segunda-feira, 5 de abril de 2021

Silêncio em mim


 

Mergulho no silêncio. E espero, sem esperança, que o grito me saia da garganta.

Não que tenha algo para dizer, há silêncio em mim, esse onde mergulho.

Onde me perco e onde desejo não ficar.

Não há pior silêncio que o nosso silêncio.

Um silêncio que não é por falta de palavras. Que não é porque não queira soltá-las.

É porque, na maioria das vezes, senão sempre, não há quem as ouça.

Quem verdadeiramente ouça. Com o coração, sem conselhos e sem apontar dedos.

Simplesmente não há quem ouça. Ninguém quer ouvir o que vai dentro da Alma de quem quer que seja.

Ninguém quer partilhar esse peso. Ou alegria. Ou simples troca de ideias e pontos de vista.

Não há quem ouça. Há acenos de cabeça ou ruídos de conforto. Apenas para parecer que se ouve. E não houve uma única palavra que fosse ouvida.

Às vezes calo-me, no meio de uma frase, de uma história, de um pensamento e nada... Silêncio do outro lado.

Ou interrompem com um qualquer tema leviano, sem interesse mas que tem força para nos calar.

E assim faço. Calo-me e mergulho no meu silêncio. Um silêncio que grita cá dentro, dentro do meu próprio silêncio...


Cat.
2020.04.22

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