terça-feira, 30 de abril de 2013

Ânsia



Há uma ânsia crescente em mim,
Que me denuncia a vontade,
Pelo olhar que te pousa na pele,
Pela boca que se entreabre
No desejo de em ti mergulhar.
Um querer que se expressa
Sem sons ou palavras,
Apenas um perceber
Que se sente no ondular
De cada um dos meus passos.
Uma entrega antes de me dar,
De me entregar aos teus desejos,
De me deixar subjugar aos teus caprichos,
De me te dar sem limites ou medos,
De seres e existires em mim,
Sem precedentes,
Desde sempre.
 

28.Abr.13

Desperto


E o Domingo inicia de forma lenta e lânguida como o corpo que agora desperta.
Na janela pardais disputam folhas e pequenos ramos de arbustos para aconchegarem os ninhos que vão construindo e as gaivotas vão sobrevoando os telhados dos prédios vizinhos e param, olhando sem questionar a azáfama dos ramos das árvores ondulando ao sabor do vento.
Hoje não há risos de crianças na rua, nem passos céleres nas pedras da calçada.
Hoje, quase todos parecem dormir ou deixar-se levar por este estranho silêncio de pessoas, talvez não o querendo perturbar ou apenas o desejam contemplar.
Aqui, a manhã vai já alta sem esperar ou se preocupar com o ritmo vergonhosamente desacelerado do meu acordar, numa evidente ausência de vontade em querer daqui sair.
Uma inércia apodera-se do meu ser acompanhada das memórias que me invadem os dias. Recordações gravadas tanto na Alma como na pele, tanto no paladar como no cheiro, tanto nas palavras sussurradas como nos beijos que nos selam as bocas.
E o corpo desperta agora, ao ritmo dos meus dedos deslizando em mim, imaginando os teus...
 
28.Abr.13
 


sábado, 27 de abril de 2013

Ah! Meu amor



Ah! Se eu te dissesse
O quanto te espero,
O que pelo meu pensamento passasse
Como se fosse um tormento,
Não aguentarias!

Ah! Se eu te contasse
Os caminhos percorridos
Pelos meus dedos na face,
Na pele e nos meus lugares
Escondidos,
Não aguentarias!

Ah! Se eu te confessasse
Todos os meus sonhos,
Loucos e dementes desvarios,
Onde és personagem principal,
Não aguentarias!

Ah! Se eu te sussurrasse,
Ao ouvido, baixinho
Que te pertenço por inteiro,
De alma aberta, sem preconceito,
De corpo ardente, febril de desejo,
Ah! Meu amor,
Não aguentarias
E a meus pés cairias!
 

 
24.Abr.13

Carta IV



Escrevo-te sob a égide da esperança.
Sim, esse sentimento tão inexplicável como profundo. E a minha esperança é dessas assim, carregadas de um simbolismo amorfo e incaracterístico. Dessas que é quase uma exigência em troca de nada que te dou.
Em troca...
Do meu imenso sentimento por ti.
Do meu carinho e preocupação.
Do meu Amor e do meu desejo.
Do meu te querer e de me dar-te.
Do meu viver-te e saborear-te de forma plena e insaciável.
De tudo que é possivelmente indescritível.
Apenas capaz de ser sentido através do teu olhar no meu carregado desse mar transbordante de felicidade por mergulhar no teu.
Apenas capaz de ser tocado pelo sorriso dos lábios teus nos meus.
Apenas percebido no entrelaçar dos nossos dedos após o nosso amar num silêncio compreendido.
Escrevo-te com a esperança de te ver a responder na mesma medida do que te dou a saber.

24.Abr.13

Carta III


Escrevo-te hoje.
Apenas hoje, apenas nestes minutos feitos horas carregados da vertigem louca e pesada da tua ausência.
Escrevo-te não para que saibas de mim por estas palavras tão pouco explicativas e tão pouco exemplificativas do que me vai cá por dentro. Não! Isso seria demasiadamente redutor, demasiadamente supérfluo.
Escrevo-te como forma de exorcismo, como um ritual em que me retiro de mim própria as dores que me atemorizam, que me tomam por completo.
Considera estas minhas palavras como uma limpeza. Sim, isso mesmo, uma lavagem, uma purificação do meu ser, ao meu interior, das feridas que são minhas.
Assim, liberto-me de todo este menos bom em que me deixas quando a tua presença corpórea não me acompanha e desta forma, renovada, mas não curada, as forças revitalizam-se e posso esperar-te sempre mais um pouco.


23.Abr.13

Carta II


Escrevo-te.
Escrevo-te para que saibas que não te quero escrever. Que não me quero partilhar através de palavras que nunca sentirás como um beijo na pele desses lábios que sendo teus, juntos com os meus são um cruzar de gostos e sabores em línguas desertas de paladares.
Paladares que nunca sentirás de forma tão intensa e premente no desejar.
Paladares carregados de ventos quentes e aromas que não identificas pois nunca os poderás degustar.
Paladares que jamais outro sorriso poderá alimentar a alma como o de um reencontro de corpos unidos após amados numa cama.
Sabores que só na amálgama dos sentidos da carne desejosa por ser possuída e por se entregar, são sentidos, partilhados e em comum criados.
Não!
Não quero partilhar contigo todas as vezes em que o corpo descansa e se relembra dos nossos inconstantes momentos que sendo intensos, imensos, nunca partilhamos.
Não!
Não te vou confidenciar que te desejo como preciso de respirar.
Escrevo-te apenas, para que saibas que estas palavras serão o meu segredo e que apenas em mim, vão ficar.


22.Abr.13

Carta I

Não me escrevas hoje.
Não me contes como correram as tuas horas cheias de pessoas vazias de valor.
Não quero saber que me sentiste a falta, que a minha ausência de ti te pesou na alma como uma cruz impossível de carregar.
Não quero que libertes essas palavras guardadas na garganta que anseia por as gritar num som quase mudo.
Quero-as aí, bem presas, sufocadas nessa tua saliva demasiado seca e escassa, fazendo-te a língua num nó que não deslaça.
Quero-as escritas em papel de folha alva, imaculada e sem marcas dessas gotas salgadas que te brotam do olhar quando em mim pensas. Escritas a caneta de tinta invisível, impossíveis de ler mesmo por quem as recebe em dedicatória.
Não! Hoje não quero que me fales, escrevas ou descrevas.
Hoje quero que mostres, tudo isso, tão somente e apenas...
24.Abr.13

Nada em mim...

E a tarde acaba em simultâneo com o brilhar dos raios de um sol que hoje foi Verão.
O silêncio é quebrado pelo riso de crianças que ainda brincam na rua quase imitando o chilrear dos pássaros que procuram poiso para pernoitar.
O quente do dia é substituído pela brisa fresca das noites desse orvalho que de manhã mata a sede das flores de Primavera.
Os cheiros são mesclas de frésias amarelas e flores de jasmim que se baloiçam num dançar ritmado pelo vento.
 
Aqui, já não há vento, nem sol, nem brisa fresca ou chilrear de aves.
Aqui, há um silêncio que sabe a ausência. Uma ausência que me abre o peito num vazio carregado de Inverno.
Sinto-me ausente de mim mesma. Numa não existência de pensamentos, de não haver raciocinar, de não conseguir cadenciar palavras em frases que mesmo que digam tudo demonstram nada.
Nada cá dentro. Dentro do peito, dentro de mim, dentro da Alma.
 
Há inícios de noite assim: em que a luz da Lua não reflecte nada em mim...


24.Abr.13

Dicionário de Coisas Simples VII


E o ontem?
O ontem é o sabor de um novo beijo,
Renovado a cada lembrança
Dos teus lábios nos meus.


E o hoje?
O hoje são as margens deste rio
Que me acompanha a cada minuto,
Que como eu a cada maré renasce,
Como a força do teu cheiro
Cravado no meu.


E o amanhã?
O amanhã é o som da chuva
Que desliza no corpo quente,
Como a saliva da tua boca
Saboreando-me a pele.
23.Abr.13



Gente que sente

 
O que sou?
Sou gente que sente.
Um rosto marcado pelo tempo que passa.
Sou lágrima que não dói, que acompanha a calma.
Sou riso que magoa, que traz a desilusão na alma.
Sou verdade parcial num jogo de palavras.
Sou mentira superficial numa melodia de dor carregada.
Sou amor egoísta numa cama onde sou levada.
Sou culpa altruísta num abraço de alma curada.
Sou caminho que avança e muitas vezes está parado.
Sou andar seguro sobre arame fino.
Sou querer e não poder fazer.
Sou dar e muitas vezes mais, receber.
Sou a lua e o sol numa dança eternamente incompleta.
Sou imperfeita no agir, no falar e no ser.
Sou humana com todo o meu insuficiente saber e constante vontade de aprender.
 
23.Abr.13

Dicionário de Coisas Simples VI

E o olhar?
O olhar é um mar imenso
Onde calmas ondas
Me acolhem sem o preconceito
Do silêncio das palavras
Que já sabes de cor.

E as mãos?
As mãos são sonhos de prazer,
Desvendados em pele que se quer dar,
Em beijos que se perdem no lugar
Dos toques de por ti ser amada.

E a pele?
A pele é um abraço que se sente
Em pernas que se entrelaçam
Num arrepio que me estremece.


22.Abr.13

Hoje viajo ao som de...



All I need is a little time,
To get behind this sun and cast my weight,
All I need is a peace of this mind,
Then I can celebrate.

All in all there's something to give,
All in all there's something to do,
All in all there's something to live,
With you ...

All I need is a little sign,
To get behind this sun and cast this weight of mine,
All I need is the place to find,
And there I'll celebrate.

All in all there's something to give,
All in all there's something to do,
All in all there's something to live,
With you ...
 
 

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Thoughts XXIV


Thoughts XXIII


This is the only game you're never sure how to win...



Dicionário de Coisas Simples V




E o beijo?
O beijo é onde o mergulho
Se concretiza em vertigem,
Onde me perco
Num caminho sem retorno.

E o corpo?
O corpo é onde me delicio
Em sabores nunca antes sentidos,
Em sentidos nunca antes provados
De peles molhadas,
Beijadas por lábios salgados.

 
E a entrega?
A entrega é o lugar por dois corpos ocupado,
Misturados, entrelaçados
Feito explosão de sentidos,
Transformado em orgasmo incontido.
22.Abr.13
 


Dicionário de Coisas Simples IV


E o mar?
O mar é gotas de sal
Ressequidas na pele
De um corpo que sentiu
O suor do amor escorrer
E por dentro, a me encher.

E o vento?
O vento é um afago quente
Num dia de Inverno
Em que o teu hálito o meu invade,
E o meu por inteiro se arrepia.

E o Sol?
O Sol é quem me alimenta
As noites vazias de um leito
Em que o teu corpo
Não me reinventa
Em beijos de quente língua.
22.Abr.13

Dicionário de Coisas Simples III


E o sabor?
O sabor é de um saborear
Perdido no tempo
Em que me entrego no teu corpo.

E o odor?
O odor é de um perfume
Feito de cheiros mesclados
De macho e fêmea
Perpetuados numa eterna entrega.

E o toque?
O toque é marca que se entranha na pele,
Que se afunda na carne,
Que me penetra até à alma
E me faz te pertencer.

E as palavras?
As palavras são parcos sons
Gritados em mudos sussurros
Nesta linguagem única
Do sentir e do te ter.


22.Abr.13

Dicionário de Coisas Simples II


E a Felicidade?
A felicidade tem a cor dos teus olhos,
Onde me revejo e leio
Todas as palavras não ditas.

E os sonhos?
Os sonhos têm o sabor
Da tua boca,
Encostada à minha,
Numa noite de ameno Verão.

E a vontade?
A vontade tem a força de dois corpos
Unidos nesse momento
De entrega e de recebimento,
Em que eu me dou
E tu me tomas.

E o adeus?
O adeus tem o tempo
Que nunca avança
E é sufocantemente lento,
Tornando-se demorado,
Prolongando-se na distância,
Sempre longínqua
De te ouvir de novo.


14.Abr.13

Dicionário de Coisas Simples I



E o Amor?
O Amor sabe a flores
Espalhadas por entre árvores
Colorindo jardins
E abrindo francos e sinceros sorrisos
Nuns lábios que são de amantes.

E o desejo?
O desejo fala sem palavras,
sussurra por entre dedos
Que se entrelaçam,
Que deslizam por caminhos
Antes molhados por línguas,
Nesses nossos corpos
Feitos pele.

E a saudade?
A saudade cheira a mar
De gotas carregadas de sal
Salpicadas num rosto
Que é o meu.
14.Abr.13
 


Entardecer

 
E o entardecer vai tomando o seu lugar nas horas de infindáveis e lentos minutos e o compasso de passos ritmados apressam-se nas ruas agitadas de quem não tem mais para onde ir senão para casa.
As cores do céu escurecem e desvanecem-se em anéis de nuvens branco escuras, tristes que quase choram e o vento brinca com elas, fazendo-as competir entre si em corridas velozes num circuito criado de idas e voltas que baralham a nossa percepção.
 
As folha, cá em baixo, aplaudem frenéticas juntas com os ramos das árvores que ondulam sobre si mesmos alheios a quem passa por eles e ao cansaço que se apodera dos corpos.
Alheios ao calmo corropio dos passos acabados de entrar em casa.
 
E eu, apaziguo os pensamentos libertando-os na corrente de um corpo deixado ao abandono de um perfeito e revigorante descanso em que permito que a noite de mim se apodere...
 
12.Abr.13

Thoughts XXII

 
Trago-te comigo
No roçar de um beijo fugidio,
No tocar de um dedo escorregadio,
No cheiro deste ar que respiro.

12.Abr.13

Escondo-me

 
Escondo-me perante o medo de ser tomada por esta sensação de não ter nas mãos as rédeas do meu futuro.
Escondo-me sob um sol que não me queima a pele, que não tem força para penetrar-me a pele e aquecer-me o corpo.
Escondo-me num olhar que transmite um imenso nada, vazio de quereres, cheio de desesperança.
Tapo-me.
Cubro-me.
Em camadas de caras, de rostos, de faces que se vão alinhando e acumulando, formatando ao longo das horas que passo defronte do futuro que não se mostra. Adaptando-me ao vento que corre sem meta específica e que por vezes é demasiado forte, destruidor e que nem assim me quebra, me faz acordar desta profunda letargia, acumulada na minha pele, impregnada na minha alma...

27.Mar.13

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Hoje viajo ao som de...


Eu ando pelo mundo prestando atenção
Em cores que eu não sei o nome
Cores de Almodóvar
Cores de Frida Kahlo, cores
Passeio pelo escuro
Eu presto muita atenção no que meu irmão ouve
E como uma segunda pele, um calo, uma casca,
Uma cápsula protetora
Eu quero chegar antes
Pra sinalizar o estar de cada coisa
Filtrar seus graus
Eu ando pelo mundo divertindo gente
Chorando ao telefone
E vendo doer a fome nos meninos que têm fome

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo
E os automóveis correm para quê?
As crianças correm para onde?
Transito entre dois lados de um lado
Eu gosto de opostos
Exponho o meu modo, me mostro
Eu canto para quem?

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

Eu ando pelo mundo e meus amigos, cadê?
Minha alegria, meu cansaço?
Meu amor cadê você?
Eu acordei
Não tem ninguém ao lado

Pela janela do quarto
Pela janela do carro
Pela tela, pela janela
(quem é ela, quem é ela?)
Eu vejo tudo enquadrado
Remoto controle

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Hoje viajo ao som de...





I find shelter, in this way
Under cover, hide away
Can you hear, when I say?
I have never felt this way

Maybe I had said, something that was wrong
Can I make it better, with the lights turned on
Maybe I had said, something that was wrong
Can I make it better, with the lights turned on

Could I be, was I there?
It felt so crystal in the air
I still want to drown, whenever you leave
Please teach me gently, how to breathe

And I'll cross oceans, like never before
So you can feel the way I feel it too
And I'll mirror images back at you
So you can see the way I feel it too

Maybe I had said, something that was wrong
Can I make it better, with the lights turned on
Maybe I had said, something that was wrong
Can I make it better, with the lights turned on

Maybe I had said, something that was wrong
Can I make it better, with the lights turned on

terça-feira, 9 de abril de 2013

Que me importa...



Que me importam palavras
Rasgando o vento,
Soltas sem destino?
Que me importam versos
Rompendo a garganta,
Sem que ditos com sentimento?
Que me importam discursos
Carregados de vontades,
Se me chegam aos ouvidos sem sentido?
Que me importam sons musicados
Em melodias imitando o mar
Se não são sentidas de verdade?
Que me importa o cheiro
Das flores na laranjeira,
Se não vem do teu corpo?
Que me importa o calor do sol,
Carregando a vida e o alento,
Se não é o da tua pele?
Que me importam os sabores,
Cítricos ou melados,
Novos ou já provados,
Se não são o paladar da tua boca?
Que me importa tudo isso,
Se não for contigo?

8.Abr.13

Onde vivo...

E é nas tuas mãos
Que sinto que vivo,
Nos teus braços
É onde respiro,
E no teu peito,
Onde bate essa máquina
De forma compassadamente descontrolada
E onde a minha,
Se re-anima e volta
Ansiosa por sentir,
Por me alimentar de viver.
E é no calor do teu amor,
No doce e forte afago da tua pele,
No sabor quente e amargo da tua boca,
Nas palavras que me enaltecem
Ou deixam louca,
Que renasço e aprendo,
De novo e sempre,
A viver.

8.Abr.13

Incessantemente


Sou um corpo
Que se queda
Inerte,
Por vezes,
Sem sentido e sem sentir,
Sem querer e sem vontade.
Sou este viver sem vida,
Que respira e bombeia o líquido
Que nos faz avançar nos dias.
Sou um corpo,
Que desperta quando o odor
A laranjeira se liberta no ar,
Que sorri quando as frias gotas
De mar salgado me inundam as faces,
Que estremece e vibra perante o sorriso,
Inocente e puro,
De uma criança.
E que vive!
Hoje, amanhã e sempre
De coração completamente cheio,
De tudo que me faz sentir.
E de ti!
Vivo tão incessantemente cheia de ti!


1.Abr.13

Apenas

E no corpo apenas esta pele
Que me cobre por inteiro,
Um opaco véu que comanda,
Que desenha o contorno do que sou.
Uma matéria palpável
Que sente e vibra,
Que reage e se contorce,
Arrepia
Sob o vento da manhã fria.
E dentro do corpo esta alma
Que me inunda por inteiro,
Um pensar que controla,
Que se exprime nessas palavras
Habilmente articuladas,
Por vezes dissimuladas das dores
Prendidas no peito,
Ou puras e simplesmente verdadeiras.
Uma alma que sonha,
Que deseja e sente,
Que se compadece e revolta,
Que por vezes se deixa controlar
 Ou se entrega,
Sem sequer pensar.
E dentro de mim
Estas sensações,
Estes pensamentos que me fazem viajar,
Muito, muito para além de mim.
Desta carne que me confina os movimentos.
E eu sou corpo.
E eu sou Alma.
E eu sou grande e tão pequena...
1.Abr.13

Anseio


E o dia avança lento ao sabor das gotas de chuva que vão impondo o seu ritmo nos passos de quem se atreve a acompanhá-la.
Há no ar um ténue cheiro de uma Primavera tímida que vai despontando aqui e além nas pétalas cor-de-rosa das cerejeiras que se deixam levar de forma submissa pelo vento até ao chão, onde se misturam com o lilás das fortes e decididas flores campestres.
O mar invade a terra de f...orma prepotente e imponente como um conquistador certo e absoluto da sua vitória indiferente ao bater dos minutos que vão deixando que a luz do sol esmoreça sem qualquer resistência.
E o meu corpo obedece a esse ritmo ciclico de um respirar sem pensar, de um coração que bombeia sem receio esse líquido que nos prova que estamos vivos.
E eu anseio que as horas passem sem medo, sigam o seu rumo mais rápido para que possa sentir um ritmo que desperte a pele. O teu cheiro, o teu sussurrar, o teu toque.
E desejo que tu te faças mar e eu me torne na tua terra, onde tu, faminto de mim me invadas sem piedade e eu, sedenta de ti, me abra sem medo de te receber.

31.Mar.13