quarta-feira, 9 de abril de 2014

Salva

 
 
O dia já percorreu metade da jornada que se impõe pelo correr das horas. O sol não brilha nas águas do rio que corre, indiferente ao reflexo da espuma branca que domina o céu. A brisa ajuda a afastar o afago quente do calor que se sente e torna a conjugação num abraço que nos arrepia a pele.
E só o arrepio me acorda desta letargia de dia que passa sem que as horas passem. Que a cada minuto se esgota e não se dá conta, não se nota.
 
O silêncio e o vazio hoje fazem parte de mim.
O vazio do silêncio de pássaros que a Primavera (ainda) não trouxe.
O silêncio das ameixoeiras e cerejeiras que as flores, já caídas, não encheram de música.
O vazio da ausência dos cheiros das frésias e das laranjeiras que se intensificam com o calor.
 
Nada. Silêncio. Vazio.
 
Um correr por correr. Um respirar por respirar. Um viver por viver.
Há momentos em que desistir também é lutar.
Há momentos em que deixar andar também é (sobre)viver.
Há momentos em que nos adormecemos e esperamos ser salvos desta inércia e apatia de quem (aparentemente) desiste.
É como boiar num rio sereno, onde quase dormimos, onde não se dá conta do tempo e alguém grita e o nosso nome vem a voar no vento.
 
Hoje, é um desses momentos, em que apenas preciso de ouvir o meu nome no sopro da tua boca e olhar-te nos olhos carregados desse mar que alimenta a tua Alma e, sentir-te o amor e a razão de viver. A minha e a tua.
Hoje, quero apenas saber que a tua mão (sempre) segurará a minha...


09.Abr.2014

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