segunda-feira, 4 de junho de 2018

Ele(s) V






ELE:
Vejo-te chegar e olho-te por inteiro. É impossível não te olhar enquanto despes o casaco e desvendas o vestido justo que te adorna as formas.
Os lábios rosados brilham num sorriso que tem tanto de sedutor como de menina.
Sorrio-te de volta e apressas o passo.
Os seios, fartos, saltam à vista no decote e enquanto te aproximas reparo como o frio que se sente lá fora se revela nos teus mamilos.
Beijas-me de forma fugaz, ainda estás com a adrenalina de um dia cheio no emprego, o teu perfume inunda-me de sensações e, num ápice, relembro o dia em que te conheci. Em que soube que eras a tal, a mulher por quem me apaixonei.
Os anos passaram por ambos, as vidas mudaram e a rotina e os problemas inerentes a um casal não foram ausência entre nós, não somos diferentes de todos os outros. Mas à nossa maneira, de uma forma ou de outra, lá conseguimos ultrapassar as nossas divergências e dificuldades.
Hoje, ao entrares no restaurante, olho-te e, apesar de o teu corpo já não ser firme e perfeito, de no teu rosto as rugas já marcarem a sua presença, a mulher por quem me apaixonei ainda existe.
Eu amo-te por tudo o que és, por tudo o que passamos juntos, por tudo o que alcançamos e pelo homem em que me ajudaste a tornar. Eu amo-te por tudo isto. Mas apaixonei-me pelo teu jeito de sorrir, pelo teu doce sorriso, pela forma como vestes as curvas do teu corpo, pela elegância com que pegas no copo de vinho e bebericas enquanto me olhas nos olhos.
Apaixonei-me e desejei-te como nunca.
Como te desejo agora, neste momento em que falas e eu já não penso em nada mais que não seja em levar-te para o carro e, como da primeira vez, devorar-te por inteiro e fazer-te minha. Só minha. Hoje e sempre.




 ELA:
Combinamos encontro num restaurante da tua escolha, algo novo e diferente do habitual. Agora que a vida voltou a ser a dois, regressamos a hábitos que deixamos suspensos devido a outras responsabilidades.
Estou uns elegantes 10 minutos atrasada e entro no restaurante já a tirar o casaco e sorrio-te como que meia envergonhada pelo atraso.
Mas não estou, foi propositado.
Quis que me visses chegar, com um vestido novo que me realça as (muitas e largas) curvas do meu corpo. Não me envergonham ainda e sempre fui roliça, algo que sempre te atraiu nas mulheres.
Não trago lingerie e sei que apesar da idade já se fazer sentir, a lei da gravidade ainda não chegou aos meus seios que continuam bonitos e, como não te cansas de repetir, perfeitos. O teu olhar-me diz-me que já reparaste e o ligeiro sorriso que te agrada o que salta à vista.
Beijo-te leve e rapidamente apenas para que sintas o meu perfume, não o de todos os dias, mas aquele que me identifica para ti: o teu meu perfume.
Sento-me e inicio o relato do meu atarefado dia, de forma a que não tenhas oportunidade de deixar de me olhar. Como gosto que me olhes, que sorrias das minhas piadas, que compreendas a ironia das minhas palavras ; de saber que te prendo a atenção.
Mas hoje não é isso que pretendo.
Hoje quero que relembres porque estamos juntos, porque te apaixonaste por mim. Que relembres e percebas que apesar dos anos, ainda cá está a mulher por quem te apaixonaste.
Hoje preciso de ver no teu olhar que além do amor que nos une, ainda há paixão. Ainda há tesão e tensão sexual. Hoje quero, não que me ames, mas que me fodas.
E vou dizer-to a meio do jantar, através de uma sms: "Quero que me fodas. Hoje podes fazer de mim a TUA puta!".




Cat.
2018.05.31

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