sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Palavras parcas

Por vezes as palavras são parcas em reflectirem o que nos vai na alma.
Como se não fossem suficientemente grandes ou profundas ou até exactas do sentimento que nos inunda os pensamentos.
Como uma sensação de deixar sempre algo por dizer, incompleto e a necessidade de nos repetirmos de forma a reforçar esse sentimento acaba por lhe tirar a intensidade.
É como a tua presença em mim: és parte do que sou, entranhado em cada poro da minha pele num odor que me vicia e me percorre por inteiro.

É como a tua ausência em mim: deixa de correr o líquido que me faz viver e me alimenta o corpo sedento do teu sabor e a alma carente do teu amor.

E não há palavras para a dor que a tua não presença me provoca e nem o tempo se torna meu amigo pois não ameniza este sentir e que me mergulha num imenso não viver.

14/09/2012

Temo

Temo que o tempo não seja meu amigo no passar dessas tardes em que o meu desejar não se concretiza de forma efectiva.

Temo que as horas em que o sol mais me aquece não sejam suficientes para que se mantenha o calor do que faz meu coração bater descompassado.

Temo que os sonhos desejados sejam meros ideais utópicos de uma vida que não e se torne realidade.

Temo que tudo desapareça numa nuvem de nevoeiro cerrado sob o rio que corre despreocupado com o desaparecer das emoções e motivações.

Temo que o teu tempo seja de um verbo diferente e não aguente o esperar para concretizar.

Por vezes não temo nada e a certeza é imensa e certa em mim e sei que tudo será como sonhamos e idealizamos, bem melhor no fim.

14/09/2012

O caminho

E o caminho que nos espera é longo e carregado de sombras e curvas que nos impedem a visão, que nos deixam na plena escuridão do que poderá vir e ser.
Jamais é fácil o contornar e o ultrapassar dessas muitas vezes enormes insignificâncias que nos atormentam o pensar e nos adormecem os passos impedindo-nos de seguir o que nos está traçado, destinado ao dia seguinte e que será uma nova árdua e dura ...
tarefa.
A vida e o que esta nos destina é uma incógnita que nunca ninguém decifra, descobre-se ao poucos e jamais se finda.
É um caminhar em direcção a um final que por vezes nos soa a irreal, sem sentido, sem objectivo, perdido num andar que não tem fim, que não termina e que nos cansa, esgota.
 Mas há fases do caminho que nos deixam de sorriso nos lábios, de coração carregado de nova e renovada energia e vontade de avançar e vencer.
E há os que vamos encontrando por essa estrada.
Os que nos derrubam e vão ficando para lá das curvas que nos travaram.
Os que entram e acompanham no passo mais ou menos lentos do andar que nos dá gosto e prazer em concretizar. Os que ficam em nós e que jamais nos libertam de si. Os que nos amparam e são o nosso porto de abrigo, o nosso refúgio do tempo sem sol e inundado de frio.

 E é a esses, os que jamais me condenam por muito que erre no caminho, que agradeço os dias em que feliz me sinto. É a esses que em mim habitam e nunca de mim sairão, são meus, parte de mim vive na sua alma e na minha, parte deles não me abandona.

 E o caminho é longo e áspero e doce e suave e com recordações que se cravam na memória das lembranças e nos fazem crescer e melhorar.

13/09/2012

Rendida


E o desejo invade-me a alma,
E o corpo segue o caminho
Que lhe pedes
Sussurrando ao ouvido.
E a vontade de te pertencer,
De te me dar,
De te sentir e receber o prazer
Aumenta a cada beijo de lábios tocados,
A cada toque de dedos entrelaçados,
A cada deslize de língua molhada
Em pele que e tua por mim salgada.
E eu já não estou em mim,
Já não penso ou sinto para além de ti,
Tomando-me,
Invadindo-me,
Sorvendo-me o corpo inteiro
Num ritmo que me alucina,
Me rouba o ar,
A gemer me obriga.
E eu sou tua,
Assim,
Por completo,
Me dou por rendida.
13/09/2012