quarta-feira, 12 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXV


 

Esvai-se a vida
Do corpo, inerte,
Morte rápida, ávida,
A de quem tem (essa) sorte.
Sai devagar a Alma,
Do corpo que agora jaz
Deitado numa cama
Deixado, abandonado, incapaz.
Já não há vermelho sangue
Correndo pelas veias,
O coração já não bate,
E a mente parou, sem memórias.
Mas a Alma, cujo corpo ficou para trás,
Vive e viverá
Nas lembranças de quem me traz
No pensamento, no coração e sempre me recordará.
Viverei eternamente,
Como flor seca entre folhas de um livro,
Que vive sem na verdade viver
E que não vive sem na verdade morrer...

Cat.
2021.02.08

Adeus (à) Vida XXIV


 

Não quero que me chores
No dia em que pararei de respirar:
Lembra-te que se foram as dores,
Com que esta vida decidiu me ofertar.
Sabes que não sou só corpo,
Matéria, sangue e osso,
Que depois de morto
Será pó, enfiado num fosso.
Sou Alma aprisionada
Que nesse dia, nessa hora,
Do físico será libertada
E daqui se irá embora.
Sou Alma com muitas vidas
Todas elas por escolha,
Fui avós, pais e filhas,
De tantos que não sei.
Não chores na minha partida:
Regresso a casa
Com a Alma inteira,
Com tudo o que amei e senti
Em todas as vidas que vivi!


Cat.
2021.02.04

terça-feira, 11 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXIII

 



Haverá um dia
Em que este corpo meu,
Deixará de ter vida,
Estará morto, sob um véu.
Deixará de ser matéria,
Sangue e carne viva,
Passará a ser etérea
A essência que não se finda.
Serei pó, grãos de poeira,
Mas nunca te deixarei só:
A minh'Alma te acompanhará pela vida inteira.
Serei fantasma de mim própria,
Rondando a quem amo:
Invisível aos olhos, estarei morta,
Mas Alma estará mais que viva!


Cat.
2021.02.04

Adeus (à) Vida XXII


 

Trago no peito
Todas as dores do Mundo:
Não há dia em que me deite,
Sem chorar e secar o poço das lágrimas, até ao fundo.
É a imensidão de um mar,
Que me inunda o ser,
De uma água putrefacta no cheirar,
Suja, onde não há forma de ver.
Lavo, com lágrimas de sal,
Todo esse nojo que sinto,
Que não sendo meu, me faz mal,
Como se fosse por mim cumprido.
Sulco no rosto
A dor dos outros vivida,
Sinto o medo, a revolta, a tacanhez,
De forma tão veemente, que me suga a vida.
Tento, de alguma forma,
O limpar da podridão,
De todos os que são gente,
De modo a obter perdão.
Água podre e parada,
De lamentos e pecados cheia,
Peço que dela não sobre nada,
Depois do meu tormento,
Que não seja, que venha uma nova hora,
Para percebermos
Que a todos tocamos,
Que não somos, mas podemos,
A cada dia, ser mais perfeitos.


Cat.
2021.02.02