domingo, 29 de setembro de 2013

Quero


Quero o teu olhar,
Deslizando doce e interrogativo
De quem sabe o que perguntar,
De quem sabe o que é permitido. 

Quero o teu respirar,
Soprando-me ao ouvido
Palavras que são desejos,
Plenas de vontade,
À espera de um motivo.

Quero o teu beijar,
Línguas que se tocam,
Beijos que se trocam,
Prenúncio do desejo de amar.

Quero o teu toque,
No meu corpo,
Prendendo-me ao teu,
Num abraço que quero só meu.

Quero a tua pele
Molhando-se com a minha,
Num ritmo alucinado
De dois corpos transpirados,
Por fazeres da tua carne a minha,
Por me fazeres apenas tua,
Nesse louco tomar,
Provar e saborear,
O meu corpo entregue ao teu,
O teu dentro do meu,
E de mim me perder
Em tão intensa e imensa,
Louca e única,
Sensação de prazer.
 
27.Set.13

Presa



Presa
Nesta corrente
De gente incerta
Que pela vida passa.

Presa
Ao sabor dos conceitos
Definidos e impostos
Sem que alguma,
Uma pergunta seja feita.

Presa
Aos olhares de quem condena,
De quem julga
Sem saber o que aqui,
Cá dentro,
Impera.

Presa
Neste corpo
Que não me chega,
Que é ínfimo para
Esta alma que não é pequena.

Presa,
Condenada a não ser
Eu mesma,
A desistir do meu sentir,
Do meu ser e do meu sorrir.

Presa
Por não corresponder
Ao aceite e ao vulgar,
Ao já visto e imposto.
Presa,
Por não ser,
A todos os outros,
Igual.
 
27.Set.13

Acordar e viver


A manhã já se iniciou há longos minutos, hoje carregada de um tom cinza que só as nuvens conseguem pintar.
Caiem do céu gotas de uma água que lava as folhas das camélias e faz brilhar as pedras da rua, unindo-se em pequenos cursos aumentando o seu caudal a cada nova união. O seu barulho desafia o do chilrear, cada vez mais ténue, dos pássaros que abraçam o amanhecer sempre com uma imensa vontade de viver.
As pessoas passam rápidas no seu passo ritmado de quem não quer ficar molhado e, nem o pregão cantado o seu lado as desvia do caminho.
Aqui, apenas uma doce brisa desse barulho distante.
Aqui, apenas as gotas que teimam em cair constantes no vidro da janela.
Aqui, eu e o silêncio dos meus pensamentos que, frustrantemente, tento colocar em palavras.
Um silêncio que sabe a saudade, que cheira a ausência, que me invade e absorve toda a minha força, o meu querer e me faz aqui ficar, deitada e inerte, à espera que a luz do teu sorriso e o calor do teu corpo, me abracem e, deste apenas ver as horas passam, me façam acordar e viver!
 
27.Set.13

sábado, 28 de setembro de 2013

Um querer


Há um querer que não sei explicar,
Um sentir que se demonstra na pele,
Um desejar que me queima a carne.

Pelo teu olhar que por mim passa,...
Deslizando sem parar,
Sem medo de me descobrir,
Ansioso por me encontrar.

As tuas mãos são brasa
Fazendo-me arder
Num desejo tão intenso,
Difícil de conter.

Os teus lábios nos meus,
São vontades perdidas
Num louco frenesim,
São línguas atrevidas
Que se provam por fim.

E o teu calor,
Dessa pele que me rodeia,
Me envolve nesse fervor
De me querer tomada,
Sem medo da entrega,
Sem qualquer pudor.
E a carne que é minha,
Fervilha nesse torpor
Que é ser tua
Sem medida,
Nesta loucura de sentir,
Neste imenso querer
De me dar e te receber,
E de contigo,
Explodir de prazer!
 
27.Set.13

Leio-te

Leio-te,
De forma lenta e demorada,
Desfolhando cada página
Com a vontade da descoberta.
Leio-te, 
Com o toque dos dedos,
Comandados pelos desejos
De te descobrir todos os anseios.
Leio-te,
Cada linha do teu corpo,
Aumentando a cada deslizar
A emoção de te fazer arrepiar.
Leio-te,
Nas entrelinhas do olhar,
Nas metáforas do teu falar,
A vontade de te quereres,
A mim, te entregar.
Leio-te,
A meu belo prazer,
Ao ritmo do meu querer fazer,
Sentindo-te a ele a arrepiar,
Os lábios a humedecer,
À medida que me apetece,
Fazendo-te, de desejo,
Quase enlouquecer.
Leio-te,
Devoro-te as palavras
Ditas ao meu ouvido,
Embrenhando-me,
Desvairada,
Enlouquecida,
No enredo do teu gemido.
Leio-te
Todas as curvas,
Todos os recantos,
Descubro-te todos os dias,
Loucos e novos encantos,
E nunca de ti, de te ler,
Descobrir,
Dar e receber,
Me canso!
Leio-te,
Com todo o nosso prazer!


22.Set.13

Vencer


A noite vai cedendo a sua vez, num passar de tempo coroado de minutos que não querem avançar.
A manhã ainda dorme sob o manto doce de estrelas que suavemente vão perdendo o seu lugar e onde os raios de sol vão beijando a vida com o seu ameno calor.
Os sons lá são de quem desperta num compasso lânguido e lento para mais um dia de horas aparente e essencialmente iguais. Os cumprimentos dos pássaro
s são brindados por gotas de orvalho que deslizam nas folhas já amarelecidas de um qualquer carvalho ou nas pétalas de uma beladona de odor inebriante .
Na rua sente-se o aumentar da vida pelos passos e pelas conversas, parcas e sussurradas, de quem se cruza na calçada.
Aqui dentro, o sol vai ganhando força e pintando as paredes com os seus tons alaranjados transformando o quarto e fazendo lembrar que o dia está quase a iniciar.
Para trás fica a escuridão das incertezas, o vazio de um corpo largado no leito, preso a um destino que, por vezes, parece que é por outros escrito, sem qualquer hipótese de revisão ou nova opção, sem que tenhamos nesse rumo qualquer decisão.
Mas o dia surge pleno dessa luz que nos desperta e no meu corpo, as tuas mãos fortes e quentes beijando-me a pele, são a certeza que não há dificuldade que não vença.
 
17.Set.13

quarta-feira, 25 de setembro de 2013

XVI Verdade Irrefutável


... Há dias em que me apetece mergulhar no teu amor como se mergulha no mar.
 
14.Set.13


Sem diferença



A manhã vai esgotando o tempo demasiado curto que lhe resta, tentando abrandar e assemelhar o seu ritmo ao do movimento na rua. Quase nulo para um dia de Sábado com sol. Quase inaudível, sem o som do vento nas folhas já a ficarem com as tonalidades de um Outono que sinto precoce. Sem a música dos pássaros e do chilrear forte aquando de uma luta pela posse de umas migalhas de pão que um transeunte habitualmente lhes oferta.
Não há sons de crianças ou passos de gente que passa marcando a sua presença nas pedras da estrada.
Há um som que reina, de forma imperceptível, impondo-se a cada minuto, a cada segundo e fazendo a sua vitória: o vazio de um dia quase parado, quase sem vida, quase morto desse fervilhar de gente que corre a contento da azáfama da vida.
Aqui, dentro do meu quarto e do meu peito, não há diferença, som que não se assemelhe: tudo transborda de um silêncio de horas mortas, passadas sem que tivesse oportunidade de as controlar. Sem que tivesse vontade de as parar e lhes alterar o rumo, pressinto, há muito tempo traçado.
Há manhãs assim, em que o corpo se converte ao desleixo e se compromete em deixar que o vazio, o silêncio e o tempo possam passar sem que o queira apressar.
Há dias em que apenas não quero pensar, desejar ou sonhar.
Há dias em que nada me faz querer viver, apenas respirar e sobreviver, rendida ao que não posso controlar...
 
14.Set.13

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Mais que perfeito

 
Hoje a noite chegou mais cedo do que o habitual para uma noite de início de Setembro. O Verão rende-se às evidências de um sol que já não brilha com o mesmo fulgor e o corpo arrepia-se quando confrontado com a brisa que é já outonal.
Tudo, nesta hora de mudanças, parece fugir, correr, andar depressa demais. Há nas ruas um estranho e hipnotizante ruído, constante e ritmado, de quem deseja o regresso rápido a casa.
E eu, fico parada a observar a avidez de todos os que por mim passam, sem que consiga descortinar quais os motivos do regresso.
Do retorno à tão indesejada rotina dos dias sempre iguais. De horas não desejadas, em locais que não queremos.
E olho para mim, da mesma forma que olho para eles e sinto que há dias em que apetece não regressar. Em que apetece apenas partir e só recordações na mala levar.

Mas há dias, em que olhamos o mundo que construímos, com todo o nosso esforço e a única vontade que nos invade é o regressar e isso é, na maioria das vezes mais que perfeito.


9.Set.13

Há algo...

Há algo no teu olhar
Que me fascina,
Que me compromete
Os movimentos,
O agir e o andar.

Há algo no teu toque
Que me queima,
Que me incendeia a pele,
Mesmo antes de,
Tão doce e levemente,
Os teus dedos nela,
Se deleitarem a deslizar.

Há algo no teu beijo
Que me enlouquece,
Que me faz delirar com esse sabor,
Invasivo,
Viciante e envolvente,
Que se apodera do meu paladar.

Há algo no teu cheiro,
No calor da tua pele,
Do teu abraço,
Do teu amar,
Que me completa,
Que me preenche
E enche de felicidade,
Que faz de mim,
Uma verdadeira Mulher.
 
9.Set.13

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Dicionário de coisas simples XVIII

 


E o viver?
O viver é um não respirar, um não sentir,
E tão-pouco um sorrir,
Senão apenas na tua presença.

E o sorrir?
O sorrir é o imenso prazer
Desferido pelos lábios,
Sedentos e ansiosos
Por sentir o teu sabor.

E o saborear?
O saborear é prolongar no paladar
O gosto do teu beijo,
Do teu corpo,
Das gotas do teu suor
Após o nosso amar.


3.Set.13

domingo, 22 de setembro de 2013

Esperança


Há uma esperança que nasce
A cada dia, a cada hora volvida
Em minutos que passam despercebidos,
Como relâmpagos na noite,
E fazem renascer o desejo de realizar

Sonhos que me invadem a noite,
Com o cheiro do teu corpo,
O calor do teu sorriso,
O aconchego do teu abraço,
Onde tudo é possível,
Onde me perco sem medos,
Onde só a vontade e o amor
Prevalecem sem entraves.

Há uma esperança que me invade
A cada momento partilhado,
A cada sentido no corpo prolongado
Pelo deslizar dos dedos na pele,
Pelo segurar da mão,
Companheiro de um beijo
Que aquece a alma deste coração
Que se preenche apenas contigo.
Sim, acredita que sou tua
Da mesma forma que és meu,
De corpo e alma unidos,
Partilhados e fundidos,
Num amor que nos ultrapassa,
E que nos dará, essa
Tão desejada força,
Para enfrentar os dias que percorreremos,
Provando que juntos somos perfeitos.
 
31.Ago.13

sábado, 21 de setembro de 2013

Há em mim







Há na minha pele o teu odor,
Invadindo-me de lembranças
De abraços de reencontros
Perdidos em tempos demasiado fugazes. 
 
Há na minha boca o sabor
De beijos trocados em línguas
Sôfregas, desejosas por se tocar.

Há no meu corpo o arrepio do teu toque,
Deslizando por percursos que criaste,
Que descobriste e que,
Como nossos, marcaste.

Há na minha carne o desejo intenso,
De te ter cá dentro,
Possuindo-me por inteiro,
Dispondo-me o corpo ao teu jeito,
Fazendo-me mulher,
A cada novo momento.

Há na minha alma um sentimento
Indubitável e premente
De te ter todas as noites presente,
E de te pertencer,
A cada dia,
Com mais certezas que anteriormente.

28.Ago.13

sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Já não me pertenço



É no teu beijo que perco as forças
E deixo de lutar contra o desejo
Intenso, imenso de te provar.
É no teu beijo que molhado
De línguas sedentas, ousadas...
Me entrego ao sabor dos teus dedos
Vagueando na pele que anseia,
Louca, insana nas vontades.
É nos teus lábios,
Juntos dos meus,
Que profiro palavras de entrega,
De certeza de te querer,
De corpo, como de alma me entregar.
É no teu beijo que grito em surdina,
Sou tua, já não me pertenço...

27.Ago.13

quinta-feira, 19 de setembro de 2013

Por vezes

 
 
Por vezes pergunto-me por que existem os sonhos, para quê, com que finalidade.
Por vezes sinto-os reais, concretizáveis, perfeitamente plausíveis e concretamente possíveis.
E o sonho cresce em mim. Plantado com um pensamento, adubado com a esperança, alimentado com o crer.
Por vezes questiono-me porque penso. Questiono-me porque creio e acredito. Questiono-me porque tenho esperança.
Por vezes preferia não ter, não ser, não sentir. 

Apenas (sobre)viver.
Viver no silêncio de não me iludir, de não sentir e desejar.
Viver no passar de horas indiferente aos minutos mais ou menos longos.
Viver na realidade certa e rotineira do passar dos dias em nada diferente, em nada mais ou menos colorido que o anterior.
Confortável e segura na minha jornada diária.
Apenas (sobre)viver sem o medo e a tristeza da desilusão, do fracasso e da saudade ou solidão.
 
31.Jul.13

quarta-feira, 18 de setembro de 2013

Único e perfeito









Somos pele,
Somos carne,
Somos sangue que corre
Vibrante do cerne do corpo.
Somos beijos trocados
Em línguas entrelaçadas,
Por entre lábios molhados,
Por entre palavras balbuciadas,
Falando dos desejos que nos contraem o ventre,
Sentindo os dedos fervilhando
Em toques imensos,
Intensos,
Internos, por entre as pernas
E escorrendo,
Suados após amados.
Somos um coração acelerado,
Por entre olhares que sussurram
Palavras de entrega e de amor,
Que se acalma e no teu peito descansa,
Rendida que estou ao calor e aconchego
Do teu único e perfeito
Abraço.

29.Jul.13

terça-feira, 17 de setembro de 2013

E o rio...


Há dias em que as horas teimam em manterem-se inertes e imóveis, em minutos lentos e demasiado imutáveis acabando por controlar e esvaziar a mente de pensamentos.
Horas em que nada anda, nada funciona, tudo estagna, nada avança, tudo dorme o sono da espera sem desesperar.
Excepto o rio que avança indiferente ao lento girar deste aparentemente fervilhante Mundo de pessoas que não vivem.
E eu olho essas águas que correm mais ou menos lentas, que por vezes enchem o curso do seu leito ou as desnudam criando pequenas escarpas de pedras amontoadas nas suas margens.
E eu olho esse passar sem parar e sem me deter em outro pensar que não seja o de ver a noite chegar e o dia acabar e de voltar ao lugar a que chamo lar, de nos teus braços me aconchegar e no teu peito poder deixar apenas de sobreviver, mas descansar e voltar, de novo, a respirar...
23.Jul.13

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Verdade

Não há maior vontade
Que o querer-me perdida,
Por entre o gosto dos teus beijos,
Por entre o sabor da tua língua.
Não há maior desejo
Que o querer-me a pele arrepiada
Por entre os dedos das tuas mãos
Deslizando e redescobrindo-me a cada novo recanto .
Não há maior devaneio
Que o querer-me entregar sem freio
No teu corpo que me toma,
Agarra,
Aperta,
Penetra,
Controla...
Não há maior felicidade
Que o quereres-me amar
Com todo o teu ser,
Corpo, alma e sangue
E ser esta a nossa única e mais certa,
Verdade.

18.Jul.13