quarta-feira, 19 de maio de 2021

(Novos) Começos


 



A vida nunca é como idealizamos. Raramente corre como planeado e raras são as vezes em que nada falhe.
A verdade é que quase sempre vamos (re)fazendo a vida conforme nos é permitido.
Há (quase) sempre um imprevisto, um elemento, uma variável que não conseguimos controlar.
E é frustrante. Mesmo muito frustrante.
As desilusões com as (grandes) expectativas que fazemos sobre um acontecimento para o qual trabalhamos são devastadoras para a nossa mente. Fazem cair por terra todos os esforços, todos os sonhos... Fazem tábua rasa, polida e infértil ao ponto de nos questionarmos se vale a pena o esforço de sonhar.
Sim, sonhar parece, perante as vicissitudes da vida, um esforço vão.
No entanto, a vida gira, como os ponteiros de um relógio mudando as horas, como o sol dá vida à lua, como a maré dos rios varia num constante e sempre diferente ritmo.
A vida é um mistério pois ninguém sabe o futuro.
A vida é cruel por não nos permitir construir esse (in)certo futuro.
Estes dias têm sido quase assim. Uma (des)ilusão.
Criei expectativas, altas, demasiado altas e caí por terra.
Destruída.
De coração partido.
De culpa por ter acreditado.
De vergonha por ter sido rejeitada.
A rejeição, seja a que nível for, é destruidora, a nossa auto-estima é abalada, a nossa crença em nós, no que somos é abalada.
A rejeição é um tremor de terra que, não só abana, como abre brechas, mais ou menos profundas nos alicerces de quem somos.
E eu caí por terra. Destruída. Verdadeiramente desiludida.
Mas algo dentro de nós, raramente, nos deixa cair numa letargia de comiseração. Levantamos o corpo, a cabeça e voltamos a acreditar.
Quase sempre noutro sonho.
Eu, esta semana, deixei de sonhar. Sonhar no sentido de planear.
Deixei nas mãos do tempo, dos dias e de algo cá dentro, que não sei o que chamar, e deixar acontecer. Como se... Como se tivesse a certeza que o deveria fazer, que tudo se iria compor, que "as coisas" iriam acontecer. Mais cedo ou mais tarde. E isso cá dentro deu-me ânimo. Confiança em mim. E vivi estes dias, não à espera, mas vivendo o meu ser mais verdadeiro, vivendo-me, sorrindo e chorando com algo que me fizesse sentir. Vivi sem expectativas. Verdadeiramente deixando acontecer.
E aconteceu!
E fui invadida por um sentimento de felicidade! Verdadeira felicidade. Por mim, pelo que sou, pelo que mereço.
Pode parecer estranho, uma parvoíce, uma estupidez, mas a desilusão foi perfeita para o meu futuro. E acredito que serei mais feliz no que não planeei do que no idealizei e sonhei.
"Já não era para ser" ou "é porque algo melhor vem aí" deixaram de ser frases cliché, usadas para nos fazerem sentir bem: às vezes é pura verdade! Basta deixar de tentar controlar e viver com o que nos aparece à frente.
O destino, o fado, o futuro são coisas que não controlamos. Podemos ajudar fazendo por nós, crescendo intelectual e moralmente, mas não se controla o que está escrito para nós...


Cat.
2021.03.27

Sem comentários:

Enviar um comentário