A noite há muito que se impôs. No céu não há lua e as estrelas brilham, longínquas e num ténue cintilar. Há uma névoa no ar que impede que se vejam com a clareza necessária.
Tal como aqui, dentro de mim.
Há coisas que não se vêem e no entanto passam por nós, dão-nos sinais. Mas às vezes estamos como a noite de hoje: com a visão turva. A visão da mente, do pensamento, do raciocínio e das decisões. Turva. Nebulada. Sem perspectivas. Como se uma cortina tapasse o futuro.
Mas o futuro é sempre uma incógnita.
Mas umas vezes mais incerto que outras.
Mas a vida é isto: um caminho que se faz a cada passo no incerto.
Não depende só de nós. E nós não temos todas as cartas na mão para, mediante a necessidade de decisão, podermos escolher avançar ou recuar ou apenas esperar sem se mover.
Vamos tendo sinais, dicas, reais ou instintivas, de que caminho seguir, como as guias brancas numa estrada que nos permitem avançar sem sair do caminho. Lenta e num misto de receio e confiança.
Sim, a noite está envolvida em névoa feita mistério. E a minha mente, está cega, sem conseguir prever o dia que o amanhã vai trazer. E as decisões que me vai obrigar a fazer.
Cat.
2019.05.24
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