terça-feira, 15 de abril de 2014

Sempre unidos


 
O dia avança ao ritmo de um Sábado calmo e relaxado dos sons apressados de passos que correm na azáfama do quotidiano. As conversas quase se sussurram como quase se prolongam com o quase acabar do conteúdo que se pretende partilhar, em encontros de ocasião.
O vento não as espalha por entre as folhas das cerejeiras de jardim, carregadas das suas frágeis flores, beijadas pelas asas dos pássaros que nelas habitam.
O sussurro do viver também mora cá dentro, num murmurar que me invade o pensamento.
Um eterno questionar que, mesmo sem vontade, me vai corroendo.
As imperfeições que me acompanham, serão minhas para sempre ou, conseguirei, sob uma força que desconheço, perdê-las pelo caminho, deixá-las sem remorso?
E eu luto. Todos os dias luto nesta guerra que, sendo só minha, afecta quem conheço.
A frustração nos dias em que a batalha do melhorar eu perco, invade-me e mata-me, e torna-me num pior ser humano.
E eu quero, mas quero tanto ser melhor, perder a mesquinhez de coisas banais que me ferem cá dentro, que me perco, por completo, no discernimento.
Sim, eu quero ser perfeita. Perfeita aos teus olhos, de quem vive cá dentro.
Porque quando se ama, a vida é partilhada, ajustada e re-programada em esforços repartidos.
E eu, luto todos os dias, mesmo quando as forças me faltam, para que nunca te desiludas, para que sejamos unidos...


12.Abr.2014


No acabar do dia


É no final do dia
Que mais te penso,
Quando o corpo inicia o abrandar
De um descanso que faz esperar,
Que ainda vai tardar.

E é nesse quase o tempo parar
Que o meu pensar se invade de ti,
Da vontade de sentir o teu abraço,
Do desejo de me perder,
Louca e intensamente,
No teu beijo.

Nesse preciso momento
Em que o teu abraço me envolve
De um sentir que não se mede,
Que não tem lonjura
E que me transcende.

É no acabar do dia
Que anseio o regresso,
Ao nosso lugar,
Ao meu porto de abrigo,
Ao teu amar.


10.Abr.2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Salva

 
 
O dia já percorreu metade da jornada que se impõe pelo correr das horas. O sol não brilha nas águas do rio que corre, indiferente ao reflexo da espuma branca que domina o céu. A brisa ajuda a afastar o afago quente do calor que se sente e torna a conjugação num abraço que nos arrepia a pele.
E só o arrepio me acorda desta letargia de dia que passa sem que as horas passem. Que a cada minuto se esgota e não se dá conta, não se nota.
 
O silêncio e o vazio hoje fazem parte de mim.
O vazio do silêncio de pássaros que a Primavera (ainda) não trouxe.
O silêncio das ameixoeiras e cerejeiras que as flores, já caídas, não encheram de música.
O vazio da ausência dos cheiros das frésias e das laranjeiras que se intensificam com o calor.
 
Nada. Silêncio. Vazio.
 
Um correr por correr. Um respirar por respirar. Um viver por viver.
Há momentos em que desistir também é lutar.
Há momentos em que deixar andar também é (sobre)viver.
Há momentos em que nos adormecemos e esperamos ser salvos desta inércia e apatia de quem (aparentemente) desiste.
É como boiar num rio sereno, onde quase dormimos, onde não se dá conta do tempo e alguém grita e o nosso nome vem a voar no vento.
 
Hoje, é um desses momentos, em que apenas preciso de ouvir o meu nome no sopro da tua boca e olhar-te nos olhos carregados desse mar que alimenta a tua Alma e, sentir-te o amor e a razão de viver. A minha e a tua.
Hoje, quero apenas saber que a tua mão (sempre) segurará a minha...


09.Abr.2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

Possuída


A pele queima e eu só anseio que 
Me tomes pelo braço e possuas.
E possuída assim, entregar-me 
Sem noção do que está por vir.

O corpo arde e eu 
Só desejo que me possuas.
E possuída assim, aberta e ao ritmo do teu saber, 
Entregar-me e querer mais.

A carne é vulcão efervescente e 
Só exijo que me possuas.
E possuída assim, sentir fluir de mim todo o suco do meu prazer, 
Todo o jorrar do teu misturado no meu!

Eu sou apenas pecado,
Nas tuas mãos luxúria, 
Objecto loucamente tomado,
Dado, vencido, 
Apaixonado e amado.



08.Abr.2014