segunda-feira, 12 de abril de 2021

À tona


 






Submersa. À tona da vida.
No limiar de quase desistir e deixar-me afundar.
Doce, suave, lentamente.
No limiar de querer resistir e unir força e fôlego e emergir.
Rápida, brusca, emergente.
Um limiar que me deixa neste limbo de me sentir perdida. De me sentir sem saber o que decidir.
Descansar.
Repousar.
Dormir e não sonhar ou delirar.
Mergulhada nesta minha estranha forma de ver, de sentir a vida e o que nela acontece. No que por ela passa.
Olhar para o lado e não ver. Não sentir. E sobretudo não analisar. Não tentar compreender.
Há momentos em que penso que deveria pensar menos e ser mais leviana na forma de viver e lidar com os outros e com certas situações.
Não pensar no que me ultrapassa. Porque não me diz respeito ou no que diz.
Na dor das perdas.
No coração dilacerado pelas ausências.
Nas feridas profundas marcadas na alma e no rosto cansado, abatido e enrugado dos sulcos vincados por tantas lágrimas vertidas...
À tona da vida. Submersa no salgado das minhas próprias lágrimas.


Cat.
2020.06.02

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