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quarta-feira, 30 de março de 2022

A esperança

 



Há dias em que a esperança é um martírio. Acreditar em algo que se quer é, por vezes, massacrar a Alma. É fazer doer no que intimamente desejamos. É apertar o coração e vê-lo a morrer aos poucos, a deixar de bater, a deixar de viver.
E depois, depois a esperança.
Voltar a acreditar, voltar a querer, voltar a sentir o que nos faz bem.
Muitas vezes a vã da esperança...
Porque quem espera desespera. E eu, hoje, desespero. Tão profundamente que me dói cá dentro.
Não sei o que dói mais: se a esperança ou a falta dela.
Sei que há dias em que não dói e tudo é leve e eu acredito que recuperarei o que tinha, o que era, o que me fazia feliz.
Dizem que só se dá valor ao que se perde... Não, não é verdade. Dá-se mais valor. Apreciam-se os detalhes, as pequenas coisas.
E a esperança de se voltar a isso.
E a (quase) certeza de ser (im)possível...


Cat.
07.03.2022

terça-feira, 29 de março de 2022

Sabes que morro?


viv
Sabes que morro?
A cada dia, hora longe de ti,
Sabes que morro?
A cada toque de pele
Que não te sinto,
Sabes que morro?
A cada beijo
Que de ti anseio,
A cada abraço
Deitada no teu peito
E que não tenho,
Sabes que morro?
A cada momento
Em que me invade o pensamento,
Em que o teu sabor eu sinto na boca,
Em que recordo,
Cada orgasmo em que me perdi
Em ti,
Sabes que morro?
Em todos os momentos
Em que te desejo,
Abraçar,
Beijar,
Tocar,
Amar
E pertencer,
A cada constante minuto,
Sabes que (te) morro?

Cat.
06.03.2022

Os acordes no teu piano


Os acordes no teu piano
Levam-me a passear a mente,
A sentir, verdadeiramente,
O coração.
Cai-me o chão,
As lágrimas no rosto,
De tamanha emoção,
De imenso sentimento...
E eu vagueio,
Doce ou intensamente,
Ao sabor do teu toque,
Ao ritmo do gosto.
E sinto-te,
Perto, premente,
No corpo e na mente,
Que até o teu sabor,
Na minha boca,
Se sente...


Cat.
05.03.2022

segunda-feira, 28 de março de 2022

Sei que sou tua


Sei que sou tua.
Que te pertenço, de corpo e alma.
Que os meus olhos
Só precisam dos teus,
Que a minha boca
Se perde na tua
E que o meu corpo
Se encontra no teu.

Sei que sou tua.
Que as horas
Custam a passar,
Que as esperas
São um lento não acabar
E que os dias
Só brilham contigo a me abraçar.

Sei que sou tua.
Que o meu sangue
Corre por ti,
Que a minha pele
Se arrepia para ti,
Que a minha entrega
Só faz sentido em ti.

Sei que sou tua.
Agora e (para) sempre,
Vestida ou nua,
Perdidamente,
Sei que sou tua.


Cat.
03.03.2022

Saberás tu


Se eu te olhar
Nesses olhos cor de mar
Saberás que vou chorar
De tanto, mas tanto te amar?

Se eu, à tua frente, parar
E a tua boca, entreaberta, fitar
Saberás que só vou pensar
Em esses lábios beijar?

Se eu, o meu corpo ao teu encostar
E a minha pele na tua tocar
Saberás que a respiração irá acelerar
E eu, a ti, me vou querer entregar?

Saberás tu,
O quanto é imenso este meu sentir,
Este meu te querer,
Que me faz, à toa, sorrir,
Que me faz, às vezes, doer?

Saberás tu...


Cat.
02.03.2022

domingo, 27 de março de 2022

Soubesses tu

 



Soubesses tu o quanto te amo
E saberias como me és
Tudo e tanto.
O ar que respiro, mais brando,
O coração que bate, mais forte,
A pele que me cobre, mais quente.
Tudo e tanto...
O cheiro do teu corpo, mais inebriante,
O teu abraço, o mais importante,
O teu beijo, o sabor mais viciante.
O teu sorriso, a minha tentação,
Os teus olhos, de mar, a minha perdição
E o teu corpo,
Ai o teu corpo, a minha inteira e completa rendição.
Tudo e tanto...
Soubesses tu o quanto te amo!


Cat.
01.03.2022

sábado, 26 de março de 2022

Dizer-te





Já te disse hoje que te amo?
Não, claro que não. Há muito que não digo. Há muito que não queres ouvir.
Mas hoje, hoje vou-te dizer: eu amo-te!
Eu amo-te para lá de mim, para além do que sou, do meu corpo, da minha Alma.
Eu amo-te tão profunda e incondicionalmente que não existem palavras que definam ou categorizem este meu sentir.
Poderia tentar explicar, poderia tentar... Poderia tentar, pois não passaria disso: uma ténue tentativa de explicar o inexplicável.
Porque é inexplicável todo este meu sentir por ti.
Porque é imenso.
Porque é imensurável.
Porque é tão profundo e tão certo.
É eu amo-te como nunca te amei: com todas as tuas qualidades e particularidades também.
Mas amo-te mais ainda porque agora, agora que fechei feridas, agora que saí do torpor, agora que recuperei a minha essência, agora vejo-te com clareza. Agora vejo o Homem que és, em todo o teu esplendor, em toda a tua essência e tenho a certeza que és a minha Alma Gémea...
Eu amo-te. Hoje mais que ontem e ainda assim, menos que amanhã.


Cat.
21.02.2022

sexta-feira, 25 de março de 2022

Preciso-te dizer





Preciso-te dizer.
É urgente.
É como se as
Palavras, presas na garganta,
Me estejam a impedir de
Respirar.
Preciso-te dizer.
É premente.
Todo este sentir,
Aprisionado,
No meu peito,
A transbordar.
Preciso.
Preciso-te dizer.
Mas preciso que escutes,
Que me ouças bem as expressões,
Que (me) sintas
Sem condenar ou julgar.
Preciso-te dizer:
Faltas-me.
De corpo e alma.
Os teus beijos,
Os teus abraços,
O teu bater de coração no meu.
As tuas mãos na minha pele.
As nossas pernas entrelaçadas.
O meu corpo sobre o teu
E as nossas almas ligadas...
E eu preciso-te dizer,
É urgente

Cat. .
15.02.2022

quarta-feira, 23 de março de 2022

Sabes que te vou amar

Sabes que te vou amar
Até ao meu último:
Suspiro,
Respirar,
Bater do coração.

Até que a pele
E a carne arrefeçam,
Geladas pela chegada
Da não vida.

Até mesmo quando
A lembrança já não tiver
Memória
Dos teus beijos,
Dos teus abraços,
Dos teus olhos cor de mar.

Sabes que te vou amar
Para além do meu ser,
Para lá da minha essência,
Para além da minha existência
E do tempo que se mede.

Sempre.
Eternamente.
Incondicionalmente.


Cat.
05.02.2022

sexta-feira, 18 de março de 2022

O que faço aqui


 

Às vezes pergunto-me o que faço aqui.
Às vezes duvido de tudo o que sou. De tudo o que digo, de tudo o que penso e de tudo o que faço.
Duvido como se... Não valesse a pena. Como se fosse completamente indiferente, inútil. Como se eu não existisse.
Mas existo. Eu sou. Não sei muito bem quem, mas sou.
E vivo. Ou sobrevivo.
E faço o meu caminho, seja ele qual for, seja por onde for, mesmo que eu não veja ou sinta que o estou a percorrer.
Às vezes, demasiado perdida. Outras, a maioria, seguindo o meu instinto.
E eu ouço o meu instinto, eu guio-me pelo meu sexto sentido. Nunca me falhou.
Pensando bem, nem quando me senti perdida...
Talvez eu nunca esteja perdida.
Talvez eu não veja o caminho por não ser esse o sentido da vida.
Talvez o caminho se faça apenas caminhando, avançando cruzando vidas e aprendendo.
E quantas vidas, seres maravilhosos se cruzaram comigo e tanto que me ensinaram!
Talvez eu nunca esteja perdida: apenas aguarde o tempo certo para que novas vidas me possam ensinar. A crescer. A ser mais e melhor.
Talvez alguém me aguarde também, para que eu possa ensinar ou partilhar o (tão) pouco que sei...


Cat.
2021.00.15

quarta-feira, 16 de março de 2022

Ser, apenas ser


 

Por que é tão difícil gostar de nós?
Por que é tão difícil aprender a voltar a gostar de nós?
Por que temos de analisar tudo o que pensamos, a forma como agimos, o que dizemos? Sempre, a toda a hora? Por que razão?
Não podemos apenas ser? Ser sem essa (quase) sempre esmagadora auto-crítica? Sem essa destruidora de egos e da confiança?
Não podemos deixar de analisar o que somos, quem somos? Deixar de pensar é falsamente acreditar que podemos agradar a todos? Que temos forma de criar empatia com todas as pessoas que cruzam a nossa vida? Mesmo quando é genuíno, quando és a tua melhor versão? Ou não será nada disso?
Será apenas necessidade de aceitação? Pura insegurança?
Eu tenho uma (extrema) necessidade de aceitação, de aprovação, de que gostem de mim.
Não deixo de dizer o que penso, o que sinto
Não deixo de ser quem sou, não perco os meus valores, não sou falsa.
Ou serei?
Terá essa necessidade a capacidade de me fazer mostrar uma pessoa realmente diferente da que sou?
Será que me julgam falsa e uma jogadora, correndo de acordo com a maré?
E qual o motivo da minha preocupação com isso?
Quero, preciso que gostem de mim.
Quero, preciso.
E isso é o bastante para me deixar a pensar se me deixo facilmente adulterar...
E eu só quero ser. Ser com todos os meus defeitos e virtudes. Com tudo o que há em mim, de bom e de menos agradável.
Ser, apenas ser e não me (deixar) condenar por assim ser...

Cat.
2021.07.31

Tento, mas não consigo




Tento, mas não consigo.
Não há forma, não há jeito, não consigo.
Os pensamentos enchem-me o cérebro. Correm velozes sem me darem tempo para sequer os analisar.
Tal como os sentires que há cá dentro: viajam, de um extremo ao outro, sem que os possa assimilar.
E por entre este ciclo, a inércia. A sensação inevitável de não conseguir. De ser incapaz.
Vejo tanto e oiço tanto que... Só me apetece fugir ou rir. Chorar ou ignorar. Ficar ou avançar.
É um limbo, uma corda bamba.
Gostava de não querer saber.
Gostava de poder não ver.
Gostava de ser cega, surda e muda.
Há um ego nas pessoas, todos o temos. Mas hoje, há um ego disfarçado de boa vontade, de bondade... Para mostrar.
E isso é o que eu menos consigo entender: a necessidade de chamar a atenção para o "eu".
Carência? Acredito que será isso acima de tudo.
Talvez eu esteja aqui a divagar por algo que não tem sentido, não tem qualquer explicação.
Mas fico, quieta, numa inércia, de tão estupefacta que me deixam...
Lá está, eu tento, mas não consigo!

Cat.
2021.07.06

domingo, 13 de março de 2022

Coisas minhas... Provavelmente sem sentido


 

Coisas minhas... Provavelmente sem sentido.

Hoje li o "Postal do dia", de Luís Osório, de há quatro dias. Um "Postal do dia" sobre um caso mediático e de difícil abordagem: o da menina esquecida no carro.
Um "Postal do dia" carregado de algo que parece ser cada vez mais raro, a empatia.
Não vou divagar ou exprimir os meus pensamentos sobre o assunto: não teria palavras para tal. Há situações que não consigo sequer imaginar, quanto mais verbalizar o que me poderão fazer sentir.
Não vou enaltecer ou criticar quem comentou: são reflexo da vida que experienciaram e da forma que encontraram para lidar com as suas experiências e emoções.
Não. Mas li comentários que me fizeram pensar. Comentários de pessoas que perderam entes queridos e, apesar de dizerem que não acreditam em Deus, o culpam.
Não, não vou dizer que Deus existe, eu nunca o vi e nunca me apareceu em sonhos.
Não, não vou dizer que Deus não existe pois há uma necessidade enorme de acreditar que algo superior interfere nas nossas vidas e somos abençoados ou castigados ou, melhor ainda, encontramos a explicação para o inexplicável. Entram o fatídico "tinha de ser", "está num lugar melhor ", terminando no "foi um milagre".
Chamam-lhe fé. E cada um tem a sua. À sua maneira, com ou sem Deus ou outro nome que lhe queiram dar.
Eu não sei o que tenho.
Eu não sei no que acredito.
Eu tenho tristezas, perdas e dores marcas na Alma que nunca fecharão por completo. Ausências. Saudades. Egoísmo por desejar que ainda cá estivessem.
Eu tenho "milagres" em situações do dia a dia, eu tenho "intuições" sobre o que dizer, sobre as pessoas, sobre situações, como se fosse guiada, como se me sussurrassem ao ouvido, como se, naquele preciso momento, me colocassem o raciocínio, as palavras no cérebro. Eu tenho "dejá vu", tantos e tão reais...
Eu não sei que nome lhes dar, eu uso palavras que já existem pois não sei explicar de outra forma. Não há outras palavras. E não são as correctas. Não são porque não é bem isso, é algo diferente.
Mas às vezes penso nisto, no contexto em que nasci, nas pessoas que conheci, no que me fez crescer. Principalmente, e usando uma expressão que não consigo expressar de outra forma, como ser humano.
Porque dizemos tanto que crescemos como seres humanos se não acreditarmos, mesmo que de forma camuflada, subconsciente, de que somos mais do que matéria e pó?
Penso nisto da fé, da vida, do Céu e do Inferno, desde muito nova. Penso na injustiça de um Deus que me fez nascer de pele branca e olhos azuis (e ser assediada ao ponto de querer esconder-me nos cantos das salas de aula, dos pátios da escola, de nunca usar decotes ou saias curtas...) numa sociedade de primeiro mundo, numa família onde, graças ao trabalho árduo dos meus pais, nunca me faltou nada material e, do outro lado do hemisfério, crianças como eu, mais novas que eu, bebés, inocentes, morriam com falta de alimento.
Que Deus permite algo tão díspare, tão antagónico ao que, numa sociedade Católica, é ensinado?
Pois, os milagres e os acontecimentos fatídicos...
Eu não sei tanta coisa, mas sei que, tem de haver, quero acreditar que há, mais do que um corpo e um cérebro.
Eu acredito que há uma Alma, com várias hipóteses de redenção, de aprendizagem, de crescimento e evolução.
Eu acredito, como na música do António Variações:
"Eu tenho um anjo, anjo da guarda
Que me protege de noite e de dia
Eu tenho um anjo, anjo da guarda
Que me protege de noite e de dia
Eu não o vejo, eu não o oiço
Mas sinto sempre a sua companhia

Eu tenho um guarda que é um anjo
Que me protege de noite e de dia
A toda a hora e em todo lado
Posso contar com a sua vigia
Não usa arma, não usa a força
Usa uma luz com que ilumina a minha vida

Ele não, não usa arma
Ele não, não usa a força
Usa uma luz com que ilumina
A minha vida (...) "

Mas isto sou eu, que não sei nada e não conheço palavras para explicar certas coisas que acontecem, que vivo e que sinto...
Eu sei no que quero acreditar e é isso que, na minha pequenina cabeça e pequeno mundinho, faz sentido: ser melhor. Melhor pessoa, melhor ser humano o que implica ser e aprender o que é melhor para mim. Ter amor próprio sem ego, ter consciência das qualidades e dos defeitos, aceitá-los e melhorar.
Olhar para os outros e pensar que não viveram o mesmo que eu, que não posso julgar pois não sei. Mas posso ouvir e tentar perceber. Mas posso mostrar outros caminhos, outras possibilidades porque vivi coisas diferentes e com isso, aprender com outros também.
Acredito, não, eu sei que se nos olharmos como iguais, como seres em crescimento, em aprendizagem e fossemos mais empáticos, o nosso mundo seria melhor.


Cat.
2021.05.16

sexta-feira, 11 de março de 2022

Remendo-me


 


Remendo-me.

A cada tropeço na vida, a cada desilusão, a cada sonho perdido pelo caminho.
Rendendo-me.
A cada dia sentido como desperdiçado, perdido, não vivido.
Remendo-me.
A cada lágrima salgada de tristeza, a cada dor no coração e no corpo.
Remendo-me e renasço.
Cada momento é vivido, mesmo que não pareça, pois os dias passam e as horas não param, suspensas num eterno infinito. Embora às vezes assim pareça.
Remendo-me e renasço.
Porque não viver também é necessário, ter tempo para deixar correr e não decidir.
Renasço a cada tormenta ultrapassada, a cada pessoa perdoada, a cada dor que marca mas não deixa mágoa.
Faz parte do crescer.
Faz parte do aprender.
Faz parte do relativizar. E é tão importante relativizar... Deixar de lado o que não nos acrescenta, o que nos pesa, o que não traz alegria e põe sorrisos nos nossos rostos.
Por vezes lutamos em batalhas sem sentido. Embora às vezes não pareça.
É preciso olhar a vida com amor, esperança e paz de espírito.
É preciso aprender a não carregar fardos de outros e os nossos inúteis, que alimentamos, como culpas e arrependimentos. O que está feito não se desfaz.

Remenda-se e renasce-se a cada dia, melhor hoje que ontem.


Cat.

2021.04.14

quinta-feira, 10 de março de 2022

Cairei

 



Um dia cairei,
De joelhos rendida:
Tudo o que lutei,
Resultou no que devia.
Chega de lágrimas no rosto,
Salgadas pelo desgosto,
De viver em demasia,
Vidas que não esquecia.
Fardo pesado trazia,
De pecados inconfessáveis,
Guardados, cravados na Alma,
Profundamente ferida.

Um dia cairei
E de joelhos rendida,
A certeza terei
Que todos os pecados, as mágoas e as feridas,
Foram expiados
E assim partirei
De Alma curada e com alegria!

Cat.
2021.03.31

quarta-feira, 19 de maio de 2021

(Novos) Começos


 



A vida nunca é como idealizamos. Raramente corre como planeado e raras são as vezes em que nada falhe.
A verdade é que quase sempre vamos (re)fazendo a vida conforme nos é permitido.
Há (quase) sempre um imprevisto, um elemento, uma variável que não conseguimos controlar.
E é frustrante. Mesmo muito frustrante.
As desilusões com as (grandes) expectativas que fazemos sobre um acontecimento para o qual trabalhamos são devastadoras para a nossa mente. Fazem cair por terra todos os esforços, todos os sonhos... Fazem tábua rasa, polida e infértil ao ponto de nos questionarmos se vale a pena o esforço de sonhar.
Sim, sonhar parece, perante as vicissitudes da vida, um esforço vão.
No entanto, a vida gira, como os ponteiros de um relógio mudando as horas, como o sol dá vida à lua, como a maré dos rios varia num constante e sempre diferente ritmo.
A vida é um mistério pois ninguém sabe o futuro.
A vida é cruel por não nos permitir construir esse (in)certo futuro.
Estes dias têm sido quase assim. Uma (des)ilusão.
Criei expectativas, altas, demasiado altas e caí por terra.
Destruída.
De coração partido.
De culpa por ter acreditado.
De vergonha por ter sido rejeitada.
A rejeição, seja a que nível for, é destruidora, a nossa auto-estima é abalada, a nossa crença em nós, no que somos é abalada.
A rejeição é um tremor de terra que, não só abana, como abre brechas, mais ou menos profundas nos alicerces de quem somos.
E eu caí por terra. Destruída. Verdadeiramente desiludida.
Mas algo dentro de nós, raramente, nos deixa cair numa letargia de comiseração. Levantamos o corpo, a cabeça e voltamos a acreditar.
Quase sempre noutro sonho.
Eu, esta semana, deixei de sonhar. Sonhar no sentido de planear.
Deixei nas mãos do tempo, dos dias e de algo cá dentro, que não sei o que chamar, e deixar acontecer. Como se... Como se tivesse a certeza que o deveria fazer, que tudo se iria compor, que "as coisas" iriam acontecer. Mais cedo ou mais tarde. E isso cá dentro deu-me ânimo. Confiança em mim. E vivi estes dias, não à espera, mas vivendo o meu ser mais verdadeiro, vivendo-me, sorrindo e chorando com algo que me fizesse sentir. Vivi sem expectativas. Verdadeiramente deixando acontecer.
E aconteceu!
E fui invadida por um sentimento de felicidade! Verdadeira felicidade. Por mim, pelo que sou, pelo que mereço.
Pode parecer estranho, uma parvoíce, uma estupidez, mas a desilusão foi perfeita para o meu futuro. E acredito que serei mais feliz no que não planeei do que no idealizei e sonhei.
"Já não era para ser" ou "é porque algo melhor vem aí" deixaram de ser frases cliché, usadas para nos fazerem sentir bem: às vezes é pura verdade! Basta deixar de tentar controlar e viver com o que nos aparece à frente.
O destino, o fado, o futuro são coisas que não controlamos. Podemos ajudar fazendo por nós, crescendo intelectual e moralmente, mas não se controla o que está escrito para nós...


Cat.
2021.03.27

Luz dentro de mim






É noite, novamente a lua domina o céu negro. Há no ar o cheiro a orvalho e das primeiras flores da Primavera que se anuncia.
A vida tem sido um emaranhado estranho. Ainda mais estranho que o habitual.
Falam que são tempos difíceis, que há que ter esperança e acreditar que tudo vai correr bem.
A verdade é que não correm. Há muito que não correm bem. Há muito que a esperança se vai esbatendo com o passar dos dias, das semanas e meses. Há muito que tenho dias em que sinto que tudo vai desmoronar, principalmente eu.
Eu.
Eu, que nem sei o que significa "ser eu".
Há muito que me sinto perdida de mim, há demasiado tempo. E no entanto, sempre que me perco, reencontro-me.
Mergulho no meu eu mais profundo, mais verdadeiro, mais real e mais simples e puro.
Descubro muitas falhas, muitas imperfeições e, devagar, muito devagar, vou aceitando que não sou perfeita... Longe de o ser.
Descubro muitas coisas boas também.
Acabo por chorar tanto pelo que tenho de bom, como pelo de menos bom.
É bom mergulhar em nós e olharmos para o que somos, para o que sentimos, para o que acreditamos e aceitar o que vemos. E não é fácil olhar ao espelho de nós.
Esta introspecção tão profunda está a mudar-me.
Já não tento controlar tudo à minha volta: descobri que não controlo.
Olho para os dias que vivi até agora e, não sei porquê, tudo faz sentido. Tudo surge na hora certa. Tudo acontece pela ordem certa. Há situações que só se sabem gerir depois de passar por uma outra que nos preparou.
Olho e vejo que sempre fui privilegiada: sempre tudo vem ter comigo. Principalmente as pessoas que preciso naquele momento. Como se me guiassem e olhassem por mim.
E a cada meu desmoronar, aceito o que vier, acredito que será pelo meu melhor, confio no futuro e que tudo será como tem de ser. E tem sido muito mais positivo que menos bom.
É noite, mas hoje há brilho e uma luz dentro de mim.


Cat.
2021.03.07

terça-feira, 18 de maio de 2021

Medo(s)

 




A noite já domina, a rua está silenciosa, não há passos na calçada. Só o frio e o orvalho de um dia de Inverno.
Tal como cá dentro, dentro de mim.
Hoje estou fria, analítica, crítica na e da verdade.
Hoje perguntaram-me porque não aplico a empatia que sinto pelos outros em mim. Que é raro encontrar alguém que racionalize de forma tão precisa o que sente e o que é como pessoa. Que tenho um auto-conhecimento como poucos. E com isso chega a auto-crítica.
A verdade é que desconstruo tudo o que sinto, tudo o que vejo, todas as atitudes, minhas e dos outros.
Sim, analiso.
Mas tenho sempre a capacidade de me colocar no lugar do outro e, com isso, perceber certas atitudes, comportamentos e reacções.
Gostava de o fazer comigo. Mas não consigo.
Há sempre um sentimento de culpa, ou de frustração, ou de arrependimento, ou de medo.
Tenho deixado o medo ser o guia de muitos aspectos da minha vida.
E o medo é uma imensidão de coisas e gigante como as ondas do mar em dia de tempestade.
Engole-me. Tolda-me o pensar. Faz-me não avançar. E eu preciso de avançar. Preciso de ser mais. De conseguir mais. De não tentar controlar para não sofrer ou desiludir(me).
É o momento de confiar. É o momento de arriscar. É o momento de crescer e de deixar o que me prende e me impede de voar.
Há muros, conceitos, medos que tenho de derrubar.
Eu tenho tanto para dar... Mas é por mim, pelo meu ser, que tenho de começar.
E sim, hoje estou fria, analítica, crítica na e da verdade. Sobre e para mim.


Cat.
2021.02.27

sexta-feira, 14 de maio de 2021


 

Tenho dias em que me sinto assim, perdida neste emaranhado espaço-temporal sem sentido.
Talvez o tenha, mas sinto que perco, a dada altura, o fio à meada. Como um nó sobreposto noutro nó e noutro e noutro noutro...
Hoje sinto-me assim.
Hoje é um desses dias.
Custou levantar, a vontade de sair do quente da cama era quase nula. Na minha cabeça apenas surgia a pergunta: para quê? Para ires para o sofá, ver as horas passarem no ecrã da tv, num filme que não acrescenta nada ao que és? Não te iludas: não irás passar a ferro a roupa amontoada no quarto que não usas; nem tampouco arrumar a loiça da máquina ou tratar da roupa. Vais vegetar, deixando mais um dia passar sem nada fazer.
E assim foi. É verdade. Tudo aconteceu como descrito: horas vazias, cheia de nada, num dia feio de Inverno, cinzento, sem luz. E sem pessoas, sem pássaros, só o cinzento de quase chuva, acompanhada de vento.
Hoje sinto-me assoberbada com tudo na vida.
Hoje já senti medo pelo futuro. Já senti ingratidão. Já senti desânimo e vontade de desistir. Já senti a mente vazia de tudo.
De cada vez que senti estas emoções, tentei contrariar. Tentei mudar o chip e focar na esperança, na fé (seja lá o que for), no aceitar o que vier e em agradecer e acreditar que o dia de amanhã será melhor. Bem melhor.
Eu sei que há retorno para as nossas acções e pensamentos.
Eu acredito que o futuro vai ser melhor.
Eu sei que algo está para chegar e que tudo vai mudar e a vida será bela, cheia de luz.
Eu sei. Eu sinto.
Mas hoje, hoje preciso de mais que um acreditar.
Hoje preciso chorar e os meus receios libertar. Não é isto que quero sentir. Não, definitivamente não é o que quero. Mas é o que sinto e a luta hoje parece impossível de vencer.
Choro. Limpo a Alma enquanto debito o que sinto, nestas palavras que só para mim fazem sentido.
Choro. Peço que as lágrimas salgadas levem esta angústia do peito, esta inércia do corpo e o vazio da mente.
Estou cansada deste momento da vida. Hoje, hoje estou cansada.
Choro e quero adormecer para acordar com outro alento.
Choro pois preciso de força cá dentro.
Eu sei qual é o caminho, está ali, à minha frente, só que perdido nos nós da vida e da mente.
Hoje, estou assim, perdida na vida.



Cat.
2021.02.10

quinta-feira, 13 de maio de 2021

Escrever-te



Eu sei que fiquei de te escrever, de te dizer, de te dar a saber. Eu sei e tu sabes. E sei que relevas a minha falta de palavras.
Não há muito a contar pois os dias correm como sempre: o hoje igual ao e o amanhã idêntico ao hoje.
Horas que passam numa sequência sem significado diverso ao do correr do tempo.
Não há histórias. Não há conversas. Não há visitas ou saídas porque sim.
Há um tempo estranho, que deixa estranha a mim e aos outros. Somos todos estranhos.
Em todos os sentidos.
Não nos reconhecemos, descaracterizados que fomos, parecendo que saímos de uma linha de montagem.
Não nos sentamos como habitualmente ao pequeno almoço ou no café após almoço ou mesmo no nosso posto de trabalho.
Não conversamos sobre o que quer que seja.
Não nos damos e não recebemos.
Não, não, não. Um punhado de nãos que nos impedem de viver.
E ficamos estranhos, eu pelo menos fico, nesta ausência de rotinas substituídas por algo que me deixam mais ausente que presente.
Mais ausente da vida, lá fora na rua e cá dentro de portas e na Alma.
Não há muito a dizer, pois não há muito que se faça.
Mentira: faço o premente esforço de pensar e de me obrigar a acreditar que isto vai mudar.
Mas no fundo, penso que o que vai mudar são as pessoas.
Este afastamento tão real e prolongado está a criar brechas demasiado profundas na personalidade humana.
Deveria tornar-nos melhores, fazer-nos sentir quão preciosa é a liberdade de poder viver, andar, falar e respirar. Mas não... Estamos cada vez mais estranhos, cada vez mais fechados, em nós, nos nossos medos, nos nossos mundos cada vez mais pequenos.
Por isso não te escrevo: não há nada de novo neste novo modo de viver.


Cat.
2021.02.09