quarta-feira, 20 de junho de 2012

Que faço?

E o sabor com que me invadiste?
E o cheiro do teu calor,
Corpo abraçado no meu,
Que me completa,
Que me preenche,
Que me prende e simultaneamente me liberta?
Que sentimento tão contraditório
Como as saudades quando te vejo,
Mais fortes,
Mais loucas porque sei que talvez não voltas.
E o toque com que gravaste a minha pele?
E as marcas que em mim deixaste
De todas as formas que me amaste,
Que me sentiste,
Que te entregaste
Em que Mulher me fizeste
E Homem foste?
E o sentir que a Alma me invadiu?
Sentimentos que nunca vi,
Li ou descrevi,
Que nunca foram falados,
Que nunca tamanha intensidade tiveram?
Encurralados em mim,
Guardados na minha memória
Que esperançosa ainda te espera,
Ainda te deseja e pertence.
E o meu Amor por ti?
Que faço com ele agora?

2012/06/15

Inevitável...

O adeus é inevitável.
É uma morte anunciada.
As expectativas essas, agora goradas,
São sonhos que imaginei,
São promessas que não falei,
São fruto da inércia
Que o medo, os temores,
Criam em nós, em mim,
Alma pequena, menor.
E a felicidade ali,
À porta da vida
Que deve ser plenamente sentida,
Vivida,
Repartida em momentos de insanidade
A dois consentida.
Almas em comunhão,
De sentimentos e de sensações,
De corpo, de carne que peca,
De corações que amam e se entregam.
E a espera mata.
E as palavras já não alimentam.
E o adeus, esse, acaba por ter a sua hora...

Doce acordar

Os teus dedos acordam-me,
Corpo quente que dorme,
Que sente os sonhos da noite,
Realidade na aurora.
A tua boca percorre-me,
Recantos de pele novos,
Pedaços de mim nunca sentidos,
Tocados,
Por gotas de beijos salpicados
Em poros que se arrepiam
No corpo que suavemente ondula,
Ao ritmo do desejo que aumenta.
A tua pele de gosto a mar de sal,
Invade-me de sabor,
Condiciona-me o paladar
Que se vicia neste torpor
De te sentir,
Te querer provar,
Lamber e em ti,
Querer mergulhar
E no teu prazer imenso,
Me inundar...

2012/06/15

Morta

Hoje acordei morta,
Sem vida em mim,
Sem sangue quente que corra,
Que me aqueça a pele,
Que me renove a alma,
Dormente neste corpo inerte,
Que é estéril ao toque,
Que não sente,
Não vibra,
Não se arrepia com a brisa
Que fustiga sem clemência
O árido deserto,
Seco,
Infértil,
Agreste que é um corpo
Assim, como o meu,
Vazio.
Hoje acordei morta,
Sem vontade de renascer,
De apenas esperar
Que a morte me venha colher...

2012/06/15