Os dias são ricos em acontecimentos, nada mais simples e básico.
Há passagens durante o dia que são banais aos nossos olhos e quase, quase passam despercebidas.
E há momentos que nos marcam de forma profunda e, inegavelmente ficam em nós gravados, cravados na memória, como uma lapa na rocha, daquelas que teimam em não sair, em não largar de nós. Imagens que nos saltam à lembrança dos olhos e dos sentidos e nos fazem reviver de novo esses momentos.
Como certos cheiros. Eu tenho gravados na memória cheiros. A minha memória é carregada de cheiros.
O cheiro dos meus primeiros anos de vida, em que as caixas de botões de todos os feitios, se abriam e traziam com elas o cheiro mágico de horas passadas em mundos divididos em degradees de cores e tamanhos.
O cheiro dos cadernos e livros escolares quando chegavam a casa, ainda sem a marca lateral na capa de nunca terem sido abertos, lidos, escritos. Ou do lápis com a ponta perfeitamente afiada e que teimava em não deixar a minha mão desenhar as letras como deveriam ser desenhadas.
Sim, estes cheiros estão gravados em mim e tão vivos como outros cheiros mais recentes.
Há cheiros que me relembram momentos e fases da vida: o cheiro de um sabonete que tem no nome os campos do nosso país; o cheiro do eucalipto que, por momentos, limpava minha alma; o cheiro dos cabelos aquando o abraço da mãe e, sem dúvida, o cheiro da madeira e das colas que, quando trabalhadas pelas mãos do meu pai e aos meus olhos, criavam verdadeiras obras de arte.
O cheiro da Primavera com perfumes de flores, de canteiros de tulipas e frésias brancas e amarelas, de prímulas no jardim ao lado do poçoo de água, que não derramava uma única gota, de violetas, singelas e pequenas...
E o cheiro das pessoas.
Sim, dessas que abraço na minha vida que, por qualquer razão, se cruzam por mim, comigo e em mim.
E as que se cruzam em mim são as que deixam os cheiros mais intensos. São cheiros únicos, inimitáveis, inigualáveis, insubstituíveis.
São cheiros completos... Os cheiros dos sorrisos nos lábios, o cheiro do poder de uma companhia, do abraço de uma amizade, do beijo intenso de um amor ou da lágrima a cair por desamor. São parte de mim, são o que fizeram de mim o que sou hoje.
E guardo-os a todos, assim como a um tesouro, com o maior dos cuidados, naquele lugar especial da memória: a alma. Na minha alma guardo todos os cheiros...
15/03/2012
Há passagens durante o dia que são banais aos nossos olhos e quase, quase passam despercebidas.
E há momentos que nos marcam de forma profunda e, inegavelmente ficam em nós gravados, cravados na memória, como uma lapa na rocha, daquelas que teimam em não sair, em não largar de nós. Imagens que nos saltam à lembrança dos olhos e dos sentidos e nos fazem reviver de novo esses momentos.
Como certos cheiros. Eu tenho gravados na memória cheiros. A minha memória é carregada de cheiros.
O cheiro dos meus primeiros anos de vida, em que as caixas de botões de todos os feitios, se abriam e traziam com elas o cheiro mágico de horas passadas em mundos divididos em degradees de cores e tamanhos.
O cheiro dos cadernos e livros escolares quando chegavam a casa, ainda sem a marca lateral na capa de nunca terem sido abertos, lidos, escritos. Ou do lápis com a ponta perfeitamente afiada e que teimava em não deixar a minha mão desenhar as letras como deveriam ser desenhadas.
Sim, estes cheiros estão gravados em mim e tão vivos como outros cheiros mais recentes.
Há cheiros que me relembram momentos e fases da vida: o cheiro de um sabonete que tem no nome os campos do nosso país; o cheiro do eucalipto que, por momentos, limpava minha alma; o cheiro dos cabelos aquando o abraço da mãe e, sem dúvida, o cheiro da madeira e das colas que, quando trabalhadas pelas mãos do meu pai e aos meus olhos, criavam verdadeiras obras de arte.
O cheiro da Primavera com perfumes de flores, de canteiros de tulipas e frésias brancas e amarelas, de prímulas no jardim ao lado do poçoo de água, que não derramava uma única gota, de violetas, singelas e pequenas...
E o cheiro das pessoas.
Sim, dessas que abraço na minha vida que, por qualquer razão, se cruzam por mim, comigo e em mim.
E as que se cruzam em mim são as que deixam os cheiros mais intensos. São cheiros únicos, inimitáveis, inigualáveis, insubstituíveis.
São cheiros completos... Os cheiros dos sorrisos nos lábios, o cheiro do poder de uma companhia, do abraço de uma amizade, do beijo intenso de um amor ou da lágrima a cair por desamor. São parte de mim, são o que fizeram de mim o que sou hoje.
E guardo-os a todos, assim como a um tesouro, com o maior dos cuidados, naquele lugar especial da memória: a alma. Na minha alma guardo todos os cheiros...
15/03/2012