O corpo quer ceder. Deixar de lutar, deixar de combater, deixar-se cair.
Há dias em que apetece deixar cair os braços e desistir.
Desistir da vida, das (des)ilusões, dos medos, dos sonhos, do sentir.
Mas o passar do tempo mostra-nos que não há possibilidade de suster o tempo, tal como a respiração. É momentâneo. E a qualquer momento, a dado momento, temos que nos erguer. Temos que caminhar, temos que avançar.
A vida é feita de muitas coisas, de muitas pessoas, de muitos momentos e de muitos sentires.
Mas há dias em que, só com muito esforço, só com uma força hercúlea o corpo avança.
Sim, há dias em que o coração está morto, emperdenido, negro e pesado. Morto. Quase morto.
Há dias em que a dor é em demasia.
Há dias em que a ausência é insuportável, indescritível, impossível de nos fazer querer viver.
Mas há que enxugar as lágrimas, cerrar os lábios e forçar a vida a acontecer.
Apesar da dor.
Apesar da (tua) ausência.
Apesar da falta de vida no (meu) coração.
E, com toda a força, (vou) tentar viver.
Tentar que as memórias se tornem menos pesadas, menos dolorosas.
Apesar de (quase) morta, o corpo vai lutar por viver e nunca (te) esquecer...
Cat.
2020.04
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