quarta-feira, 30 de maio de 2012

Deita-te


Deita-te,
Fecha os olhos,
Deixa-te levar pelo que sentes,
Não penses,
Não deduzas,
Não antecipes...
Sente apenas,
Pele que reage,
Arrepio que te invade,
Ao deslizar de um dedo,
De lábios quentes,
De língua molhada,
Que em ti vai passeando.
Sente-me o gosto na tua boca,
Deixa-me invadi-la,
Misturar-nos os sabores.
Deixa-te por mim provar,
Sem que te mexas,
Sem que tentes perceber,
Apenas entrega a este imenso prazer
De te dares ao meu te tocar,
Te saborear,
Te querer.
Deita-te,
Deixa-me te receber...

Prende-me


Prende-me!
Aqui, a ti, em ti.
Não deixes que te fuja,
Não permitas que as horas vazias
Em que não estás
Me levem qual folha no vento
Desprendida da árvore que a alimenta,
Solta, perdida,
Depressa esquecida, substituida.

Prende-me!
Nos teus braços
Com fitas carmim,
Em amarras criadas de laços
Que deslizam em mim,
Como os teus dedos
Na pele que te pertence,
No corpo que conheces,
Num sentir que me enlouquece.

Prende-me!
No teu beijo
Que tem esse teu gosto
Que me invade a boca,
Que na minha encaixa perfeita,
E que nela se movimenta,
De forma rápida, intensa ou lenta,
Que nos meus lábios desliza,
Que me molha de saliva...

Prende-me!
Neste sentir de te querer partilhar o viver,
Neste desejo de todos os dias te ver,
Te saber, te ouvir e poder tocar.
De contigo querer saber o sabor dos dias abraçados
Em horas que lentas passam.

Prende-me!
Quero-te ao meu lado,
Quero-te comigo,
Quero-me contigo,
Quero que me enchas o vazio dos dias,
Que me preenchas as páginas deste livro que é o viver,

Prende-me assim,
Numa história cheia de sentir...


30.05.2012

terça-feira, 29 de maio de 2012

Largar...


Vou fugir-te como areia por entre os dedos das mãos frias do sol que não aquece como nas noites de Verão.

Vou esgueirar-me como um animal furtivo na noite quente de luar que abafa o brilho das estrelas.
Vou-te escapar como uma sereia das redes do homem que encanta com seu cantar de mel.
Vou-te abandonar, sem dó sem pena ou misericórdia nessa cama onde o teu corpo deitado descansa após uma longa noite sem parar de me amar.
Vou-te deixar quando o teu corpo já não aguentar o embalo do sono, do querer dormitar, e já não me olhar as formas que foram tuas em pele molhada de sal suado, partilhado em toques de mãos e línguas e beijos
trocados.

Vou-te largar, assim, sem te avisar, sem te beijar ou dizer ate logo, para mais tarde regressar e te sentir voltar-me a desejar.

2012/05/28

Tua...

Sou tua,
De corpo e alma,
De beijo e gosto,
De toque e calor,
De pele e sentimento.
Sou tua
Sem medo ou receio,
Sem questoes ou respostas,
Sem duvidas ou incertezas.
Sou tua
Por completo,
Por inteiro,
Porque te quero e te desejo,
Porque me preenches os devaneios,
Porque me fazes viva a cada momento,
A cada inspirar deste ar que me rodeia.
Sou tua,
Quero que me tomes,
Que me proves de todas as formas,
Que me seduzas e me forces,
Que me domines e provoques,
Que me facas escrava dos teus prazeres,
Que me des tudo que mais quiseres!
Sou tua
Faz de mim a tua deusa,
Idolatrada, desejada,
Faz-me todas as vontades!
Da-me a tua entrega anunciada,
Larga-te em mim, a minha insana loucura,
Faz-te meu como eu sou tua!

2012/05/27

Mais longe...




Quando deito o corpo cansado das horas lentas do dia perdido em corropios sem sentido, penso em ti. Penso como a tua voz em mim entra, sussurrando em tom alto e me acalma o pensar, o frenético pensar sem sentido, sem nexo, das casualidaes feitas complicações por motivos menores que nada. 
E ouço-te falar-me ao ouvido. Palavras que não são de amor, são de tudo menos isso. E ouço-te calada, deliciada com o teu falar que fazem os teus olhos brilhar. 
E penso no teu olhar no meu te ver e estás aqui, a meu lado deitado, olhando-me nos olhos e perdendo-me nos teus que me invadem a alma e, não precisas perguntar porque te falo por eles, envergonhada de tão facilmente me saberes. 
E o teu cheiro invade-me o corpo e o teu beijo enche-me a boca do teu sabor. 
E como gosto do teu beijo, como me vendo de corpo inteiro com o toque dos nossos lábios, com a tua língua lambendo a minha... 
É à noite, quando o mundo se cala, nas horas escuras de lua clara, que mais te penso e em mim mais te sinto, quase real aqui do meu lado. 
E quando a luz da realidade me acorda do sonho, sinto-te mais longe que no início...

2012/05/27

Vem..


Vem!
Quero sentir o olhar pousado em mim,
Lascivo, carregado de vontade, vem!
Quero saber a que sabe o beijo
Desses lábios rubros, vermelhos, vem!
Quero sentir o calor do teu peito
Quando o meu em ti se encostar.
Vem!
Quero deslizar-te a língua na pele,
Molhar-te e deixar-te este gosto,
Sabor doce que e o meu, vem!
Deixa-me provar-te,
Sentir-te inteiro ao meu ritmo,
Ao meu desejo,
Ao meu prazer.
Vem! Quero-te meu...

2012/05/25

Silêncio VIII

 
 
 
 
O silêncio que mata palavras que nunca dissemos, que jamais ousamos proferir. Palavras que agora calo num silêncio que grita na mente, no pensamento que não se ausenta da tua ausência, do teu silêncio. Um silêncio que não quero mas que insiste em se apoderar de mim esvaziando-me de sentimentos que sinto, enchendo-me de sentires que não sinto. E que não são meus. São desse silêncio que não fala as minhas palavras, que se mostra indiferente ao que não quero que ele diga. Este é o teu silêncio, que me gritas desse lado que não é o teu sentir, desse lado que não é o teu querer. O teu silêncio que fala apenas da minha ausência, da minha falta em ti. E o que quero é o não silêncio do teu querer, do teu sentir e do meu...
 
2012/05/24

quinta-feira, 24 de maio de 2012

O tempo...



E o tempo que passa lento e demorado, que não se escapa por entre os dedos, que não corre ao encontro dos sonhos e desejos, das vontades e quereres.E eu quero-te. Muito. Não sei como, não sei porquê, mas sei que te quero. Quero-te em mim. Nos meus dias. Nas minhas horas, que quando são nossas fazes passar pequenas, rápidas, demasiado rápidas. Fugazes contrárias aos dias que não passam. E para ti passam demasiado rápidos. Demasiados dias. Demasiadas horas. Tempos que temos, vemos, sentimos diferentes. E dizes-me que entendes, que agora percebeste. Olha-me nos olhos. Fala-me nos lábios. Sente-me na pele. Compreende-me o pensar que está suspenso neste ar que me sufoca, que me enche e não me faz respirar e aumenta este durar de tempo imenso de não viver. E está nas minhas mãos. E eu quero viver, em ti, por ti...

24/05/2012

Silêncio VII



O silêncio que mata palavras que nunca dissemos, que jamais ousamos proferir. Palavras que agora calo num silêncio que grita na mente, no pensamento que não se ausenta da tua ausência, do teu silêncio.

Um silêncio que não quero mas que insiste em se apoderar de mim esvaziando-me de sentimentos que sinto, enchendo-me de sentires que não sinto. E que não são meus. São desses silêncios que não falam as minhas palavras, que se mostram indiferentes ao que não quero que ele diga. 

Este é o teu silêncio, que me gritas desse lado que não é o teu sentir, desse lado que não é o teu querer. O teu silêncio que fala apenas da minha ausência, da minha falta em ti. 

E o que quero é o não silêncio do teu querer, do teu sentir e do meu.


25.05.2012

Esse teu calor...



O dia nasce quente, aquele quente de final de Primavera, em que o hibiscos ja enfeitam os jardins e nos sussuram que o Verão não tarda a chegar.

As andorinhas fazem voos rasantes, bebericando no riacho de águas límpidas e pouco profundas.

E eu deitada, neste calor que não é meu, que é do dia que corre lá fora, e que foi o teu na noite que agora acorda.
Calor de corpos, dois, o meu e o teu, que se unem, formando um só, entrelaçados.
Encaixados tu em mim, amarrados eu em ti.

E ondulamos, como ondas num rio sereno, que se precipitam em direcção ao mar, em rítmos que aumentam, que num ápice são corrente de gotas de mar salgado em peles que se beijam.

E eu beberico dessa tua água que não me mata a sede, que me vicia numa dependência desse teu sabor, desse teu calor...

2012/05/24

O caminho...


E o caminho faz-se a cada dia, a cada hora e em cada minuto à medida que as águas do rio sobem ou descem, invadem ou se deixam invadir pelas ondas do mar.O meu passar por estes dias, ao sabor de um vento que jamais se sente na pele branca que é minha, qual tela estendida à espera do teu pincelar suave e doce como a brisa que vem do mar, é assim, um suave balouçar em águas que pouco oscilam, que n...ão se agitam com a chegada do vento forte, frio ou quente.Águas paradas em mim, qual sangue que correndo não corre, qual sentir que sentindo não vibra, não me acorda o corpo e a mente dormentes de tantas ondas que não ondulam, que me toldam, que me atormentam sem me fazerem viver. E eu quero viver. Quero sentir-te o sabor, quero que me pintes de cores rubras que são de amor, quero sentir em mim esse louco e intenso torpor de não sentir qualquer pudor.
E o meu caminho faz-se a cada dia, na direcção do teu...

2012/05/23

quarta-feira, 23 de maio de 2012

Neste corpo...


E a vontade invade-me a mente,
Lembranças de beijos,
De bocas que se tocam,
De línguas que se entrelaçam,
Que se provam,
Que se lambem.
Mãos que se tocam
Em corpos que sempre se descobrem,
Dedos que deslizam,
Que se fazem sentir sempre novos,
Sempre de forma diversa,
E quando me invadem perco a razão,
O pensar, a lucidez.
E o teu corpo junto ao meu
É dança a dois num único movimento,
E a minha boca murmura palavras intensas,
Gemidos de prazer que jamais quero conter,
Que quero libertos,
Sem medos ou receios,
Em teu corpo que me invade o ventre,
Em ritmos intensos e compassados,
Que me sacodem cá dentro
E me fazem vibrar nesta louca entrega
Que é nossa, minha e tua.
E o calor do teu prazer,
Molha-me a pele quente,
E o teu cheiro e o teu sabor
Marcam-me,
Intensos e tão profundamente
Que os sinto em mim ainda.
Aqui, neste corpo que não te esquece...

2012/05/22

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Imperfeitamente vazia...

Hoje o dia, apesar de brilhar o sol, de ser quente o seu calor, se fazer brilhar as águas do rio que corre lento, agitado pela brisa fria que me seca os lábios, é noite em mim.Uma noite sem lua, sem luz, sem estrelas para brilhar no meu caminho.Um vazio apodera-se de mim. Um nada que me preenche, que me enche a alma e aperta o peito.Sim, um aperto no peito feito sufoco que tento libertar, do qual ...me quero largar e nada... Nada sai da minha boca. Apenas o vazio de palavras que não digo, que não sei quais são, que são vazias porque vazia eu estou.Vazia de mim. Tento libertar-me e analisar o que não tem análise. Como que classificam sentimentos? Como se colocam em patamares? Como se compartimentarizam? Como?E estou cheia deles, aqui, acumulados em mim, num frenezim que não pára, que não se detém, que não me largam o pensar que é confuso e disperso.E no meio de tanto pensar sem a conclusão alguma chegar, sinto-me vazia. Incompleta. Imperfeita. Imperfeitamente vazia...

2012/05/21

E o corpo reage...



E o meu corpo reage quando te aproximas. Quando o teu cheiro me invade os sentidos e a tua voz me comanda os pensamentos.
E a minha pela arrepia-se ao teu primeiro toque, suave no ombro, deslizando e eu estremeço de vontades.
Vontades que lês nos meus olhos, que sentes no toque de lábios que se encaixam nos teus, em que a língua tua lambe a minha.
Desejo que desças sem pudor, que me percorras toda a pele, que me saboreies cada poro, que me deixes com teu gosto, com tua saliva molhada em mim.
Molhada me deixas apenas assim, com essa boca louca, sedenta em mim, em que meus seios sugas em louco frenezim.
E já não me controlo, nem mente, nem corpo, sou tua por completo, em tuas mãos me entrego para teu e meu prazer.
E quero mais, quero-te em mim, sempre assim, vezes sem fim.

sábado, 19 de maio de 2012

Arrepias-me...


Arrepias-me
Como se um vento gelado
No meu rosto roçasse,
Afagando-me e reconfortando-me.
Arrepias-me
Como se uma gota de água
Na minha pele deslizasse,
Deixando caminhos novos em mim.
Arrepias-me
Só de te pensar,
De o teu gosto relembrar,
De como as nossas línguas se entrelaçam
Sem guiões escritos,
De como se encaixam,
Perfeitas,
As bocas num beijo.
De como os teus braços me envolvem
E as tuas mãos me tocam,
Me apertam,
Me descobrem,
Me segredam vontades que o corpo pede.
Arrepias-me
Mesmo sem me tocar,
Sem aqui ao meu lado estar
E faço, satisfazendo o desejo insano,
Dos meus os dedos teus...

Obrigada pela inspiração: Watermelon Colya

2012/05/19

sexta-feira, 18 de maio de 2012

Suave acordar...


Suave o acordar entre lençóis quentes de uma cama onde o sol acaba de entrar. Pinceladas de cor em dia de pouco e fraco calor que, por entre as folhas e as flores de jasmim, desenham a minha pele.
Desnuda, sem lençóis em mim, deixo-me pintar dessa cor desmaiada e esbatida e imagino que são teus dedos cobertos de cores que em mim, por ti criadas, são só nossas. Cores que têm cheiro, cheiro teu e meu por inteiro, que não se separam, que se unem, que são únicas e jamais se imitam. Cheiro de te ter em mim, da entrega total a ti, que acaba no corpo, em arrepios de pele, em ondas que de meu ventre nascem quando em mim te afundas e fundes, mas que começa na alma, no olhar e nessa chama que arde intensa apenas com o teu calor.

2012.05.18

Gotas...


A hora dos sonhos aproxima-se suave, gentil e dócil como o fechar de pálpebras. A lua não mostra o seu brilho, tímida esconde-se por trás de nuvens de gotas de água que hão-de cair e fazer atenuar o calor que se faz sentir.

Gotas de água que em sonho sinto deslizarem-me no corpo, mornas desenhando formas e silhuetas de de dedos e bocas que juntas ficam completas. Gotas arrepiando a pele quente deste calor que me invade.

Gotas que na boca minha têm o sal do sabor teu, que depois de secas deixarão em mim, a marca do teu cheiro, do teu intenso e irresístivel odor. Gotas de gostos de línguas que se cruzam e enlaçam, que se lambem e provam, que me deixam com vontade de não me conter, de me perder e inteiro te sorver.


18.05.2012

Corre lento...


O dia hoje corre lento, como o rio que passa em direcção ao mar, enchendo-o de toda a sua água, misturando-se no mar de sal.Sentindo-se o aroma do mar que o recebe, num dia sem sol e sem chuva, sem calor e sem frio, sem cor e sem arco-iris.Lento. Demasiado lento, sem sabores de frutos no ar, sem cheiro de flores na brisa que hoje, teima em não passar. Como o meu amor por ti, sem destino, em velocid...ade de cruzeiro num rio que não tem água límpida, que é turva, sem saber o futuro, sem saber o que vai acontecer.Como todo o meu desejo, suspenso num tempo sem tempo. Num tempo que não tem fim e não teve começo.Um tempo em que apenas te quero manter em mim, sentir-me preenchida por ti, assim, toda e completamente cheia de ti. Sem ondular, sem balançar, num suave deslizar.Quero que me sopres o teu vento, que faças ondular-me o pensamento, que me faças viver de forma intensa, que me faças borbulhar de sentimentos, ferver o sangue nas veias, aumentar-me o respirar!
Quero que me tomes em teu braços, que me envolvas como um mar revolto, que me faças mergulhar num mundo de cores e sabores, de sons e odores que nunca senti, que nunca pensei existirem. Quero que me faças tua, que me leves em ti e me mostres a luz intensa, branca na pele, dessa lua que é dona da noite. Toma-me a essa luz e à luz do dia, do sol quente de Verão ou morno na praia vazia de cheiro a Outono.
Alimenta-me de vida!
2012/05/14

segunda-feira, 14 de maio de 2012

Calor...


Calor que se sente na rua, que invade a noite, flores que se abrem e libertam a este quente ar os seus intensos odores.
Calor que se sente nos corpos, que se libertam de roupas pesadas, que agora são leves, curtas e esvoaçam na suave brisa de cheiro a laranjeira.
E o meu corpo não arrefece, mesmo liberto de tudo o que o cobre, mesmo desnudo quase por inteiro o calor me invade. Cresce em mim a medida que penso em ti. Aumenta, sobe, quase explode de tanto te querer. De tanto te querer sentir, provar e ter.
Calor imenso este que me percorre a pele, que a faz gotejar desse intenso desejo de te poder amar. Calor que me queima por baixo da pele, que me percorre as veias e me faz sentir-te quase o sabor, o teu calor, o teu suor, o teu prazer...
Louco calor que me endoidece, que me desperta os sentidos num torpor descontrolado, desejo insano...
Calor em corpo meu que é teu, para te deliciar...


2012.05.13

Apeteces-me...


Apeteces-me!
Como nunca até hoje! Apeteces-me como jamais alguma vez me apeteceu algo ou alguém. Aquela urgência de te saber, de te ter e sentir. Um apetite de ti, uma vontade de nos, espelhado neste apetecer em mim.
Apeteces-me!
Se fosse possível ver-te agora, seria impossível não me atirar nos teus braços, não mergulhar a minha língua na tua boca num salto simples de quem deseja desta forma intensa, louca e imensa, e beijar-te sofregamente até que o ar acabasse e tivesse de parar para respirar. Seria inevitável o disparar do coração, o abraçar com mão na mão, o apertar-te e sentir-te real.
Apeteces-me!
Não para me cobrires o corpo de beijos, de suaves ou mais intensos toques dependendo da vontade, de te dares e seres meu, de fazeres cumprir os teus mais ínfimos e íntimos desejos, nessa cama onde nos daremos, nos entregaremos ao pecado de saber o que é entrega sem receios.
Nao!
Apeteces-me por inteiro! Completo! Com virtudes e todos os teus defeitos que ainda vou descobrir porque ninguem e perfeito! E eu nao te quero senao como es, sem mascaras, sem medos, sem qualquer tipo de segredos!
Apeteces-me tanto, tanto! Porque demoras?

2012.05.12

Já começou

Gosto quando acordo e o dia já começou, já se sente o reboliço dos catraios a correr atrás de uma qualquer velha e esfarrapada bola de futebol. Quando as mães lhes fazem as últimas recomendações antes de entrarem no portão da escola e os obrigarem a largar o entusiasmo temporário dos 10 minutos de louca correria, imaginando-se os Ronaldos e Messis de amanhã, apenas para lhes entregarem o lanche da manhã. Gosto de ouvir os bons dias de quem passa na rua e reconhece o vizinho que foi à mercearia ao fundo da rua e fala das alfaces que algum outro, lá mais no fundo da rua vende e são as melhores. Passos, ruídos, conversas paralelas de vidas que se preenchem em dias aparentemente desiguais e tão superficialmente iguais.
Mas gosto de vidas que correm, que não estagnam, que fluem mesmo que pareçam paradas.
Gosto de "bons dias"! Da tão intensa fé do desejo que um "bom dia" nos tráz à alma! Gosto do bom dia cantado em sons dobrados do travesso do vizinho na janela do lado! Gosto dos bons dias dos outros que tentam seduzir as fêmeas empolando-se e empoleirando-se em topos de copas de cedros, perfeitamente podados e desenhados, soltando longos cânticos de chilrear que me despertam os sentidos.
Gosto de acordar quando já estás desperto ao meu lado, com o teu doce toque a deslizar-me na pele, o  teu dedilhar no local que sabes, vai despertar antes mesmo de eu acordar.
Gosto de acordar e sentir o corpo desperto nesse automático desejar que me activa e faz viva, sem pensar, sem olhar. Esse calor que me invade ao sabor dos teus dedos em mim, que me obriga a procurar-te sem sequer pensar que não ou que sim.
Apenas corpo acordado, tocado, beijado, dedilhado, tomado, lâmbido, molhado e suado de todo o prazer sentido e deitar de olhos fechados e ouvir no ouvido: acorda, o dia já começou! Bom dia...

2012.05.12

Sede...


A noite cai lá fora. Do outro lado da janela, destas paredes, um turbilhão de vidas corre sob o ameno calor de uma quase noite de Verão. Ouço as vozes de quem sorri aos doces e efémeros amigos de uma qualquer mesa de esplanada. Os copos sucedem-se em sumos que borbulham, mudando as cores que nos alimentam a sede e as vontades.
E eu tenho dessa sede de querer refrescar a boca.
Dessa sede que me faz desejar mais, um vício que não consigo que me largue, uma dependência independente das vontades.
Uma sede inexplicável, sentida a cada dia que passa, a cada hora mais intensa, mas que nunca cessa, pelo contrário! Quanto mais a tento matar, mais ela aumenta. Quanto mais a tento saborear, prolongar o seu sabor em mim, para recordar e me saciar quando não o puder ter em mim, mais me aumenta a vontade!

E deste lado da janela, destas paredes, mato a minha sede de ti, em tragos longos e demorados ou sorvendo-te aos poucos...

2012.05.12

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Nunca o dizer...



Sinto a tua língua deslizar na pele húmida dessa água salgada de suor de dois corpos unidos, enlaçados num só, guardando-me o sabor. Gotas desse esforço inesforçado de nos amarmos, deitados um no outro, sedentos desses líquidos que de nós brotam, como fontes de néctares improváveis, únicos. Sinto o teu olhar demorar-se no meu, falando sem palavras, dizendo sem se ouvir um som, de como me gostas, mesmo perfeitamente imperfeita, de como me sentiras a falta depois de vestidos os dias rotineiros, de farpelas condicionadas a todos os outros olhares. Beijos trocados no murmurar de lábios roçantes, sentimentos demonstrados em abraços demorados, não de despedida, à saída, mas de sou teu e sou tua no tempo que dura o durante. E as mãos entrelaçadas, vão deslaçando o emaranhado de dedos que se apertam gritando em silêncio um adeus quando, na verdade, desejamos nunca o dizer...



2012.05.10

Meu jardim...


Desperta o dia em mim ao ritmo do compasso do tempo dos raios de sol no jasmim. Cheiro que me invade, que aumenta de intensidade, como o calor que no meu corpo, quente dos lençóis carmim em que me amaste, ao lembrar-te vai subindo na pele que se arrepia, que acorda a cada respiração mais ofegante. Jardim luxuriante, húmido de gotas de vontade, misturadas com meu néctar e teu da noite intensa, doce e louca, em que este corpo que agora desperta, foi teu. Peito aberto e desnudo, que cubro e uno com mãos que são apenas as minhas e toco-me onde te desejo sentir e o corpo ondula, querendo mais o teu crescer. O teu entar e sair. O teu me tomar e domar e controlar e mandar. E sou tua, aberta, exposta como o jasmim que, logo pela manhã, se entrega ao sol que invade o meu jardim.

2012.05.11

Durmo em ti


Durmo contigo,
Com o teu calor,
O teu sabor nos meus lábios
Sedentos desses teus beijos.
Durmo sobre ti,
Cobrindo teu peito,
Respirando acerelarado
De todo o frenezim
De o meu sentir assim,
Peito no peito colados,
Corações embalados
Em toques suaves de dedos entrancados.
Não durmo quase nada,
Que não consigo controlar
O ímpeto do corpo, de ser amada,
Beijada, tocada, tomada
Desse teu querer
Que me enche e dá prazer!
Durmo em ti,
No teu corpo suado,
Com gosto salgado,
Por mim lambido,
Apertado,
Abraçado,
Puxado, sorvido e devorado.
Durmo em ti,
Meu sonho incontrolado...

2012.05.08

Os dias...

E os dias são longos,
Em esperas que se demoram,
Em horas que se são sombrias,
Sem a luz do teu sorriso.
Mas é na noite que mais te sinto a falta,
Quando meu dia se acalma,
Quando tenho tempo a mais para te pensar.
E como te penso!
E como te sonho!
E como te sinto nos minutos
Em que o pensamento e labirinto
De emoções, desejos e contradições.
De vontades insanas
Num corpo que não acalma,
Num fervor que é quase dor.
E os minutos tornam-se agora
Imensos,
Tormentos
Que se notam de hora a hora.
A ausência do teu calor,
A insuficiência do teu falado amor,
A falta do teu cheiro, do teu sabor
São memórias vãs de um nunca sentir,
De um nunca chegar e sempre sabem a partir.
Os dias são longos,
Mas as noites desfiam em fios de sonhos,
Que todos os dias, o sol teima e não seguir...

2012.05.08

E eu quero-te...

E eu quero-te,
Assim, pleno e inteiro,
Apenas para mim.
Sem te dividires,
Sem te partilhares,
Sem precisares de mais alguém.
Quero preencher-te,
Saber-te os segredos,
Os temores, os medos,
Todos os teus desejos.
Quero ser parte deles,
Fazer-tos acontecer,
Em ti, em mim, em nós!
Ser a tua perdição,
O teu maior desatino,
A meta do teu caminho,
O teu mais que tudo!
Quero ser tua,
Na mesma plenitude que te quero meu!
Sem fim, ou com muitos,
Desde que haja um novo começo!
Quero ser o que te falta,
A tua maior loucura,
Maior tormento,
Maior alento e apenas tua!
Quero o teu cheiro no meu corpo,
Entranhado nesta pele,
Desejar-te sem limite,
Dar-me sem fronteira!
Ter-te em mim à noite, no dia, a semana inteira!
Quero-te meu,
Na mesma proporção que sou tua...

2012.05.07

Não regressar...


Tentei despir-me da minha pele,
Tentei ser outra,
A que mais te agradasse,
A que mais te preenchesse.
Tentei sentir-te ainda mais,
Compreender o teu intimo,
Perceber o que te movia,
O que te fazia querer dares-te,
Sem te invadir.
Tentei despir-me da ausencia
Da tua presenca,
Do teu caminhar noutra direccao,
Do teu incessante procurar.
Hoje, dispo-me deste sentir sem sentido,
Dispo-me de ti,
De forma definitiva,
Um adeus para sempre,
Um a ti nao regressar.

2012.05.07

Somos nada...




E de um momento para o outro somos nada... Um farrapo rasgado. Uma parte do que fomos e que jamais voltaremos a ser. Como se nos arrancassem a vida. Como se os os nossos olhos apesar de abertos deixassem de ver o concreto, as formas e os detalhes, como se passassem a ver apenas um rosto reconhecível ou não, uma flor numa jarra sem sequer saber a sua cor, o seu formato de pétalas.
Um viver sem viver, acompanhado apenas de sombras desprovidas de cor. Sombras que se movem demasiado rápido para as acompanharmos. Tudo porque desistimos. Sim, desistimos de viver apesar de vivermos e os dias, esses, passarem devagar e desejamos dormir, os olhos cansados descansar, na vã esperança de nunca acordar e de com este imenso e intenso sofrer acabar.
Mas o corpo vive, e resiste, e vai ganhando essa batalha em que a alma e o pensar ja desistiram de tentar derrotar. E o corpo obriga a ver e a pensar e a existir sem se saber.


2012.05.03

A luz do dia

Aguardo a luz do dia,
É noite cerrada em mim,
Como do outro lado da janela,
Nestas horas de noite sem fim.
É um constante negrume
Um murmuro, um queixume,
Que me invade e atormenta,
Que me desilude e apoquenta,
Que nunca desaparece, se esfuma,
E antes se apodera, devagar,
Do que sou, do que tenho para dar,
Qual ladrão escondido na penumbra.
Aguardo a luz do dia,
Essa luz imensa que tens no olhar,
Dessa cor de céu e de mar,
Que tanto me fazem sonhar e desejar!
Aguardo ser tomada,
Invadida, beijada,
Pela luz que de ti emana,
Que tanto me alegra o sorriso,
Que tanta vida me dá à alma.
És o meu sol na janela,
Aquele porque anseio ao acordar,
Que com apenas o olhar
A minha pele (fria, inerte por culpa da noite gelada,)
Fazes aquecer e arrepiar,
A cada toque, obrigada a renascer.
Aguardo pelo dia
Em que a noite não regresse,
Em que apenas exista
A luz do teu dia!

2012.05.02

A respirar...



E queria apenas ficar assim, imóvel, sem ter de mover o corpo, apenas mantê-lo a respirar, o coração a bombear esse líquido vermelho que faz viver. Mas não queria sentir, apenas manter o corpo vivo. Mas sem pensar. Sem pensar no que sinto, nesta vontade de mudar, nesta sensação de vazio que de mim se está a apoderar. Queria ficar imóvel, a olhar as vidas  dos outros a passar, um filme que apenas se vê e que de de vez em vez ficam guardados no baú das memórias em frames que não são nossos, portanto não sentimos tãao profundamente como os nossos. A vida deveria ser um filme, captada pelos nossos olhos e re-editada, fracção a fracção, apagando, arrancando tudo que não queremos sentir. E eu, eu deixaria de querer ficar imóvel, vendo a minha vida passar, apenas a respirar.

2012.04.30

quinta-feira, 10 de maio de 2012

Sobrevivo...


Por entre as pessoas que passam, perco-me em pensamentos abstractos, sem nexo. E olhando-as não as vejo, nem às suas vidas cheias de pequenos nadas que as fazem sorrir. Na verdade, nem sei se sorriem, nem quero saber, não as quero enxergar de tão cega que estou. Cega de sentimentos e sensações que se apoderam de mim. E eu, eu não estou em mim. Estou aqui ao lado, como se o meu corpo apenas vivesse, sem  a alma que lhe dá vida e que me olha sem me ver porque eu, eu hoje não vivo, apenas sobrevivo.

2012/04/29