terça-feira, 11 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXII


 

Trago no peito
Todas as dores do Mundo:
Não há dia em que me deite,
Sem chorar e secar o poço das lágrimas, até ao fundo.
É a imensidão de um mar,
Que me inunda o ser,
De uma água putrefacta no cheirar,
Suja, onde não há forma de ver.
Lavo, com lágrimas de sal,
Todo esse nojo que sinto,
Que não sendo meu, me faz mal,
Como se fosse por mim cumprido.
Sulco no rosto
A dor dos outros vivida,
Sinto o medo, a revolta, a tacanhez,
De forma tão veemente, que me suga a vida.
Tento, de alguma forma,
O limpar da podridão,
De todos os que são gente,
De modo a obter perdão.
Água podre e parada,
De lamentos e pecados cheia,
Peço que dela não sobre nada,
Depois do meu tormento,
Que não seja, que venha uma nova hora,
Para percebermos
Que a todos tocamos,
Que não somos, mas podemos,
A cada dia, ser mais perfeitos.


Cat.
2021.02.02

Sem comentários:

Enviar um comentário