Há silêncios que imperam de forma abstrata, que chegam
devagar, com passos que não se sentem mas que se vão impondo por períodos de
tempo cada vez mais longos e que se nos vão apoderando da companhia que
acabamos por perder.
Há silêncios que nos são impostos. Que não advêm do
passar dos dias, que não surgem som o tempo, que são apenas uma negação ao que
dizemos. Como se não existíssemos. Como se não falássemos, como se as palavras
que de nós saiem ficassem presas numa espiral de tempo amorfo, parado, que
nunca se concretizassem, nunca pudessem de facto ser ouvidas. Perdidas para
sempre no espaço, no vento que não corre e não as leva ao destino.
E aqui surge a pior das solidões: quando há tanto a dizer
e não há quem queira ouvir, quem as queira sentir connosco, quem as queira
perceber e devolver-nos o pensamento sob a forma de outros sentimentos ou
lógicas ou vivências.
Há silêncios que doiem mais que a ausência de sons...
16/12/2012