sábado, 12 de março de 2022

Mais negros


O dia vai a meio das suas horas, o sol está mais quente do que o habitual para um dia de Primavera e as pessoas sorriem com os olhos. Pelo menos assim me parece.
Os pássaros banham-se e bebericam da fonte na praça, alheios a toda esta (a)normalidade em que vivemos nestes últimos tempos.
Ainda bem. Ainda bem que há pássaros felizes e que (en)cantam.
No entanto, cá dentro, do meu peito, no meu coração e nos meus pensamentos há confusão.
Sim, há uma infinidade de sentimentos que me deixam num limbo, numa bipolaridade que me desconcerta ainda mais.
Hoje há nostalgia.
Hoje há memórias boas, felizes.
Hoje há lembranças tristes, de me fazerem caur lágrimas pelas faces do rosto...
Sou grata pela vida, pelo sol e pela chuva, pelo mar salgado e o cheiro das laranjeiras em flor.
Sou grata pelas pessoas que tanto me ensinam.
Mas há, num canto de mim, algo que me assola de quando em vez: a partida definitiva de quem amamos.
Por muito que acredite que estarão melhor fazem-me falta e o meu egoísmo deseja-os cá. Para me abraçarem. Para me amarem incondicionalmente. Para me sentir menos vazia, menos... Sei lá o quê.
A ausência é dolorosa e demora a aceitar...
Hoje estou assim, num misto de pensamentos, confusos e mais negros que luminosos.

Cat.
2021.04.16

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