pele,
A cada memória do gosto do teu beijo na minha boca.
 
Um tremor
Que se transforma em arrepio,
Que cresce em forma de desejo,
De uma insana vontade
De para ti me abrir,
De a ti me entregar
E de o teu sexo no meu
Te sentir a penetrar.
 
Uma e outra e outra vez.

Até ao prazer sem medida,
Sem comparação,
Me (te) render...
 
 
2017.07.16

Orgulho






Só queria que tivesses orgulho em mim.
Que quisesses espalhar aos 7 ventos que sou tua, que és meu, que mais ninguém te deixaria de peito cheio como eu.
Que quisesses mostrar ao Mundo como te aguço o intelecto, como te desperto o pensamento, como te faço, a cada dia ir mais além.

Além do evidente.
Além do imediato.
Do corriqueiro e do fácil...

Engano meu.
Engano meu imaginar que sou diferente das outras.
Que sou mais inteligente. Mais capaz intelectualmente. Mais humorada, mais sarcástica.

Não passo de uma mulher igual às outras: em que o encanto já passou, em que o inesperado se tornou expectável, em que o diferente se tornou banal...
E nas outras, que agora te despertam a atenção, vejo tanto de mim que já não vês aqui.

Um orgulho na diferença que se torna imperceptível, inexistente aos teus olhos.
Já não há em mim palavras que te despertem a atenção.



2017.06.16