quinta-feira, 21 de julho de 2016

Há quanto tempo...

Há quanto tempo não me lês?
Há quanto tempo não passas as portas do meu coração e me sentes de verdade?
Nem tu sabes, nem eu imagino.
Há palavras que são apenas tuas. Palavras conjugadas daquela forma que só nós reconhecemos e em que só nos revemos.
Palavras nossas, reflexo do nosso sentir que agora é apenas meu. Já não me reconheces os olhares, os sorrisos, os (imensos) sentires... Sou quaseuma desconhecida, uma estranha estranha. Desinteressante, monótona, repetitiva e enfadonha. Como se já não houvesse nada mais a descobrir e isso mantém-nos apenas perto. Não juntos, não unidos, não unificados, apenas e somente, perto. E afastados, longe um do outro.
E há tantas palavras que ainda vivem dentro de mim, prontas para o teu sinal de interesse. Preparadas e à espera que os teus olhos me vejam, que me anseies por descobrir de novo... Por me voltares a ler com a vontade de outros tempos.
Há quanto tempo não me lês?

21.Jul.2016

terça-feira, 19 de julho de 2016

Faltas-me

Faltas-me.
Os momentos em que o dia brilhava apenas com a tua presença. Não a física, que essa era-me indiferente.
Mas com a tua Alma, com a tua essência.
Os momentos em que as noites eram carregadas de sonhos. Não físicos e sexuais, que esses eram-me indiferentes.
Mas com a tua vida, com a tua experiência e vivência.
Os momentos em que o sorriso me acompanhava e as palavras fluiam sem regras, sem medos.
Eu vivia a emoção de uma menina, apaixonada pelas conversas de quem me ensinava. De quem me mostrava que o Mundo não é tão pequeno como eu o sentia. De quem me abria as portas à infinidade de pessoas que nos podem habitar, de quem não se mostra formatado às condicionantes da vida.
Um sentimento que me inundava por inteiro.
Um sentimento que me deixava aberta ao mundo, desperta para a vida e para a beleza que há em cada um de nós.
Contigo cresci mais do que alguma vez pensei.
Contigo fiz-me mulher mesmo antes de te tocar. De sentir o odor, a força do teu abraçar.
Faltas-me.
Nessa medida que é apaixonada estar...
Nessa medida em que me fazias vibrar e arrepiar.
Nessa medida em que especial me fazias sentir, na atenção que me querias dispensar.
Faltas-me.
Por egoísmo, por querer sentir o coração descompassado bater...

19.Jul.2016

Como um pássaro

O dia aparece devagar, tímido e o sol esconde-se por trás de um nevoeiro pouco habitual para um dia de julho e o calor apenas se sente dentro de casa.
Sente-se no ar o odor do orvalho fresco nas folhas das árvores, na relva do jardim e as flores já não emanam perfumes intensos.
Lá fora o chilrear constante dos pássaros é quebrado por espaçadas passagem de veículos, interrompendo, de forma abrupta, a sua melodia que me acalma e solta o pensar.
Como seria bom ser pássaro, cantar e com isso encantar, embelezando com sons a vida de quem me ouvisse.
Ser livre e voar para longe ou perto ao sabor do vento.
De aparência frágil e ser forte.
Como seria bom...
Mas não nasci ave.
Mas não nasci com a capacidade de (en)cantar.
Mas não nasci livre.
Nasci mulher, esse ser que pensa e sente.
Talvez de mais.
Por vezes penso que deveria ser mais como um pássaro e deixar-me levar pelos momentos, apenas permitir-me viver. Sentir mais e pensar menos. Não me retrair com eventuais consequências da treta e deixar fluir o que sou.
O que verdadeiramente sou.
Não me preocupar em ser adulta quando cá dentro há um ser frágil, à procura de protecção.
Não ter de sorrir quando cá dentro há uma tempestade prestes a explodir.
E não ter receio de me mostrar: as fragilidades e as certezas, as convicções e as fraquezas, o sorriso e as lágrimas, as rugas e as imperfeições no corpo...
Ser Mulher sem as pressões que nos limitam a aparência, a postura e, muitas vezes, a essência. Formatadas à imagem de um modelo irreal, impossível de alcançar.
Somos o que somos e esta mulher aqui, é como um dia de Verão, em que o sol e o calor se escondem por entre as gotas de orvalho, mas nunca deixam de se fazer sentir com todo o seu esplendor. Mesmo que queime, mesmo que provoque alguma dor...


19.Jul.2016

terça-feira, 5 de julho de 2016

Hoje viajo ao som de...



Now as he sits on the back of this grey caravan
Tomorrow he will probably be
Jumping Parisian metro barriers with
A bottle in his hands

Sparkling, sparkling water mixed with
Peaches and rhum
Honestly I don’t drink but if I did this will
Be my favorite punch, he said

Walk out the door with her
And he could see everyone
Dressed in black a class
That seems too far too fetched

She said, “Look at you, look at you, the game is over
The cup is full, your cup is full, stop praying for more exposure”

“It is obvious that you are trying
Dubious stop or you will die here
You’re pretending but no one is buying”

London, London, London is calling you, what are you waiting for
What you searching for?
London, London, London is all in you, why are you denying the truth?
“I might, I might, I might be boring you” he said
“Although it’s not clear as the morning due
When my preferred ways are not happening
I won’t underestimate whom I am capable of becoming”

History will be made to day is written
Boldly on his face
So clear you could hardly miss it
You could hardly miss it

For transcending the barriers of
Yesterday was and is the dream
On a road where Cleopatra comes and goes
Like fishes caught in ponds then thrown back for fun

She said, “look at you, look at you, just pick a fleet
Your cup is full, your cup is full, what have you not yet achieved?”

“It is obvious that you are trying
Dubious stop or you will die here
You’re pretending but no one is buying”

London, London, London is calling you, what are you waiting for
What you searching for?
London, London, London is all in you, why are you in denial of the truth?
“I might, I might, I might be boring you”, he said
“Although it’s not clear as the morning due
When my preferred ways are not happening
I won’t underestimate who I am capable of becoming”

terça-feira, 31 de maio de 2016

Eu vivo!



O dia ainda não se faz sentir e é apenas uma claridade ténue e sem expressão na linha do horizonte.
Neste lusco-fusco quebrado por pontos de luz brilhantes e que iluminam as ruas, a vida vai acordando e começa a acontecer.
O silêncio vai sendo derrotado por pequenos ruídos do dia-a-dia que só aqui, neste momento, conseguem reinar na sua plenitude: o chilrear de um melro na beira do jardim, os passos isolados de uma solitária madrugadora ou, de uma igualmente só, noctívaga na calçada humedecida pelo orvalho e pelo trabalhar dos automóveis que vão aumentado a frequência da sua passagem até se tornar banal e ser um ruído de fundo, imperceptível e sem significado.
Aqui, dentro do meu quarto, a vida ainda não começou: tu ainda dormes. E eu, por inerência e apesar de ter os olhos abertos, também não acordei ainda. Inspira-se e expira-se mas não se respira; o sangue que o coração bombeia corre nas veias mas não se sente nem é quente; a pele é de um morno demasiado fraco para que se arrepie ou apeteça tocar; os lábios cerrados e sem expressão não se desejam beijar.
Porque eu só acordo depois do teu olhar; porque o sangue só aquece depois do teu tocar; porque os lábios só se abrem depois do teu sorrir; porque o coração só bate forte e vibrante depois do teu beijar.
E depois do teu me amar, do teu corpo se unir ao meu, do teu odor se mesclar com o meu, de eu ser, completa e absolutamente, tua e tu meu, eu desperto e abraço o dia e respiro e sinto e arrepio e, aí sim, de forma plena e vibrante, eu vivo!




31.Mai.2016

domingo, 22 de maio de 2016

Cavaleiros andantes



Não há cavaleiros andantes, príncipes encantados ou o homem perfeito.
Como não há princesas, mulheres, mães e amantes imaculadas.
Somos seres imperfeitos. E nós, mulheres, somos inocentes, crédulas quando pensamos que há pessoas que nos vão colmatar as faltas, as necessidades, concretizar os sonhos e sermos felizes para sempre.
O para sempre não existe.
Os sonhos só nós os podemos realizar.
As necessidades são muitas e tantas vezes produto imposto.
As faltas só nós podemos ultrapassar.
Não há milagres. Não há magia que faça resultar o que não foi feito para resultar.
Batalhar por causas perdidas não é lutar, é desgastar o pouco que ainda há.
Nós mulheres sabemos quando algo termina. Quando já não há cura para as feridas e apenas as aprofundamos...
Porque, mesmo sabendo no nosso íntimo, continuamos a tentar?
Porque admitir que o sonho terminou, que não é eterno, dói.
Porque, no fundo, sentimos como um falhanço. E na verdade é apenas consequência do viver, do crescer e de outros objectivos querer alcançar e viver.
Chegar, dar, receber, partilhar e partir é facto indiscutível de quem vive.
E não podemos permitir-nos a ser apenas um ser que sobrevive. Estagnado, que acaba adormecido no irreal sonho do "para sempre"...




22.Mai.2016

segunda-feira, 16 de maio de 2016

Acordar



A manhã avança ao ritmo a que já nos habituou: lenta, demorada e compassada nos tempos do poisar dos pés de quem se passeia pela calçada.
O rio agita-se apenas pelo passar dos barcos que passeiam repetida e alegremente quem deseja passar as suas pontes, indiferentes a quem por elas passa de forma sistemática e sem novidade.
E a vida é assim, como o passar pela ponte: o hábito, a rotina são imensos e os dias, tal como as águas do rio que por si passam, iguais a todos os outros. Um vai-e-vem de gente com rostos mais ou menos familiares, mais ou menos íntimos, mais ou menos importantes para nós, num caminho que parece sempre igual.
Um adormecimento dos sentidos vai-se impondo de forma discreta mas segura, uma hora de cada vez, um dia a seguir ao outro e os meses passam: iguais, sem variações, deixando um vazio que não se preenche facilmente. Uma impotência para lutar contra algo que nos é tão intrínseco, tão nosso. Sim, porque sendo algo que cresce em nós, vem de dentro para fora. E os olhos já não brilham. E o riso já não se solta. E as palavras amáveis e de conforto, de amor e felicidade já ficam presas na garganta... Tudo guardado aqui, neste pequeno espaço do tamanho de uma (pequeníssima) Alma.
Mas há dias em que este torpor nos larga, nos liberta a mente da habitual passividade e o vaguear por sonhos é real. E, nesse instante, nesse preciso momento tudo ganha um brilho especial e a vontade de ser o passageiro do barco que se encanta com as margens deste rio é a única coisa que se sente. O desejo de ver com um novo olhar as paisagens que já nos encantaram e que sempre nos revigoram, bastando para isso, abrir as portas ao inesperado, à beleza singela de uma violeta na beira de um passeio, ao odor das glicínias e da flor de laranjeira...




16.Mai.2016

sábado, 30 de abril de 2016

Ilusão



Os teus olhos despem-me
E a blusa desaperta-se,
Suavemente,
Botão a botão.
A tua boca beija-me
A boca,
O pescoço,
Os seios desnudados.
As minhas pernas cruzam
E a saia deixa antever
O formato das coxas
Que, propositadamente,
Acaricio com a minha mão.
Ignoro-te,
Viro-me e mudo,
Inesperadamente,
De direcção.
Não quero tornar-me real,
Quero que me sonhes,
Me desejes,
Me anseies,
Até ao dia
Em que deixarei de ser,
A tua perfeita
Ilusão.




30.Abr.2016

sexta-feira, 29 de abril de 2016

XXX Verdade Irrefutável



E quando me chamas de meu amor, sou tua, pertenço-te como jamais pertenci a alguém, como jamais me permitirei voltar a pertencer. Tua, apenas e única e somente tua.


29.Abr.2016

Mergulhar em mim



É tempo de mergulhar em mim. De me descobrir, de saber quem verdadeiramente sou, de me destapar dos estigmas que me são impostos.
É o momento de parar a vida, de a suspender, de abrandar o ritmo do passar dos dias em que a rotina impera.
É a altura certa de perceber o que fui e o que não cheguei a ser, o que sou e o que não quero ser, o que em mim mudarei ou simplesmente manterei.
Um balanço de vida? Não. Sim. Talvez. Mas sem dúvida um balanço de mim, do que cresci e aprendi e, sobretudo, do ganho de consciência do que ainda preciso crescer. Dos medos que ainda preciso enfrentar, dos defeitos e falhas que ainda tenho de colmatar.
É tempo de me abraçar, de me aceitar, de me melhorar.




29.Abr.2016

(In)Certezas



Não há certezas, apenas dúvidas e a cada decisão um novo final e um novo recomeço.
A vida é como um livro: está à frente dos nossos olhos e, tal como as capas dos livros, seduz-nos com as suas cores vibrantemente brilhantes. E nós avançamos, virando esquinas, seguindo caminhos, com a mesma voracidade com que desfolhamos as páginas, uma a uma, de um livro: ora rapidamente com ansiedade de descobrir o final, ora demoradamente com receio do desfecho.
Como nos livros, apenas da nossa vida ficam gravados os momentos mais intensos, as histórias mais hilariantes, as dores mais lancinantes, descritas como memórias vívidas de um tempo que parece nunca ter avançado, de tão presentes que estão.
Como nos livros, há pessoas a quem agradecemos a constante presença e apoio, há as pessoas que amamos e sem as quais não teríamos histórias, há as pessoas que nos marcam, o corpo ou a alma, e sem as quais não crescíamos, não aprendíamos.
A vida é como um livro, ora feliz, ora triste; ora luminoso e agradável, ora cinzento e desconfortável. Vivências intercaladas por narrativas monótonas ou expressivas que culminam num clímax de sentimentos e resoluções.
E quantas vezes, como quando se escreve um livro, é necessário recomeçar para não repetir os mesmos finais, para não reviver os mesmos sentires, mas porque há que continuar: deixar de viver nunca é opção. Tal como deixar de escrever não constrói um livro. E um livro, tal como a vida, só o é quando se não se desistir dele, se continuarmos a escrever as suas páginas.
E no final da vida, tal como na contra-capa, as palavras mais bonitas a resumir a (nossa) história e, na grande maioria da vezes, embelezando e tornando-a mais apetecível do que realmente foi...




29.Abr.2016

quinta-feira, 28 de abril de 2016

Segredos



Segredos, não há quem os não tenha. Fazem parte da vida, fazem parte do viver, do aprender e do sentir.
Há segredos que se contam a quem confiamos, a quem confidenciamos, mas deixam de ser segredos: passam a ser histórias contadas.
Segredos verdadeiros são aqueles momentos que partilhamos com aquela pessoa e que sempre recordaremos como únicos, irrepetíveis, irredutíveis. Sempre presentes e sempre sentidos da mesma forma.
Aquela primeira troca de olhares.
Aquele primeiro beijo, mesmo que já tivesse beijado mil vezes.
Aquele primeiro toque em que o corpo estremece.
Aquela primeira fez em que o teu sexo penetrou o meu.
Aquele primeiro abraço depois dos nossos corpos se terem amado e o nosso cheiro estar misturado.
Aquele momento em que, por insegurança, chorei por medo, por receio de te perder.
Ou quando me olhaste dentro dos olhos e me disseste: amo-te, como nunca amei até hoje.
Segredos que são apenas nossos, delicadamente guardados...




28.Abr.2016

quarta-feira, 27 de abril de 2016

Podia dar-te o Mundo



Podia dar-te o mundo. O meu mundo. Com tudo o que o preenche e tudo o que eu sou, com tudo o que por ti faria, com tudo o que por ti sentia.
E sabes, não era assim tão pouco. Era tudo.
Aquele tudo que só quem ama incondicionalmente pode dar.
Aquele tudo que só se recebe uma vez na vida, que só se dá uma vez na vida.
Um tudo em que deixamos de ser um, de ser eu, para sermos dois, para sermos nós. E assim viver, alimentando-nos de e um ao outro. Esse tudo seria mais que suficiente, seria o grande amor que nos enche de vida, que tudo para sermos felizes nos daria.
Podia dar-te o mundo, um mundo meu para ti.
Mas os caminhos descruzaram-se algures no caminhar da vida.
Agora, espero que tudo, este imenso tudo, passe, aqui, no meu mundo. Sozinha.




27.Abr.2016

Thoughts XXXI




Sentir o corpo
Estremecer,
Deixar a pele
Arrepiar,
Fazer o coração
Bater,
Obrigar o sangue
Correr,
Saborear a boca a
Beijar...
Permitir à Alma
VIVER!




27.Abr.2016

terça-feira, 19 de abril de 2016

Sonhadora



Era uma sonhadora. Uma menina que sonhava com as pequenas coisas da vida. Coisas que pensava existirem sempre e para sempre nos seus dias, como uma constante inequívoca.
Sonhava ou não pensava nas eventualidades da vida, das suas inevitabilidades.
Era como se o mundo fosse uma certeza imutável, sem o sentir da perda ou da ausência ou a excitação da surpresa.
Imaginava um mundo de pessoas sem maldade, sem interesses mundanos ou egoístas, sem o peso da responsabilidade de cada acção sua no viver de terceiros.
Tudo era uma utopia, cor-de-rosa que nunca gostou.
Hoje já não sonha, é uma crente. Não em qualquer deus de uma qualquer religião, não nas suas capacidades de vitória, não nos sonhos que outrora eram realidade.
Cresceu e es experiências que viveu mostraram uma realidade que não se sonha. Que ninguém algum dia sonhou. Desilusões, tristezas, desventuras e lágrimas correram pelo rosto. Mas também sorrisos francos, beijos e abraços verdadeiros, carinhos e provas de amizade encheram-lhe o peito.
E acredita.
E compreende.
E até perdoa um e outro ente que erra com ela ou com ele próprio.
Acredita que os Homens precisam perdoar-se, cada um a si próprio e depois aos outros.
A culpa impede-os de serem felizes.
Já não sonha com um mundo perfeito, mas acredita, que a cada dia, se cresce e aprende, se aceitam as diferenças e se faz a diferença.
Aqui, não no tamanho da sua imensa Alma, mas no pequenino que é o seu Mundo.




19.Abr.2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Não regressei



Não.
Há momentos que não voltam, que jamais se repetem, que nunca se podem reviver.
Não.
Não voltei a esse momento.
Não.
Os dias correram em horas que se demoravam mais do que o desejado. E eu desejava pelas tuas palavras. Por aquelas específicas palavras que nunca chegaram.
E chegando jamais seriam suficientes para te mostrar o quanto sentir havia cá dentro.
Não, o momento em que te esperava passou. Num passar ansiosamente lento.
Nunca um momento se prolongou por tanto tempo.
Nunca um momento esperou tanto por acontecer e no fim, quando chegou, não passar de um simples quase ser...
E as palavras ficaram presas nesse tempo: quase ditas, quase partilhadas, quase recebidas, quase tudo redondando num grande nada.
Não, não revivo esse momento.
Não, não repito mentalmente esse momento.
Não, não desejo voltar ao nada que quase foi um tudo.
Aprendi e vivo o momento que é o agora. Vivo como quem não se prende e solta o sentimento a quem não suspende o sentir à espera "daquele" momento.
Não, não regressei a esse momento.



18.Abr.2016

segunda-feira, 21 de março de 2016

Ele(s) IV



ELA:
Traz na alma o sabor da incerteza: será a pessoa certa?
E esta pergunta funciona em ambos os sentidos, para ambos os lados, para cada um deles. Ela será o que ele espera e ele será tudo o que ela deseja.
E ela deseja tão pouco... Alguém que a aceite pelo que é, sem condenar antes de tentar perceber o que foi e o porquê de ter feito. De ter dado determinados passos que nem sempre foram os certos. Mas muitas vezes também não foram errados. Foram o que foi possível ser, o que conseguiu fazer, dar e receber. Sim, porque também se negou a receber. Várias vezes e por não acreditar, por duvidar, de novo dela e dos outros.
Mas é isso que faz com que seja o que é. Mas será que é o que ele quer?
Não há certezas e as dúvidas pairam no seu pensamento e condicionam o que vai mostrar, de como se vai mostrar e até onde se vai deixar levar.
Tem de aprender a viver um dia de cada vez, de hora a hora, cada minuto como único e sem tentar prever o que não consegue.


ELE:
Não pensa se vai dar certo ou errado, se vale a pena pois apenas sabe que é o que quer. Neste momento é o que deseja e o que mais anseia é voltar a vê-la, mesmo que esteja ali, frente a si já lhe sente a falta e já deseja. Aos seus olhos cor de mar, às suas faces rosadas que coram a um singelo elogio. Agrada-lhe a inocência que ela ainda transporta no olhar. Agrada-lhe o sorriso franco e doce e as gargalhadas pulsantes de vida de uma situação qualquer que lhe conta.
Gosta da forma como ela se move nos tacões e a forma como a saia se cola ao corpo, às suas curvas delineadas e roliças. Gosta do decote que o deixa a imaginar como será o desapertar lento e espectante de cada botão da blusa. Imagina os seus lábios rosa e que sabor terão.
Imagina onde poderá levá-la dali para fora sem parecer demasiado atrevido, mas quer olhá-la, quer ouvi-la e voltar a sentir o corpo a desejar sem mais distrações. Quer ser todo dela.
E tocar-lhe com desejo. E abraçá-la protegendo-a. E é estranho esta mescla de sentires.
Mas basta-lhe querer estar com ela e tudo o resto será, sem dúvida, o que ela quiser que seja.


21.Mar.2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

Desejo. Quero.



Desejo
Que o teu toque desperte
Os sentidos adormecidos
Em longas horas de espera.

Desejo
O teu beijo nesta boca
Que te anseia,
Neste corpo que se entrega,
Nesta pele que se arrepia.

Quero
O calor que de ti emana,
O teu cheiro em mim espalhado,
As marcas do teu me amar,
Na minha carne,
Gravadas.

Quero
Que a tua língua me explore
Recantos perdidos no corpo,
Que as tuas mãos deslizem
E os teus dedos,
Sábios,
Frenéticos dedilhem
Até que a minha face,
De prazer,
Core.

Quero
Este corpo de novo a estremecer
De imenso, intenso prazer,
Quero
Que me faças de novo tua,
Me possuas,
Me leves à loucura
De te ter em mim,
De a ti e ao teu desejo
Me entregar,
Sem limites ou receios,
De por completo
Te pertencer.


11.Mar.2016

domingo, 28 de fevereiro de 2016

Serias?



Serias capaz de me amar?
Conseguirias amar-me da mesma forma que eu te amei: sem medos, receios e de forma pura?
Amar-me-ias mais a Alma que ao corpo?
Eu nunca te amei o corpo, não o conhecia, era-me indiferente.
Amei-te a alma, a tua essência, o teu íntimo, o âmago dos teus sentimentos.
Amei-te pelo que és. Pelo que me mostraste sem recurso a subterfúgios corporais e promessas de amor eterno.
Nunca o prometeste. Nunca a isso te referiste. E eu, eu amei-te mais ainda por isso.
Amei-te pelas qualidades mas quando te descobri os defeitos, amei-te ainda mais. Porque és real. Porque és humano, imperfeito como eu.
Serias? Serias capaz de me amar assim?


28.Fev.2016


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Hoje viajo ao som de...


Run and hide, it's gonna be bad tonight
Cause here comes your devil side
It's gonna ruin me
It's almost like, slow motion suicide
Watching your devil side, get between you and me

So tell me what I need to do
To keep myself away from you
To keep myself from going down
All the way down with you

Still I want you, but not for your devil side
Not for your haunted life, just for you
So tell me why I deal with your devil side
I deal with your dangerous mind, but never with you
Who's gonna save you now, who's gonna save you?

I can't lie but I don't miss those times
We were on a high, I thought it would never end
But you and I, we've come from the same long line
Good kids with a devil side, just going around again

So tell me what I need to do
To get myself away from you
To keep myself from going down
All the way down with you
All the way down with you

I want you, but not for your devil side
Not for your haunted life, just for you
So tell me why, it's always your devil side
It's always your dangerous mind, it's never you
So who's gonna save you now, who's gonna save you?

So tell me what I need to know
To make you wanna change it all
To keep myself from going down
All the way down with you
All the way down with you

I want you, but not for your devil side
Not for your haunted life, just for you
So tell me why I deal with your devil side
I deal with your dangerous mind, but never with you
Who's gonna save you now, who's gonna save you?
Who's gonna save you now, who's gonna save you?

Who's gonna save you now?
Who's gonna save you now that I'm gone?

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

Tudo porque...



O dia avança no seu peculiar passar de minutos, hoje gélidos e demasiado molhados.
Não há pessoas na rua e o silêncio é o já interiorizado som das gotas de chuva no vidro da janela e apenas interrompido pelo passar de um carro, rápido e sem apreciar a paisagem.
Hoje não há fotografias às pontes, não há barcos a riscar as águas revoltas de um rio que corre mais veloz para o encontro com o mar e as gaivotas planam baixinho nos céus cinzentos escuro.
Aqui, a pele também sente o frio, o sorriso também se esconde e a vontade de não estar aqui é maior que nunca. É demais, quase insuportável.
A alma também escurece ao ritmo do passar das núvens e do chegar do anoitecer.
Salva-me pensar que ao fim das horas lentas terminarem, chegarei a casa e tudo será diferente.
Terei o calor de um aconchego que cobre o corpo e inunda o coração. E este bombeará mais fortemente esse sangue quente que nos faz viver.
Porque te tenho.
Porque me esperas.
Porque me amas.
Mesmo eu sendo perfeitamente imperfeita.
Porque te amo.
Porque te anseio nos meus braços.
Porque te tenho sempre presente no pensamento.
Mesmo que não te apercebas.
Mesmo que passe um dia sem to dizer. Ou um momento sem to demonstrar.
Porque me és alimento.
Porque te dou alento.
Porque somos o que ambos esperamos do outro. E não esperamos nada mais que tudo.
Tudo que nos faça feliz.
Tudo que nos apeteça fazer e dizer.
Tudo que não nos prenda em rotinas que nos acabam por definhar.
E o calor entre nós nunca morrer!

17.Fev.2016

terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Ele(s) III


ELA:
Podia ser diferente e não se contentar em apenas se entregar de corpo e alma. Raio de mania essa de se dar por inteiro. De querer ser tudo o que ele deseja: a amiga, confidente, mulher, mãe, amante... Mas não é possível e aos poucos, a cada falha, a cada nova tarefa incumprida como deseja, apercebe-se da sua impotência em consegui-lo ser.
E isso mata-a. A pouco e pouco, aos bocados e demoradamente. E martiriza-se pensando na sua enorme incapacidade em ser perfeita. E frustra-se a cada pensamento. E os olhos não brilham, os lábios não sorriem e o corpo não deseja. E ele, na cabeça dela, vai deixando de a amar. A pouco e pouco, aos bocados e demoradamente.


ELE:
Podia ser diferente mas gosta dela assim, tal como é. Com as suas pequenas imperfeições: faz dela uma mulher real, que a ele se equipara. Sim, ele não é perfeito mas também não tenta ser. Sabe que podia ser melhor mas é feliz assim porque ela o aceita. Como ele a ela. E não importa que não seja a melhor cozinheira, a perfeição a passar a ferro ou que não aspire a cada poeira no chão da sala.
Ele ama-a pelo sorriso, pelo olhar sedutor e apaixonado, pelas curvas de um corpo que se sabe mover e o excita. Pelos beijos. Pelo sexo. Pela companhia. Pelo sexo que é (quase sempre) fenomenal. Sim, o sexo é importante para ele. E ela preenche todos os seus requisitos.
Sente que a rotina das tarefas diárias são um peso demasiado grande na forma como ela reage e quer mostrar-lhe que nada, mas mesmo nada é mais importante que estarem juntos. Verdadeiramente juntos, abraçados, enroscados ou apenas, um ao lado do outro, sentados. E mesmo que a ausência de palavras impere, não é constrangedor ou mau ou sinal que algo não está bem ou que ele esteja saturado dela ou mais um milhão de outras coisas que passam pela cabeça dela! Não, é apenas porque não há necessidade de encher o silêncio. É porque é confortável. E não há nada melhor que saber apreciar momentos a dois, em silêncio.

17.02.2016

sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ele(s) II



ELES:

A cada dia se importa menos com o tanto com que se importa. Vai-se esvaziando das preocupações.
O que ele não sabe é que a diminuição do importar é equivalente ao aumento da indiferença, à diminuição do amor.
Do amor não, que ela continua a amar com a mesma intensidade, ou talvez mais. É mais consciente o sentimento. Como o é a importância que dá às coisas.
Ela sabe que não basta amar.
Ele pensa que só isso importa. Que tudo o resto é secundário, de menor dimensão no que significa amar.
Ela cansa-se das rotinas massacrantes de a cada dia tentar que o amor prevaleça.
Exausta deixa de se interessar pelo que ele faz pois ele sente que é pressão.
Deixa de dizer que o ama pois dizia-o vezes demais e, para ele, perde a verdadeira essência do sentimento.
Deixa de o seduzir com mensagens onde demonstra o quanto o deseja, de uma forma tão explícita que ele lhe pede para parar pois está a trabalhar.
Deixa de o procurar com a intensidade e a vontade de quem quase morre de fome ou sede porque os corpos, mais imperfeitos por culpa do passar do tempo e do aumento do típico desleixo, já não respondem da mesma forma e para ele é ponto fulcral que ambos estejam bem. Mesmo que ele não esteja. Mesmo que ele falhe mais que ela. Mesmo que ela sempre tenha estado bem com o corpo que tem.
Desistir de se importar é o que ela acabará por fazer.
Não por já não o amar, apenas por sentir que não vale a pena lutar. Porque um dia, pouco se importará com o que ele possa fazer... E aí será tarde, já não haverá volta a dar.
E o amor acabará por ceder à rotina do não se importar, à sensação que, por ele, já não vale a pena lutar.



13.Fev.2016

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2016

Escrever(te)



Pergunto-me porque escrevo e a resposta não surge fácil na ponta dos dedos. Nem na ponta da língua ou em pensamentos coordenados. Não! Aparece de forma disforme, confusa e desordenada.
Vários pensamentos vão-se formando na mente. Pensamentos não, são mais palavras que se unem a outras palavras e formam uma frase. E tenho que a escrever.
E o restante é uma catadupa de palavras chave que se vão encadeando umas nas outras. E nas quais não penso. É uma espécie de acto reflexo que muitas vezes, quando as palavras realmente se marcam presença na mente, tudo parece confuso, chegando a parecer ilógico.
Não sei porque escrevo.
Nem tão pouco sei se escrevo.
Debito palavras que fazem mais ou menos sentido.
Não é para outros. Não tenho a pretensão de ser lida e, muito menos, compreendida.
Não é para mim. Conscientemente não o é. Nunca releio as frases que se vão formando e firmando em linhas de coerência dúbia.
E há a sensação de repetição. De monotonia demasiado enfadonha e descolorida de novos sons e compassos.
Tudo sempre igual, semelhante ao anterior. A culpa? Das palavras! Dessas palavras que ecoam de forma permanente na minha mente. Palavras que me são fiéis e não me abandonam jamais. Palavras sempre presentes e constantes.
Houve tempos em que escrevia para ti. Em que te respondia ou te dizia o que de mais profundo sentia, desejava, ansiava.
Houve alturas, muitas e durante muito tempo em que todas as frases te faziam sentido.
Agora, nada o faz. Agora que já não me lês, todo o sentido se torna (im)possível.


11.Fev.2016

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

Ele(s) I


Se o ama? Sim, ama.
Com toda a força que há dentro dela.
Com todos os poros da pele dela.
Com toda a alma e entrega e companheirismo e amizade e carinho.
Sim, ama-o.
Como jamais amou antes. E não, não sente a velha máxima que prega aos sete ventos como verdade empírica: " o nosso maior amor é o último".
Não.
Este é o amor que a fez crescer, amadurecer como pessoa, mulher, companheira e amante. Dele e acima de tudo, dela. E do seu corpo que não sabia desconhecer tanto até ao toque dos dedos dele a terem ensinado, até ter encontrado o desnorte de se entregar aos prazeres da pele, da carne e do sexo.
Sim, porque o sexo não é tabu. Nem proibido. Nem pecado. Pecado é passar a vida sem saber que há muito além do sexo no sexo.
Há partilha, confiança, diálogo e os limites não têm preconceito como sobrenome, apenas respeito. Por ela, por ele e por ambos.
E dele sorveu, como alguém esfomeado pela vida, tudo o este lhe poderia dar.
E aprendeu que a vida deve ser regida assim, como o sexo: sem culpas, de consciência tranquila, respeitando os limites dos outros e os seus.
Que tudo deve ser vivido com prazer, alegria e vontade genuína. Genuína, aprendeu a gostar do que é, sem vergonha das opções que eventualmente faz, sem receio de falhar, sem se agarrar ao que é seguro.
Com ele aprendeu a voar... Como não amar quem nos ensina a voar?



11.Fev.2016

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

Desistir



Às vezes apetece desistir.
Baixar os braços, deixar de lutar, resignar-me às evidências e ficar.
Apenas ficar.
Parada. Imóvel. Inactiva. Desligada.
Não fazer parte da acção, só reagir. Automaticamente.
O essencial para não morrer. E assim, não me desiludir, não me entristecer, não me aborrecer, não me nada.
Não pensar, não desejar, não sonhar, não almejar, não nada.
Não pedir, não suplicar, não falar, não gritar, nada.
E eu grito sem que me ouças a voz.
Um grito surdo que me sai da garganta potente e forte e se esvai, propagando-se no espaço como nada. Como o silêncio. E a vida, apesar do grito, segue, impávida e serena.
E o que cá ficou dentro por gritar, é um nó impossível de desembaraçar, um emaranhado de pensares que nunca de
viam ter existido, nunca deviam ter tentado sair, nunca deviam ter-se permitido tentar fazer ouvir...


10.Fev.2016

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

Dicionário de coisas simples XXVII


E o sonhar(te)?
O sonhar(te) é o tempo,
Infindo,
De nunca mais chegar a hora
De te ter nos meus braços.

E o desejar(te)?
O desejar(te) é a memória do teu toque,
Quente, ardente, insano,
Percorrendo a minha pele.

E o amar(te)?
O amar(te) é a vontade do corpo, da alma e do coração,
Que faz de ti a minha
Única perdição, paixão e,
De viver, a minha razão.


08.Fev.2016

Dicionário de coisas simples XXVI




E o beijar?
O beijar é o viciar do teu sabor na minha língua,
É o entregar a alma pela boca.

E o abraçar?
O abraçar é a minha pele com a tua a aquecer,
É o que nos une a se materializar,
É o nosso local seguro.

E o deitar?
O deitar é o descanso do corpo,
É o prazer de contigo tudo partilhar,
E a certeza de que é aqui que desejamos estar.


08.Fev.2016

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Razão ou ser feliz


Preferes ter razão ou ser feliz?
Uma pergunta que sempre me faz pensar pois a resposta não é tão óbvia como pode parecer.
Não, não é.
É por demais evidente que quero ser feliz. Quem não quer?! Utopia dirão uns; não há felicidade continua, só momentânea dirão outros; mas todos a desejamos. Todos ansiamos que faça parte do nosso dia a dia e tantas vezes faz mas estamos tão cegos com a azáfama que nos é imposta que não a vemos, não a sentimos.
Eu quero ser feliz, o mais que puder, o maior tempo possível,sempre. Com as pequenas coisas da vida, com os pequenos gestos que têm para connosco, com a aprendizagem do que é realmente importante. E sim, com o passar dos anos as prioridades alteram-se e o que me faria feliz antes já não é importante hoje.
Preferes ser feliz ou ter razão?
E a resposta balança na mente e deixa-me pensativa.
Já optei por ser feliz e fechar os olhos a algo que me faria ter razão e, instintivamente, escolhi ser feliz.
Uma, duas e outra vez.
E fui. Muito feliz.
Até tudo se repetir.
Há determinados aspectos no quotidiano que me são impossíveis de contornar. Principalmente quando há a obrigatoriedade de ser um exemplo.
O velho ditado popular "olha para o que digo, não para o que faço" não funciona com personalidades em desenvolvimento. Há que ser, verdadeiramente, o exemplo do que achamos correcto e incutimos ou exigimos dos outros.
E é difícil educar.
E é difícil perder hábitos que eram a nossa forma de viver. Que era tudo o que sempre desejamos e éramos felizes assim: sem regras. Chegar a casa era chegar ao paraíso, ao nosso perfeito paraíso.
E a vida muda. E as opções que fazemos mudam essas rotinas sem regras que nos faziam felizes.
E tudo muda. E a responsabilidade de ser responsável pelo desenvolvimento moral de alguém muda tudo.
E há um momento em que dizer, mandar, obrigar não chega. É preciso ser o exemplo. É preciso mudar.
E sim, quero que admitam que tenho razão e que, tal como eu, cresçam e passem das palavras às acções.
Sim, quero que olhem para nós e nos vejam diferentes de tudo o que conheceram até hoje.
Sim, quero que olhem para nós e sintam que, apesar das nossas limitações, das nossas diárias aprendizagens e ajustes, nos vejam como alguém que não os defraudou. Como alguém que exige e cumpre. Como alguém que não usa do poder para exigir apenas e castigar quando não cumprem.
Há um momento na vida de quem criámos que não basta mandar, há que exemplificar.
E por muito que custe mudar, há que o fazer por um bem maior.
E são pequenas coisas do dia a dia que fazem a diferença: partilha de tarefas. E cumprir escrupulosamente as mesmas. Regras básicas que incutem respeito, entreajuda, responsabilidade.
Sim, quero ter razão porque o nosso ser feliz já não funciona nesta nova vida. Tudo mudou e nós não somos só nós, somos educadores, formadores e exemplos.
Preferes ter razão ou ser feliz?
Não há resposta fácil mas sei que não quero ser aquela "mulherzinha asquerosa" de que muitos se queixam.
E neste jogo de cintura que é necessário a mulher fazer, balançamos entre o sr feliz e o ter razão como numa corda bamba, sempre sem saber qual deve prevalecer...


06.Fev.2016

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Seria diferente?



O dia já cumpriu a tarefa de aquecer a alma e o corpo. Entrega-se agora, lenta e demoradamente, ao descanso.
O único som que aqui existe é o do silêncio e pela janela vê-se a agitação do fim de tarde de uma sexta-feira e o rio, esse, corre sem pressa para se juntar ao mar e se tornar imenso.
Há pássaros a regressar e outros a partir, cruzam o céu azul manchado de tons laranja como nos dias de Primavera. As luzes das ruas já espreitam por entre os prédios onde o sol já não marca presença.
E aqui, dentro destas paredes, o corpo também deseja o descanso e que a tranquilidade invada a alma e a mente se deixe vaguear em sonhos (im)possíveis de concretizar.
E os sonhos são tão (im)previsíveis... Como amar e ser amado, como querer e ser desejado, como seduzir e ser cortejado. Como ter o corpo e o ego lisonjeado.
É tão (im)previsível a necessidade de ser feliz. E são tão facilmente (in)alcançáveis.
Tudo pelo tempo. A culpa é sempre do tempo: não era o momento certo, não estava bem naquele momento, se soubesse o que sei hoje, se..., se..., se...
Se fosse hoje seria tudo tão (in)diferente. Somos o que somos. Somos o que crescemos e aprendemos em determinada altura – de novo o tempo que nos condiciona.
Eu não agiria de forma diferente, em determinada altura, perante determinada situação.
Seria mais ou menos (in)feliz? Não posso saber. Foi o que decidi. Foi o que escolhi. Foi o que foi.
E estou bem assim. Adormecendo ao final do dia tranquilamente.


05.Fev.2016

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

(In)Felicidade



Vazia. Oca. Uma casca de noz sem miolo. Não, uma casca com miolo, podre, intragável.
Agora transporta essa imagem para um humano. Uma humana, eu.
Um corpo que definha a cada ano. Um corpo que denuncia as variações do passar dos dias.
Um rosto marcado por rugas de quem riu e também chorou.
Um rosto endurecido pelas vivência de quem foi... (In)Feliz.
E um recheio pior ainda. Cravado do cheiro putrefacto de quem tem nada. Nada de bom por dentro.
Recheio crivado de espinhos feitos por mágoas, dores, despeito, amargura.
Um ser que se fechou e em si guardou e alimentou com o próprio ser, com a própria alma sentimentos de nada mais do que dor.
A impossibilidade de se libertar de tudo o que construiu à sua volta.
A impossibilidade de algum dia acordar deste tormento que é viver e descobrir que deixou de respirar.
Uma queda vertiginosa num abismo sem retorno mas que nos tenta.
Ser infeliz é uma escolha... Muito mais fácil do que a de perseguir a felicidade.


28.Jan.2016

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

Pequenez


Dou por mim a pensar no que sou. No que me move. No que me alimenta os dias. No que me acalma o corpo e, sobretudo, a alma.
A verdade é que sou nada.
Olho e ao meu redor há tantas pessoas de valor. Há tanto quem lute e consiga levar os sonhos a bom porto.
A verdade é que sou pequena. Muito pequena, como a minha vida. Como os meus dias.
Sou feliz? Tem dias que não. Mas na verdade, sou. Quase plenamente feliz. Tenho mais do que a maioria das pessoas.
Se poderia ter mais? Não.
O que tenho é-me para lá de suficiente. Não, não falo de bens materiais. Do ter, possuir e acumular em expositores ou de chegar a parecer uma montra ou uma página de catálogo.
Falo de tudo que não é palpável. De tudo que é conceito abstrato.
Falo de amor: incondicional aos que me são próximos. Aos que de mim dependem.
Falo de amizade: em que o dar é sem esperar algo de volta, sem expectativas. É sempre gratificante.
Falo de beleza: da possibilidade de ver, de sentir, de apreciar, de poder cheirar paisagens, flores, cores. De poder calcorrear locais longínquos e eternizados há séculos. Das pessoas na transparência da sua alma e da inocência que ainda se encontra.
Falo de liberdade: de escolha. De pensar. De expressão. Pessoal.
Falo de respeito e falo de viver. Sim, eu vivo feliz.
E na pequenez do que me traz felicidade há uma gigante imensidão de pequenas mas valiosíssimas coisas.


27.Jan.2016

Hoje viajo ao som de...



Even if I feel the sun on my skin everyday
If I don't feel you
Even if I see the most beautiful thing up in the sky
If I don't see you

Take me oya, take me oya
Take me oya, take me oya

Even if my hand's skin catch the wind,
Catch the cloud, if I don't see you
Even if I feel the sun on my skin everyday
If I don't feel you

Take me oya, take me oya
Take me oya, take me oya

Toi, le soleil, l'Uni, toi qui parles à mon coeur
Toi, le soleil, l'Uni, mais qui pars sans moi
Toi qui pars sans moi

Take me oya, take me oya
Take me oya, take me oya

Oya
Oya
Oya
Oya
Oya



segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

A menos

A menos. Tudo me sabe a menos.
Nada me é suficiente.
Nada me chega.
Nada me alegra. Quase nada.
Apenas tu.
Apenas o teu sorriso.
Somente o teu abraço.
Somente o teu amor.
E ainda assim é menos.
É pouco.
É escasso.
É pequeno demais para preencher o vazio que me inunda a alma.
Uma falta que não há forma de se acabar.
Uma vontade de desistir de lutar.
Esgotada.
Cansada.
Sem objectivo concreto numa vida em que tudo é fugaz. Emergente e passageiro. Quase tudo.
Apenas tu és quem me faz abrir os olhos e ver algo que vale a pena.
Apenas tu me fazes acreditar que os dias podem ser plenos de vida.
Apenas tu e o teu me amar. E o meu te amar.
E ainda assim, eu quero mais. Muito mais.
Ser e sentir-me açambarcada por tamanho sentir. Por tamanho amor, desejo, compreensão e aceitação.
E só tu me és suficiente. Me completas. Me preenches.
Mas às vezes não me chega. E a culpa não é tua. É da minha mente instável, insana e imperfeita...


25.Jan.2016

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Dicionário de coisas simples XXV


E o largar?
É ver-te a olhar para trás
Depois das mãos se desunirem,
Dos lábios pararem os beijos
E deixar-te livre voar,
Para que, de novo para mim,
Saber que vais regressar.

E o ficar?
É o toque dos teus dedos
Pelo meu corpo a passear
E o teu perfume
Na minha quente pele
Permanecer.

E o correr?
É a ansiedade de a ti voltar,
Desejosa de te tocar,
Beijar,
De ti a fome e a sede matar,
De te amar.


20.Jan.2016

Dicionário de coisas simples XXIV

E o parar?
É o teu inebriante perfume
Espalhado pelo ar que respiro
E o tempo,
Por momentos,
Deixar de avançar.

E o deixar?
É no teu peito o rosto encostar
E sentir-te o coração a bater,
O corpo a respirar e
A dar(me) razão para viver.

E o guardar?
É abrir os braços para te receber,
Os lábios para te beijar
E o teu corpo no meu,
Para sempre na pele marcado,
E jamais te esquecer.


20.Jan.2016

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Hoje viajo ao som de...



Emmy Curl - Nobody Else but you
(O meu novo vício nacional!)

Uh when I was so empty
while I was lost into your love
Uh all those efforts turned into smoke
As you merged down

As I have lost the aches
I have own the places
I have it truly done
but I have nobody else being around
2x
but you

Uh I can't remember the simple way to bring myself down
This, this room has found tender roses
in the heart of me

As I have lost the aches
I have own the places
I have it truly done
but I have nobody else being around
2x
but you



segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Espero-te

Espero-te.
Num misto de ansiedade e desespero. Sim, desespero. Mas daquele bom, do que nos deixa um frenesim no corpo, o coração a bater acelerado.
Saudades de te sentir entrar e o teu aroma tudo, à tua volta inundar e até mim chegar.
Do teu toque. Preciso, certeiro, único no me fazer despertar os sentidos, que quando não estás, ficam quietos, adormecidos.
Do teu beijo. E do teu sabor. E do teu calor húmido saindo por entre os lábios, num língua sedenta de mim. Esfomeada da minha pele, da minha carne, do meu gosto e do meu prazer.
Espero-te.
Num misto de desejo e expectativa. E não, nunca me desiludes. Mesmo quando os beijos são serenos e ternos. E o teu olhar se perde, demorada e apaixonadamente, no meu.
Sempre, tenho sempre esta necessidade de ti. Como do ar para respirar. Como do coração a bater. Como do alimento para não morrer.
Louca, pensas. Louca, sim. Por tudo que me fazes sentir. Por tudo que me fazes viver. Por tudo que me fazes acreditar e sonhar e querer e fazer.
Tudo. Desde o que de mais banal um casal pode partilhar às mais insanas entregas e fantasias.
Espero-te.
Sem receio do que hoje possas ser, do que amanhã me irás fazer, do que poderás um dia vir a matar por culpa do que quer que seja.

Hoje espero-te. Como nunca por alguém, ou por ti, já antes esperei...


18.Jan.2016

quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Distância




Distância, falo de distância.
Uma palavra que traz um fardo demasiado pesado quando pronunciada.
Sei que não gostas que a mencione, mas a cada dia que passa, está sempre, sempre mais presente.
Talvez por culpa da vida carregada de rotinas demasiado ordenadas em horários escrupulosamente cumpridos.
Talvez por culpa nossa. Minha e tua.
Não, os carinhos que me fazes não são suficientes. São feitos de forma automática, mecânica, gestos repetidos sem o calor humano. Sem o carinho e amor que já foram habituais.
Distância, a isto chama-se distância.
Um estar, não estando.
Uma presença imperceptível, vaga, sem partilhas.
As conversas são mais triviais que as partilhadas num qualquer chat de internet. Menos aliciantes, mais frívolas. Menos entusiasmadas, mais desengraçadas.
Menos, simplesmente menos.
E como custa ser o "lado menos" numa relação.
E num ápice, tudo fica sem interesse. Está-se por estar. Fica-se por ficar. Por hábito, mas muito, muito mais, por não querer admitir que a distância ganhou terreno e, ao contrário do que significa, está mais perto, mais presente, mais viva que é em nós.
E é está a distância que mais dói. Que mais destrói. Que mais quero evitar...



14.Jan.2016

quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

A ti Mãe... III



Mais do que a tua falta, dos teus beijos ternos e carinhosos, dos teus abraços acolhedores e protectores, das tuas palavras simplesmente sábias; sinto falta dos teus pormenores.
Daqueles detalhes que são tão e apenas teus.
Dos teus olhos de um azul acinzentado como o céu depois de uma chuva de Outono.
Das tuas unhas perfeitas mesmo que nunca desses trabalho às meninas que insistem em nos colorir com o verniz sensação da estação. (E a inveja que tenho disso: as minhas não passam de uns gafanhos tortos e quebradiços.)
Do teu cabelo com uns trejeitos que te tiravam do sério por não ser liso ou encaracolado: andava ali no meio, ondulando ao sabor da sua própria vontade.
Da tua voz... De te ouvir chamar por mim, com aquele tom que apenas quem ama incondicionalmente tem.
Do bater do teu coração, de encostar o ouvido ao teu peito e tudo no mundo parar, de todas as dores, as minhas dores, sararem.
Sinto falta de te saber perto, presente e constante na minha vida.
Sinto falta de (me) partilhar cada lágrima sombria e cada lágrima de alegria.
Sinto falta de tudo em ti. E começam-me a faltar os pormenores de ti.
Mas nunca, nunca te esquecerei e para sempre te amarei.
Porque nunca, mas nunca se esquece quem nos deu a vida...


13.Jan.2016

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Já não te amo?




Já não te amo.
O meu coração não se descompassa com a tua presença.
Os meus olhos já não brilham com o teu sorriso.
O meu corpo já não vibra pelo teu toque nem a minha boca anseia pelo sabor da tua.

Os dias deixaram de ser passados contigo no pensamento.
Apenas me assaltas o pensar em tarefas quotidianas e enfadonhas.
Obrigações. De quem vive e partilha um espaço, uma mesa de refeição, uma cama.
Dois corpos que encarceram duas almas que se pretendem livres.

Passou a paixão, fica a rotina.
Passou a espontâneidade, instalou-se o politicamente correcto.
Passou o desejar a dois, fica o conformismo num ritmo que já não traz nada de imprevisível.

Já não te amo?
Sim, amo. Eu ainda vejo em ti o que me cativou e conquistou.
Eu não gosto é naquilo em que transformamos a nossa vida a dois...



12.Jan.2016

XXIX Verdade Irrefutável




Enquanto me caírem lágrimas dos olhos, fica feliz.
No dia em que nada do que faças ou digas as façam escorrer pela minha face, já nada me importará. Já tudo o que nos une estará morto...



12.Jan.2016

Já não me importa



Sabes, agora já não me importa.
Já sou outra mulher, muito diferente da que conheceste e, no que agora parece um passado longínquo, amaste.
Como o passar dos dias não são contabilizados. Como passamos a olhar para o nosso tempo como demasiado, demorado, quase sempre igual. Ano após ano.
E como me fui submetendo a vontades mais tuas que minhas.
E como pensei que isso nos faria felizes.
E como estava errada: anularmos-nos nunca traz felicidade. Nunca.
E como fiquei ali, perdida, estagnada, adormecida nos dias de uma vida com nada de diferente.
Um parar no tempo que só percebi mais tarde.
E não, não fui eu que mudei.
Não, eu apenas acordei.
Porque sou mais do que tinha. Porque quero mais do que sou.
Porque ainda há tanta vida a descobrir. Tantos novos sabores a tentar experimentar.
E tu? Porque não me quiseste acompanhar?
E tu? Porque quiseste naquele marasmo sempre igual continuar?
Sabes, agora já me importa.
Dei o passo em frente, rumo aos meus sonhos e desejos de (me) crescer.
Hoje, sou mais do que alguma vez sonhaste...




12.Jan.2016

Thoughts XXX



Quando, quando chegarás?
E os meus olhos, ao vislumbrarem o teu semblante, brilharão.
E a minha pele, ao pressentir-te, arrepiar-se-á.
E o meu coração, ao sentir-te, de ti se encherá.
Quando, quando chegarás felicidade?
E comigo, para sempre, ficarás?





12.Jan.2016

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Põe a tua mão



Põe a tua mão
Nesta pele 
Que por ti anseia.
Agarra-me,
Aí,
Na curva que precede
As curvas que desejas
Para ti tomar.
Puxa-me para junto
Do teu corpo
Que no meu,
Se quer entrançar.

Põe a tua mão,
Na minha carne
Que a ti,
Se quer entregar.

Põe a tua mão,
Em qualquer parte de mim,
E faz-me não querer
Senão 
Pecar.





11.Jan.2016

No silêncio de mim


É aqui, no silêncio de mim,
Que tudo faz sentido,
Que os ruídos desaparecem
No escuro da solidão.

Entro em mim,
De forma profunda,
Numa análise introspectiva
Como quem pára de viver.

Suspendo-me a respiração,
Sufocando lágrimas de,
Quase, aflição,
Num corpo onde
Já não há
Lugar para um coração.

Olho-me,
De fora para dentro,
Dos olhos do rosto,
Para os olhos da alma.

E que vejo?

Uma simples mulher,
Perfeitamente (im)perfeita:
Receios (in)fundados
De não (te) conseguir ser feliz.

Não me vejo sozinha,
Que ninguém nasce para ficar só.
Vejo-te em cada cena,
Em cada sonho,
Em cada fantasia,
Desta minha vida pequenina.

Vejo-me como parte de ti.
Vejo-te como parte de mim.

Sou de ti indivisível,
Inseparável
Enquanto me queiras...
Mas amar-te-ei,
Porque não há outra maneira,
Até ao fim dos meus dias,
O resto da minha vida inteira!



11.Jan.2016

sábado, 9 de janeiro de 2016

Danças-me?



- Danças-me?
E gira e rodopia tendo como seu ponto gravitacional aqueles olhos, de um azul cor de céu.
O tempo nesse momento passa ao ritmo das voltas que dá: velozes, voando demasiado depressa.

- Beijas-me?
E os olhos já não vislumbram nada mais que aquela boca de lábios entreabertos onde a sua língua deseja mergulhar.
O tempo aqui, tem outro correr: é lento até ao preciso momento em que os gostos se mesclam.
- Amas-me?
E a mente já não comanda pois o corpo já só pede para ser tomado, beijado, tocado. Já só anseia pela pele na pele, pelo sexo no sexo e pelo vibrar do orgasmo de se entregar.
E os minutos param, acompanhando o suster do respirar até a garganta libertar o gemer no culminar de um enorme prazer.
- Ficas-te?
E silêncio é a resposta menos desejada.
E o tempo volta a correr na mesma medida de quem acaba de morrer...
Até à próxima dança.



09.Jan.2016

quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

(N)As tuas palavras


Há nas tuas palavras
Um duplo sentido,
Invisível à mente
Que, como tu,
Não pense. 

Uma malícia que seduz,
Provoca e dificilmente
Se deixa distrair
Em subterfúgios
Que não seja o de nos fazer
Abrir.

E há uma vontade,
Inequívoca,
De libertar o que de mais profundo,
Mais escondido,
Temos no peito.

E o desejo invade
Na mesma proporção
Que os botões da blusa
Se abrem e desvendam,
De forma falsamente tímida,
Seios perfeitos,
Ansiando por tua boca.

E já não sou eu
Quem comanda,
É a tua voz ordenando
E minhas mãos
Escrupulosamente cumprindo,
Todos os teus desejos e ritmo,
Acelerando ou diminuindo,
Fazendo de mim tua,
Eternamente tua,
Mesmo não me tocando.


06.Jan.2016

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

O meu lugar



É Inverno e a noite há muito que iniciou, disfarçada pelo correr das gentes que, rapidamente, se quer recolher em casa. Que se quer abrigar do sufoco de horários que de si, praticamente, não dependem. Refugiar-se no seu lar, o único local onde podem ser elas próprias, retirar a máscara que colocam como subterfúgio de, aos olhos dos outros, não parecerem perfeitos.
Ou não.
Talvez o dia fora de casa seja o escape a uma vida de amarras que já não se vislumbra como porto seguro. E o regresso impõe o incorporar de uma personagem que se vendeu, e alguém comprou, ao longo de anos em que o instituído sempre foi respeitado. Pior, sempre foi consumido como o correcto. E a noite, em vez de salvadora ou protectora dos amantes, torna-se na sua castradora.
Aqui, no meu lugar, há espaço para tudo: para a dona de casa (im)perfeita, para a mulher doce e preocupada, para a amante arrebatadora e desconcertante. E o meu lugar é onde estou. Comigo e com tudo o que sou. Com as virtudes e as qualidades e os defeitos e as maldades.
Não há máscaras. Já houve, hoje não e cada vez há menos.
Não tenho de agradar a todos.
Não tenho que ser perfeita.
Nem os outros. E se compreendo e aceito atitudes menos correctas dos outros - sim, acredito que poucas são as pessoas que magoam propositadamente, tenho de compreender a mim.
E desde que ao adormecer a Alma esteja tranquila, não há nada a perdoar-me.







05.Jan.2016

segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

Toma-me



Toma-me.
Pela mão e mostra-me o Mundo,
As cores das flores mais exóticas
E os perfumes mais intensos.
Nos teus braços sentir
A certeza de um querer
Que ultrapassa o físico
E chega a tocar a alma.
Deixa-me viajar nas palavras
De histórias que invadem o imaginário
E fazem sonhar.
Viver uma entrega completa,
Única,
Inigualável,
Incompreensível aos olhos de qualquer mortal.
Toma-me.
No teu corpo que me ama,
Me inunda de ti e do que és,
Do teu ser que me completa
E me deixa a certeza plena
Que te pertenço,
Que sou apenas tua.







04.Jan.2016

Definhar

Definhar.
Palavra estranha,
Que na pele se entranha
E dela não sai,
Criando marcas profundas
De um tempo que passa
Numa vida aparente.

Deixar-se absorver pela inércia,
Em que o pensar e o efectivar
São assíncronos.
Querer e não conseguir.
Perder a vontade de avançar,
De recuar,
Apenas deixar-se estar
Quieta,
Imóvel,
Submisso a um esvair
Da vida.
Presa numa rede invisível
Que impede
O grito de sair da garganta,
O sangue de correr nas veias,
O sorriso de se libertar por entre os lábios,
As lágrimas de escorrer pela face
E, assim, morrer lenta e dolorosamente.
Desiludida com os dias que passam,
Incapaz de alterar esse invadir
Das marés de um mar revolto
Pelas águas de um calmo rio adentro.
E receber sem contestar,
Resignar-se a este simples e mero respirar
E (sobre)viver.


04.Jan.2016

domingo, 3 de janeiro de 2016

Envolve-me



Envolve-me.
Com palavras sedutoras
Ao ouvido sussurradas.
Com os teus braços, fortes,
O corpo que te ama.
Molha-me a pele com o frenesim dos teus beijos,
Da tua língua ansiosa por sentir
Os mamilos, de desejo, a endurecer.
Abre-me as pernas,
Beija-me as coxas,
Aperta-me as nádegas,
Antecipa o momento,
Em que voraz,
Ao meu sexo chegarás
E a fome de mim
Do meu gosto,
Do meu sabor,
Do meu mel,
Saciarás.


03.Jan.2016

A balança da vida


O dia há muito que terminou, cedendo o seu domínio à noite fria e húmida de um Inverno um pouco atípico.
Não chove mas o chão brilha competindo com as luzes da rua e das casas de janelas embaciadas pelo calor próprio da vida que as preenchem contrastando com o vazio lá de fora.
Aqui, tudo está morno.
Há vida, mas quase fria. O sangue não corre feroz nas veias, nem os pulmões respiram no seu pleno. Apenas a pele se arrepia de quando em quando, num aviso de que (ainda) há vida.
Sim, há. Uma vida que todos os dias se pesa nos pratos de uma balança.
O bom e o menos bom.
O óptimo e o péssimo.
As lágrimas e os sorrisos.
Os sonhos e as realidades.
Os passados e os futuros.
As palavras e as acções. E estas são, sem dúvida, o que mais nos pesa.
Palavras em que acreditamos. Palavras que nos deixam magoados. Palavras que nos fazem sonhar, esperar, ansiar e desejar.
E as acções que nem sempre vão de encontro às palavras.
E aqui, pesa-se na balança, o mais importante de tudo:
O amar e o ser amado ;
O desejar e o ser desejado ;
O dar e o receber.
E há acções que contradizem quase todas as palavras. E o que pesamos então? A (in)felicidade.
Somos falíveis, contraditórios, somos humanos com necessidades que nem todos compreendem(os).
E perdoa-se.
Enquanto a balança pesar para o outro lado.


03.Jan.2016

sábado, 2 de janeiro de 2016

Arrebata-me...




Arrebata-me.
Fala-me do que desejas, anseias e faz-me sonhar.
Deixa-me na tua musa, na tua deusa me tornar.
Toca o meu corpo e faz-me estremecer.
Beija-me a boca e faz-me desejar.
Lambe-me a pele e faz-me (por ti) desesperar.
Toma-me o sexo, fode-me ou ama-me mas faz-me vibrar e de prazer gozar.
Olha-me nos olhos como se o mundo fosse acabar e volta-me a tomar, a em mim entrar e de novo a ti me entregar.


02.Jan.2016