terça-feira, 20 de abril de 2021

Duas. Frente a frente


 

Duas. Frente a frente.
Não em confronto, mais numa tentativa de se compreenderem. Uma à outra, ambas.
Duas. Frente a frente.
Diferentes em tanto e iguais em outro tanto.
Dores idênticas. Sorrisos iguais. Lágrimas pelas razões.
Apenas formas diferentes de olhar.
Apenas formas diferentes de lidar, de viver, de ultrapassar.
Duas. Frente a frente.
Questionando porque a outra não sente igual. E a outra desejando sentir como essa.
Deixar a dor.
Deixar o peso do passado.
Deixar as pessoas que já não nos trazem nada e, principalmente, a quem já nada temos para dar.
Deixar que as lágrimas de tristeza sejam apenas de alegria. Sejam pelo bem que se faz, que se recebe.
Que o amanhecer seja uma bênção e que a cada dia o sol brilhe e o sorriso ilumine o rosto, nem que seja apenas por um minuto.
Duas. Frente a frente.
Numa luta sem palavras, em que a forma de sentir, de olhar, de aprender ou não é que vence.
Numa tentativa de se equilibrarem e de se tornarem apenas numa. Uma única, sem dualidades, sem receios, sem medo de viver e de apenas ser.
A desejar conciliar a mente, o coração e a alma neste corpo que é só um.
Duas. Frente a frente.
Num espelho tão iguais e tão diferentes. E como só desejo conciliar-me e aprender a viver com ambas.
Talvez só o consiga criando uma terceira: a do equilíbrio e a que não se compara constantemente ao espelho à espera de resposta que nunca surgirá...


Cat.
2020.09.12

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