quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Tudo
O dia já acordou há algumas horas e chora compulsivamente, de forma quase constante. O céu está negro, sombrio por culpa de núvens escuras e tristes.
Não há pássaros a cantar, anunciando a Primavera.
Não há o cheiro de flores no ar, nem de jasmim, nem de laranjeira.
Há a chuva que cai e tudo invade. Numa cadência sem ritmo. Num musical que ninguém pára para ouvir, que não encanta e que ninguém quer sentir. Os passos na calçada são rápidos, apressados, desviando-se dos aglomerados dessa água que cai, desses lagos miniatura que formam na rua. Guarda-chuvas coloridos escondem os rostos de quem por ali passa. Não há olhares contemplativos ou enternecidos ou de espanto para o rio. Os barcos são raros e seguem quase vazios, sem risos, sem fotógrafos de momentos, sem grande vida.
Há a chuva que cai e tudo invade.
Até o rio se rende e, no seu correr, fica inerte, deixando apenas as gotas da chuva marcar a sua passagem, em círculos de ritmos constantes.
E eu, deste lado da janela, compreendo esta regra: há situações que não vale a pena contestar, contra elas lutar. Às vezes é preferível deixar andar, deixar a tempestade passar e, ao seu ritmo, bailar, sem muitas ondas levantar e apenas esperar, porque tudo, tudo acaba por passar....
Cat.
2019.04.15
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