A noite é senhora do momento, impera negra e sombria,
apenas abraçada por fugazes luzes de carros que passam num quase voar onde a
chuva antecipa o seu chegar num ruído ritmico e sem compasso.
Cruzo-me por transeuntes que não têm rosto ou forma tão
escondidos que estão nas suas vestes pesadas e quentes de Inverno.
E sinto.
E tudo parece parar em meu redor.
E inspiro. E sinto de novo.
A tentação de rodar o olhar é mais forte e caio num
pecado que nada tem de culpado.
O corpo estremece de um lado ao outro, dos tornozelos ao
pescoço e a pele, a pele arrepia-se como se fosse tocada daquela forma que
poucos, que apenas tu sabes.
Os lábios entreabrem-se e o vapor quente do meu corpo faz
sinais de fumos ao ritmo da língua como se te provasse na minha boca.
E sinto.
O cheiro que sendo teu não é o teu odor e que me
recorda desta forma intensa e imensa, em apenas breves segundos, como é te
amar, te sentir e te desejar.14/12/2012