quarta-feira, 20 de junho de 2012

O corpo

E o corpo abrandou do ritmo alucinado do dia que correu longo, acelerado e intenso, no quarto onde os sons que tomam conta da noite ja se instalaram.
E o corpo descontrai em suaves movimentos que desprendem a pele das roupas quentes, demasiado quentes para uma noite de quase Verão.
Desabotoam-se os tecidos, deslizando suave, caindo no chão, um a um, deixando um rasto de tons carmim até ao local onde todos os odores do dia se perdem com as gotas de duche que no corpo quente caiem frias.
Muitas.
Fortes.
Intensas que arrepiam os poros e recordam os toques dos teus dedos, fortes, comprimindo ou deslizando pelas costas, descendo até às nádegas, apertando-me as coxas, que uno, com a força do desejo, da vontade que te tenho.
E o sabor do teu beijo invade-me o gosto da boca, percorre-me a tua língua na minha e sinto-te pleno nos dedos que são meus e imagino teus, que se encaixam em recantos que meus, são apenas teus e dou-me, assim, sob a chuva de água que cai em mim, a ti.
Pensamento que me toma, controla...

Saudades de ti.

Pecado

E o teu toque me enlouquece,
Me desnorteia,
Me endoidece,
Deixa-me fora de mim,
Sem pensamento coerente,
Sem outra vontade que nao seja
Ter-te em mim!
Abracar-te,
Puxar-te,
Beijar-te vezes sem fim,
Deixar as linguas seguir curso,
Nesse intenso frenezim
De se entrelacarem,
Saboreando-te em mim!
E a tua pele quente,
Suave,
Carregada do teu odor,
Que me inebria,
Me enche de um torpor,
Que tolda os sentidos.
Es um pecado que me atormenta,
Que me invade a cada beijo,
Que me vicia cada vez mais,
Que quero meu, sem demora...

2012/06/18

Olhar-te


E não há como olhar-te nos olhos,
Mergulhar nesse teu olhar,
De mar e de ilusões,
E deixar-me levar,
Nessas tuas ondas de paixões.
Sentir-me navegar,
Sem saber o destino,
Sem ter rumo,
Perder-me em ti,
No teu mundo,
Sem receio, sem temor,
Saber que me guias,
Que me orientas o caminho.
Olhar-te é como sentir-me em casa,
Certa que estou segura,
Que nada me atormenta,
Que nenhum mal aqui perdura,
Que tudo se perdoa,
Que tudo se permite,
Que segredos são desvendados
Ao sabor de um beijo que trocamos.
Em ti, no teu olhar me perco,
Me entrego toda,
Por inteiro,
Por completo,
Desarmada, sem fingimento,
Sem vontade de fugir do que sou,
Do que posso dar,
Do que quero receber!
Olhar-te e em ti me perder, e sem duvida, me encontrar!

2012/06/18

Segredo


Oiço ao longe vozes que falam em surdina, contando segredos que soltos ao vento quente da noite, são como folhas frescas ondulantes que nos levam para longe.
Vou contar-me a este vento, calada, em silencio, gritando sem que se ouca e quando chegar, me soltar e libertar, ser palavra ouvida, falada e sentida nesse imenso lugar onde cabem todos os segredos que esses teus olhos cor de mar sabem de cor, quero em ti ser eu e apenas tua.
Vou indicar-lhe o caminho, sem erro, falha ou demora, tenho urgência em chegar ao destino, de a ti me dar, de em ti me largar e nunca, nunca mais te soltar...

2012/06/17

Tuas mãos


Nas tuas mãos há linhas que são futuro,
Que são marca do passado,
Do que foi e do que sonho.
Mãos que me protegem,
Que são meu porto seguro,
Nos abraços que preciso,
Que me confortam no teu peito,
Que sinto forte e vivo.
Mãos que me chamam
Que alimentam corpo e alma,
Que me seduzem a pele,
Arrepiam,
E da letargia me acordam.
Deslizam,
Apertam,
Invadem e devoram
Cada poro,
Cada recanto,
Cada caminho que agora traçam,
Novo ou antigo,
Descoberto ou já percorrido.
Nessas tuas mãos me entrego,
Por completo, sem medo.




2012/06/16

E o corpo

E o corpo vibra,
Delira,
Sente,
Quente,
Doce loucura,
Demente ternura,
Ritmos compassados,
Nos quereres que trocamos.
Corpos que se unem,
Fundem,
Homogéneos no sentir,
Do desejos mais secretos,
Nos mais ínfimos pecados
Em que a pele nos faz cair,
Em que os lábios se fazem deslizar,
Na procura de um intenso entregar,
A nós, ao nosso prazer.
 
2012/06/16

Nada...


E um dia deixarei de existir.
Deixarei de ser eu,
De ser quem vês,
Quem sentes,
Quem ouves,
Quem lês.
Nada. Serei tudo o que é nada.
Uma lembrança passada,
Esbatida como uma pintura
Na parede exposta ao sol.
Uma leve e suave recordação
De dias que já não o são,
Que foram de alegria,
De cumplicidade,
De segredos trocados,
Sonhos partilhados
Nunca concretizados.
Nada. Tudo que nada é, em mim,
Parte integrante do meu ser vazio,
Sombrio,
Perdido nos dias de desventura,
Sem guia nem caminho,
Nem luz, nem sorriso,
Nem sons que não sejam de martírio,
De dor e de saudade...
Saudade de ti a morar em mim.

2012/06/16

Que faço?

E o sabor com que me invadiste?
E o cheiro do teu calor,
Corpo abraçado no meu,
Que me completa,
Que me preenche,
Que me prende e simultaneamente me liberta?
Que sentimento tão contraditório
Como as saudades quando te vejo,
Mais fortes,
Mais loucas porque sei que talvez não voltas.
E o toque com que gravaste a minha pele?
E as marcas que em mim deixaste
De todas as formas que me amaste,
Que me sentiste,
Que te entregaste
Em que Mulher me fizeste
E Homem foste?
E o sentir que a Alma me invadiu?
Sentimentos que nunca vi,
Li ou descrevi,
Que nunca foram falados,
Que nunca tamanha intensidade tiveram?
Encurralados em mim,
Guardados na minha memória
Que esperançosa ainda te espera,
Ainda te deseja e pertence.
E o meu Amor por ti?
Que faço com ele agora?

2012/06/15

Inevitável...

O adeus é inevitável.
É uma morte anunciada.
As expectativas essas, agora goradas,
São sonhos que imaginei,
São promessas que não falei,
São fruto da inércia
Que o medo, os temores,
Criam em nós, em mim,
Alma pequena, menor.
E a felicidade ali,
À porta da vida
Que deve ser plenamente sentida,
Vivida,
Repartida em momentos de insanidade
A dois consentida.
Almas em comunhão,
De sentimentos e de sensações,
De corpo, de carne que peca,
De corações que amam e se entregam.
E a espera mata.
E as palavras já não alimentam.
E o adeus, esse, acaba por ter a sua hora...

Doce acordar

Os teus dedos acordam-me,
Corpo quente que dorme,
Que sente os sonhos da noite,
Realidade na aurora.
A tua boca percorre-me,
Recantos de pele novos,
Pedaços de mim nunca sentidos,
Tocados,
Por gotas de beijos salpicados
Em poros que se arrepiam
No corpo que suavemente ondula,
Ao ritmo do desejo que aumenta.
A tua pele de gosto a mar de sal,
Invade-me de sabor,
Condiciona-me o paladar
Que se vicia neste torpor
De te sentir,
Te querer provar,
Lamber e em ti,
Querer mergulhar
E no teu prazer imenso,
Me inundar...

2012/06/15

Morta

Hoje acordei morta,
Sem vida em mim,
Sem sangue quente que corra,
Que me aqueça a pele,
Que me renove a alma,
Dormente neste corpo inerte,
Que é estéril ao toque,
Que não sente,
Não vibra,
Não se arrepia com a brisa
Que fustiga sem clemência
O árido deserto,
Seco,
Infértil,
Agreste que é um corpo
Assim, como o meu,
Vazio.
Hoje acordei morta,
Sem vontade de renascer,
De apenas esperar
Que a morte me venha colher...

2012/06/15

terça-feira, 12 de junho de 2012

Hoje viajo ao som de...


There goes my heart again
All of this time I thought we were pretending
Nothing looks the same when your eyes are open
Now you're playing these games to keep my heartbeat spinning
You show me love, you show me love
You show me everything my heart is capable of
You reshape me like butterfly origami

You have broken into my heart
This time I feel the blues have departed
Nothing can keep me away from this feeling
I know I am simply falling for you

I'm taking time to envision where your heart is
And justify why you're gone for the moment
I tumble sometimes, looking for sunshine
And you know this is right when you look into my eyes
You show me love, you show me love
You show me everything my heart is capable of
And now I can't break away from this fire that we started

There my heart goes again
In your arms I'm falling deeper
And there's nothing to break me away from this

Mais que prazer


Espero-te sempre, a toda a hora, a todo o momento, que chegues, silencioso ou de rompante, abraçando-me forte, longamente.
Um abraço que me mate a saudade, essa negra mancha na cor dos meus dias, ensombrando-me as alegrias, impedindo-me a felicidade.
Um abraço que se siga de um beijo, esses que me levam por um caminho de entrega, sensações, emoções e sem regresso, sem retorno ao ponto de partida.
Um beijo que preceda a partilha de todo o nosso corpo, de todo o nosso sabor e suor de sal temperado, nas peles que se tocam, beijam, lambem e roçam, misturando-nos os sentidos, deixando-nos descontrolados, entrelaçados, sentidos, amados...
Espero-te sempre, desejosa de te pertencer, numa entrega que é mais, muito mais que apenas prazer.

2012/06/10

Noite VIII




O dia termina de forma tranquila, docemente invadido pela noite escura, rica em orvalhos, típica desta altura do ano. Deixa-se tomar pela penumbra, pela suave brisa que os rostos acaricía e que a lua brilhando deixa com reflexos de prata.

E a noite chega, conquistando a sua hora de reinar, de se fazer mostrar, de os amantes encantar.

Tal como tu em mim. Conquistando-me de forma suave, entranhando-te em mim, sussurrando-me palavras de repletas de ilusões em que acredito e que me invadem de imensas e intensas sensações.

Sinto-te, à noite, mais perto de mim, nas horas dos sonhos que surgem em olhos ainda acordados.

E eu sou ainda mais tua, nas horas em que reina essa aliada dos que amam, a lua...

2012/06/10

Toma-me

Toma-me o gosto,
Sabe o meu sabor,
Devora-me com o teu desejo,
Enche-me de amor.
Desse que eu anseio,
... Intenso,
Demorado,
Abraçado,
Tentado de formas e pecado!
Toma-me o gosto,
De todo o meu te dar,
Deste meu te pertencer,
De não te querer largar.
Toma-me em ti,
Em língua louca de frenezim,
De toques longos,
Penetrantes,
Sabedores dos meus semblantes
Que se alteram,
Que gemem, quase gritando!
Toma-me o gosto,
Lambuza-te no meu gozo...
2012/06/08

Arrancar de mim



Vou arrancar de mim tudo que aqui há de ti.
Vou tirar-te do meu gosto. Aquele que fica na minha boca depois do teu beijo. Depois de te provar a pele. Depois de te saber o paladar do teu mel.
Vou tirar-te do meu toque. Da mão na minha mão. Do quente do teu corpo encostado ao meu. Do arrepio que provocas quando me beijas no pescoço, quando a mim te encostas.
Vou tirar-te das minhas horas, dias, minutos, do tempo das conversas sem nexo, sem rumo. Dos quês do dia, da azáfama e da vida cheia ou vazia.
Vou tirar-te do meu pensamento. Esse tonto e louco que te recorda a todo o momento o sorriso nas palavras faladas, o choro nas caladas.
Vou tirar-te do meu coração. Voltar a olhar-te... E de novo, voltar a amar-te!

2012/06/07

Silenciar-me

Vou silenciar-me de todos os sons que possam existir. Todos! Nao quero nenhum na minha vida. Quero os dias em absoluto silencio, vazios, ocos, sem qualquer riudo que me possa lembrar do que e ouvir.
Nao quero ouvir. Apenas o nada do som do vento que fica la fora, para lá das janelas espessas, fechadas, trancadas para sempre e que nao o deixam passar.
Quero este barulho que nao me recorde de ti! Que não me faça viver as ilusões imaginadas. Os sentidos que despertaram todas as sensações que quero adormecer e não páram de me envolver.
De me lembrar do teu ruído.
Sim, do som do teu respirar.
Do som dos teus beijos nos meus lábios.
Do som do roçar dos teus dedos na pele que já foi minha.
Do crepitar do calor dos nossos corpos trocando gotas salgadas de cúmplice e total entrega.
Mas sobretudo, do som dos sonhos que contigo sonhei...

2012/06/07

E a pele?

E a pele?
Que fazer à pele que pede o toque, o arrepio do dedo que desliza suavemente e reconhece cada poro que calcorreia no caminho?
Sim, essa pele alva, fria quando não estás e quante quando és meu.
Pele que te sente a falta como das vestes em dias de frio intensamente gelado de Inverno agreste.
Pele que te sente o afago no abraço que envolve e que a acorda dessa letargia que a prende às horas mortas da tua ausência.
Pele que deseja a tua pele. O teu sabor na pele que molhas em gotas de sal nas ondas loucas com que me amas... A pele! Que me envolve a carne e a alma, o desejo e o sentimento, a vontade e a entrega.
Pele que é tua com todo o meu recheio, com todo o meu sentir, querer e dar.
Pele que se completa, que vive apenas com a tua, junta, unida...

2012/06/05

Acordo em mim

Acorda o sono numa manhã quase sem cor,
Quase sem sons,
Quase sem esse odor que me enche de torpor.
Acorda o corpo quente
Em lençóis de cetim
Que deslizam sem medo, na pele que há em mim.
Acorda o sonho de uma noite de Verão,
De calor intenso,
De imensa paixão.
Acorda a vontade
De nunca o desejo ter fim,
De te sentir, deitado aqui,
Ao lado do meu corpo despojado
De roupas,
Apenas por teus beijos tapado,
Por tuas gotas de intenso, insano amor coberto!
Acordo na cama vazia
Do que há-de ser um dia,
De ver e ter este querer completo
E hei-de acordar em ti,
Deitada e deleitada
Por teu abraço me cobrir.
Mas hoje,
Hoje apenas acordo em mim
As vontades e desejos que sonho
Por ti...

2012/06/05

Reflexo


E o espelho? Que te diz o espelho quando o olhas? Que vês nele reflectido?
O teu rosto, as tuas feições, as pequenas imperfeições do tempo que teima em deixar marcas de sonhos desfeitos e dias felizes, de horas sem lágrimas e minutos emotivos.
Marcas que são visíveis como os sorrisos em perfeitos dias de Outono com folhas douradas caindo, como os cheiros da Primavera em flores de laranjeira e jasmim em jardins perfeitos de cores variadas que nos mostram a vida numa tela fulgente de sentidos que não precisam de sentido, apenas são e fluem sem pensar.
E o espelho? Que mais mostra esse reflexo? És o sonho que sonhaste? És capaz de te olhar, sem ter medo do que vês? Sem fugir da verdade que cada ruga te mostra?
És capaz de verdadeiramente te ver? Porque nada mais importa que não seja conseguires-te olhar e não fugir, esconder o que te mostra esse ser reflectido sem rodeios ou artefícios.
Quem és tu? Sabes dizer?
Sabes olhar e te perceber, compreender e, sobretudo, aceitar com todas essas imperfeições que nos moldam o ser?
E eu? Eu sei. Sei o que sou. O que me move. Os defeitos e as virtudes, muitas, poucas, algumas só. Mas sei que quando me olho, não fujo do que vejo, não me ausento de mim...
O que vejo é o meu (im)perfeito reflexo.

2012/06/05

Ouço

E eu ouço o meu nome na brisa
Que tráz o teu gravado no som
Que lento sussurra, assobia
Por mim que te oiço na mente vazia.
E o meu nome é o teu misturado
Num sonho de nadas,
De tudo gravado,
De memórias perdidas
De noites a dois vividas,
Por corpos rendidos
Em tardes amados,
Perdidos
Em imensos pecados.
Ouço-te assim,
Gritando por mim,
Num desespero que sinto
Cá dentro do peito,
E eu o teu nome sussurro
Num pranto que derramo
Em ventos do frio
Que espero e que sinto
Por ti seja ouvido.
Ouço meu nome sem que o grites de verdade,
Apenas desejo que o soltes,
Que me chames...

2012/06/04

Os sonhos

E os sonhos são tantos,
Como tantos os dias
Que passam rápidos,
Como as ondas desse teu mar
Onde sempre me perco.
Ondas que sinto em mim,
Na pele que me cobre a carne,
Que peca a cada momento
Em que te sonho,
Dentro, em mim.
E os sonhos são imensos,
Como o sentimento que me invade
A cada palavra que sussurras no meu ouvido,
Que me enche de felicidade,
Que me faz sonhar ainda mais,
Com o concretizar destes sonhos
Que custam a ser verdade.
E os sonhos são reais?
São parte de mim que quero em ti,
Parte de ti que faz parte de mim,
Que me completa,
Que me realiza,
Que me deixa imensa de tanta certeza
Que és tudo em mim,
Que és tudo para mim.
E os sonhos são teus
E meus que queremos sejam...
Apenas nossos.

2012/06/04

Fazer parar



Vou fazer parar o Mundo. Não esse que gira, redondo, sem parar. Mas o meu Mundo que é imenso como o que sinto, como o ar que me envolve em aromas de frutos de cor laranja e carmim, em árvores de flores brancas e rosa.
Aromas que me fazem viver e sentir os dias que teimam em passar e que jamais deveriam existir quando tu não estás presente para comigo os partilhar.
E esses são dias que não sabem a viver, que apesar de o ar em mim entrar é como não viver. E são assim, repetitivos, consequência de sequências de um existir, de um apenas sobreviver e que cada vez me custam mais a deixar passar.
Por isso, vou mandar o Mundo, este que é só nosso, parar, nesse preciso instante em que te estou a abraçar e poder contigo, em ti, para sempre ficar.
2012/05/30