quarta-feira, 6 de junho de 2018

Hoje viajo ao som de....

Tender - Blame


No, I don't even know anymore
If I'm sick or I found a cure
Got a fever and a cold sweat
Try to sleep but the sheets are wet

[Pre-Chorus]
You did this to me
When I tried to intervene
Tried to make you stop
Before you went and hurt somebody else
You can blame yourself
And gather dust upon the shelf
You thought you were anyone's
Girl, you ain't having me

[Chorus]
Tried to take my love, oh
I won't give it up, won't give it up for you
You tried to take my love, oh
I won't give it up, won't give it up, no, not for you

[Verse 2]
But you stripped me down
Wore me to the bone
I am hollow now
Nowhere else to go
Running to your open arms
Like you tempt me from the street
I am praying to prodigal
With nothing else to eat

[Pre-Chorus]
You did this to me
When I tried to intervene
Tried to make you stop
Before you went and hurt somebody else
You can blame yourself
And gather dust upon the shelf
You thought you were anyone's
Girl, you ain't having me

[Chorus]
Tried to take my love, oh
I won't give it up, won't give it up for you
You tried to take my love, oh
I won't give it up, won't give it up, no, not for you

segunda-feira, 4 de junho de 2018

Quem sabe...


Às vezes perguntava-me como não vi os sinais. Eram por demais evidentes: a ausência constante, só jantarmos em casa quando recebíamos pessoas, a falta de interesse em estar em casa e, consequentemente, comigo.
Não sei como não percebi os sinais. Não só estes como todos os outros, anteriores e que eram um óbvio espelhar de que não pretendia que a relação evoluísse. Que era perfeito assim, como estávamos, cada um em sua casa.
A verdade é que essa forma de estar na relação já não me chegava. Sim, eu queria mais. Eu queria a nós, eu queria o nosso ninho. E forcei. Oh! Se forcei. Sei-o agora que olho para trás e, desprovida dos sentimentos que me motivam na altura, vejo-o claramente.
Pergunto-me como não vi os sinais.
Ou será que vi e, como fazemos quase sempre com o que nos magoa, fechei os olhos, virei o rosto e optei por não ver. Por não interiorizar. Por não assimilar. Assim, de forma tão egoísta quanto me foi possível, não teria que tomar decisões. Não teria que refazer todo o plano de vida que tinha vindo a orientar há tantos e tantos anos.
Mas eu perguntei, sim, se era o que pretendia. Se estava disposto a avançar no nosso caminho. E apesar de toda a sua postura, de todos os seus sinais, de toda a sua falta de atitude, os seus lábios diziam algo diferente.
E eu quis acreditar.
Talvez da mesma forma que também ele quis. Talvez com a mesma vontade em não desperdiçar a vida que já tínhamos partilhado e os sonhos da que viríamos a partilhar.
Eu vi os sinais. Estavam bem presentes. Tão presentes que tudo acabou por terminar.
Eu vi os sinais. E foram esses sinais que acabaram por criar um tal fosso entre nós que era impossível reverter tal situação. Já não havia ponte que nos unisse. Já não havia vontade suficiente para que ambos acreditássemos que havia retorno, que ainda havia aquela chama de... Qualquer coisa, o que quer que fosse, o que quer que lhe chamemos, que nos voltasse a fazer sorrir em uníssono.
Sim, eu vi os sinais. Estavam lá todos e por medo do desconhecido, por medo de avançar sozinha, por pena de deixar para trás tantos anos, obriguei-nos a viver um tormento.
Um tormento que não negou, que encorajou e que não sei os motivos. Talvez os mesmos que os meus. Talvez outros que os homens, definitivamente, não pensam como nós.
E os tormentos não acabam bem. Muito pelo contrário...
E a vida é isto: acreditar, construir, insistir, errar e, sem sombra de dúvida, também destruir.
E como destruí.
Mas também cresci, tornei-me mais segura, independente, forte no meio da minha tão feminina fragilidade.
E ultrapassei.
E voltei a amar. Com ainda mais intensidade. Como se não houvesse amanhã. Como se estivesse a viver o meu primeiro verdadeiro grande amor.
Porque já não fujo aos sinais. Porque os enfrento e corto toda e qualquer possibilidade de crescerem. Em mim e no meu amor. Em mim e na minha vida.
E se assim não fosse, se não tivesse recusado ver os sinais antes talvez, mas só talvez, não pudesse hoje ser assim feliz.
Ou talvez sim. Mas quem sabe?



Cat.
2018.06.04

Ele(s) V






ELE:
Vejo-te chegar e olho-te por inteiro. É impossível não te olhar enquanto despes o casaco e desvendas o vestido justo que te adorna as formas.
Os lábios rosados brilham num sorriso que tem tanto de sedutor como de menina.
Sorrio-te de volta e apressas o passo.
Os seios, fartos, saltam à vista no decote e enquanto te aproximas reparo como o frio que se sente lá fora se revela nos teus mamilos.
Beijas-me de forma fugaz, ainda estás com a adrenalina de um dia cheio no emprego, o teu perfume inunda-me de sensações e, num ápice, relembro o dia em que te conheci. Em que soube que eras a tal, a mulher por quem me apaixonei.
Os anos passaram por ambos, as vidas mudaram e a rotina e os problemas inerentes a um casal não foram ausência entre nós, não somos diferentes de todos os outros. Mas à nossa maneira, de uma forma ou de outra, lá conseguimos ultrapassar as nossas divergências e dificuldades.
Hoje, ao entrares no restaurante, olho-te e, apesar de o teu corpo já não ser firme e perfeito, de no teu rosto as rugas já marcarem a sua presença, a mulher por quem me apaixonei ainda existe.
Eu amo-te por tudo o que és, por tudo o que passamos juntos, por tudo o que alcançamos e pelo homem em que me ajudaste a tornar. Eu amo-te por tudo isto. Mas apaixonei-me pelo teu jeito de sorrir, pelo teu doce sorriso, pela forma como vestes as curvas do teu corpo, pela elegância com que pegas no copo de vinho e bebericas enquanto me olhas nos olhos.
Apaixonei-me e desejei-te como nunca.
Como te desejo agora, neste momento em que falas e eu já não penso em nada mais que não seja em levar-te para o carro e, como da primeira vez, devorar-te por inteiro e fazer-te minha. Só minha. Hoje e sempre.




 ELA:
Combinamos encontro num restaurante da tua escolha, algo novo e diferente do habitual. Agora que a vida voltou a ser a dois, regressamos a hábitos que deixamos suspensos devido a outras responsabilidades.
Estou uns elegantes 10 minutos atrasada e entro no restaurante já a tirar o casaco e sorrio-te como que meia envergonhada pelo atraso.
Mas não estou, foi propositado.
Quis que me visses chegar, com um vestido novo que me realça as (muitas e largas) curvas do meu corpo. Não me envergonham ainda e sempre fui roliça, algo que sempre te atraiu nas mulheres.
Não trago lingerie e sei que apesar da idade já se fazer sentir, a lei da gravidade ainda não chegou aos meus seios que continuam bonitos e, como não te cansas de repetir, perfeitos. O teu olhar-me diz-me que já reparaste e o ligeiro sorriso que te agrada o que salta à vista.
Beijo-te leve e rapidamente apenas para que sintas o meu perfume, não o de todos os dias, mas aquele que me identifica para ti: o teu meu perfume.
Sento-me e inicio o relato do meu atarefado dia, de forma a que não tenhas oportunidade de deixar de me olhar. Como gosto que me olhes, que sorrias das minhas piadas, que compreendas a ironia das minhas palavras ; de saber que te prendo a atenção.
Mas hoje não é isso que pretendo.
Hoje quero que relembres porque estamos juntos, porque te apaixonaste por mim. Que relembres e percebas que apesar dos anos, ainda cá está a mulher por quem te apaixonaste.
Hoje preciso de ver no teu olhar que além do amor que nos une, ainda há paixão. Ainda há tesão e tensão sexual. Hoje quero, não que me ames, mas que me fodas.
E vou dizer-to a meio do jantar, através de uma sms: "Quero que me fodas. Hoje podes fazer de mim a TUA puta!".




Cat.
2018.05.31

A ti Mãe... IV

O dia há muito que se faz sentir, com uma luz desmaiada de um sol que parece não querer brilhar.

Os pássaros pouco se fazem sentir ao contrário do orvalho que é presença em todas as folhas de árvore, em cada erva que cresce e beija em cada flor cada uma das suas pétalas. Como se chorassem, inundadas de pequenas gotas de água como se de lágrimas se tratassem.

Tal como cá dentro, no meu coração.

Hoje cada gota de sangue é uma lágrima. Uma lágrima de saudade. Uma lágrima de perda. Uma lágrima que, mesmo ausente da face, não deixa de fazer sentir, a cada dia, a cada momento, no meu peito.

Sabes que penso em ti todos os dias?

Que me pergunto, se onde estás, me velas e, junto comigo, vives todas as minhas vitórias e todos os meus maus momentos?

Sabes que, ainda agora, é a ti que desejo contar cada passo importante da minha vida?

Que penso se me darias da tua aprovação e se terias orgulho em mim, no que me tornei?

Sabes que quando preciso de um abraço, de carinho, de um colo onde chorar e ficar aninhada é em ti que penso?

Porque não há como o colo de mãe. Não há como o teu colo minha mãe...

E hoje, eu só queria ter-te abraçado mais. Ter sorrido ou ter chorado mais, nos teus braços, no teu colo.

E chegará um dia em que as minhas lágrimas não precisarão mais de se revelarem, em que as datas se esvanecerão no correr dos dias e em que eu não precisarei de expurgar-me em palavras escritas. Mas não penses que nesse dia te esqueci. Não. Jamais. Apenas deixarei de recordar as datas tristes e passarei a lembrar-te quando para mim for importante.

Porque jamais morrerás em mim.

Porque eu sou parte do que restou de ti.

Porque tu sempre viverás em mim: no meu sangue, na minha Alma e no meu coração.





Cat.
2018.05.26