sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Surpreendentes


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As pessoas são surpreendentes. Pelo bom ou mau lado. Mas ainda assim surpreendentes.

Ou talvez seja eu que assim ache.

Neste meu mundo de sonho ou ilusões, como habitualmente me dizem. Apesar de nada saberem de mim, das minhas dores, das minhas cicatrizes ou feridas abertas.

Mas sim, eu ainda me surpreendo com as pessoas.

Hoje, confirmei uma vez mais, que as pessoas que se mostram frias e, sobretudo, fazem questão de o mostrar e, grande parte das vezes, de o afirmar, são as mais quebradas por dentro. São as que, apesar da resmunguice, da doença que as assola, da falta de tempo e, muitas vezes, de dinheiro, mais fazem pelos outros. São as que mais se incomodam, preocupam pelos outros. Pelos que são indefesos e incapazes.

Pessoas que, para se defenderem de sentir (ainda mais do que o que sentem) verbalizam o que não são. Acho que com medo de se mostrarem verdadeiramente e de com isso serem usadas e voltarem a sofrer.

Pessoas que têm tanto para dar, tanto sentir, tanto carinho, empatia e até amor.

Pessoas que já sofreram. Sofreram demasiado. E que se fecham.

Pessoas inteligentes e que, por tanto sofrer, se acham burras. Literalmente burras. Por acreditarem nos outros, por darem mais uma chance, por amarem e, como diz o ditado, serem cegas.

Hoje, cruzei-me com uma dessas pessoas.

Pessoas que se fecham. À vida e aos outros. Porque acham que não vale a pena. Porque, apesar de quererem um abraço, preferem afastar com medo de sofrer.

Hoje tive a certeza que todos temos medo de sofrer. De ser enganado. De ser usado.

Hoje tive a certeza que todos queremos ser amados. Queridos. Abraçados. Reconhecidos. Mas sobretudo, ouvidos. E que alguém veja o quanto de bom há em nós. Apesar das falhas. Apesar dos erros.

Hoje conheci uma pessoa fantástica mas cheia de culpas que não são dela. Uma pessoa que não se perdoa por não ter visto os sinais, por não ter decidido de outra forma. Uma pessoa de alma (quase) negra e que deveria brilhar. Porque somos humanos. Porque estamos a aprender. Porque estamos a crescer. Porque desistir é impensável. Porque não queremos desiludir. Os outros e os seus (pre)conceitos e a nós.

Somos, por trás de capas de super-heróis, seres tão frágeis.

Somos tão carentes de empatia, de amor, de carinho... E é tão fácil dar. É tão fácil mostrar a alguém que vale a pena. Basta ver o que há de bom dentro dos outros. Há sempre algo de bom nos outros.

Hoje choraram no meu ombro. No ombro de uma desconhecia.

E eu choro agora por ver tanta gente perdida...

Cat.
2019.09.03

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