sexta-feira, 11 de maio de 2012

Nunca o dizer...



Sinto a tua língua deslizar na pele húmida dessa água salgada de suor de dois corpos unidos, enlaçados num só, guardando-me o sabor. Gotas desse esforço inesforçado de nos amarmos, deitados um no outro, sedentos desses líquidos que de nós brotam, como fontes de néctares improváveis, únicos. Sinto o teu olhar demorar-se no meu, falando sem palavras, dizendo sem se ouvir um som, de como me gostas, mesmo perfeitamente imperfeita, de como me sentiras a falta depois de vestidos os dias rotineiros, de farpelas condicionadas a todos os outros olhares. Beijos trocados no murmurar de lábios roçantes, sentimentos demonstrados em abraços demorados, não de despedida, à saída, mas de sou teu e sou tua no tempo que dura o durante. E as mãos entrelaçadas, vão deslaçando o emaranhado de dedos que se apertam gritando em silêncio um adeus quando, na verdade, desejamos nunca o dizer...



2012.05.10

Meu jardim...


Desperta o dia em mim ao ritmo do compasso do tempo dos raios de sol no jasmim. Cheiro que me invade, que aumenta de intensidade, como o calor que no meu corpo, quente dos lençóis carmim em que me amaste, ao lembrar-te vai subindo na pele que se arrepia, que acorda a cada respiração mais ofegante. Jardim luxuriante, húmido de gotas de vontade, misturadas com meu néctar e teu da noite intensa, doce e louca, em que este corpo que agora desperta, foi teu. Peito aberto e desnudo, que cubro e uno com mãos que são apenas as minhas e toco-me onde te desejo sentir e o corpo ondula, querendo mais o teu crescer. O teu entar e sair. O teu me tomar e domar e controlar e mandar. E sou tua, aberta, exposta como o jasmim que, logo pela manhã, se entrega ao sol que invade o meu jardim.

2012.05.11

Durmo em ti


Durmo contigo,
Com o teu calor,
O teu sabor nos meus lábios
Sedentos desses teus beijos.
Durmo sobre ti,
Cobrindo teu peito,
Respirando acerelarado
De todo o frenezim
De o meu sentir assim,
Peito no peito colados,
Corações embalados
Em toques suaves de dedos entrancados.
Não durmo quase nada,
Que não consigo controlar
O ímpeto do corpo, de ser amada,
Beijada, tocada, tomada
Desse teu querer
Que me enche e dá prazer!
Durmo em ti,
No teu corpo suado,
Com gosto salgado,
Por mim lambido,
Apertado,
Abraçado,
Puxado, sorvido e devorado.
Durmo em ti,
Meu sonho incontrolado...

2012.05.08

Os dias...

E os dias são longos,
Em esperas que se demoram,
Em horas que se são sombrias,
Sem a luz do teu sorriso.
Mas é na noite que mais te sinto a falta,
Quando meu dia se acalma,
Quando tenho tempo a mais para te pensar.
E como te penso!
E como te sonho!
E como te sinto nos minutos
Em que o pensamento e labirinto
De emoções, desejos e contradições.
De vontades insanas
Num corpo que não acalma,
Num fervor que é quase dor.
E os minutos tornam-se agora
Imensos,
Tormentos
Que se notam de hora a hora.
A ausência do teu calor,
A insuficiência do teu falado amor,
A falta do teu cheiro, do teu sabor
São memórias vãs de um nunca sentir,
De um nunca chegar e sempre sabem a partir.
Os dias são longos,
Mas as noites desfiam em fios de sonhos,
Que todos os dias, o sol teima e não seguir...

2012.05.08