segunda-feira, 3 de maio de 2021

Adeus (à) Vida IX


 

Voar,
Sair, a pairar pelo céu
Negro da noite, cor de breu
Sem saber onde parar.

Ir,
Deixar o corpo inerte,
Com as lágrimas que já não verte,
Por acabar o sentir.

Deixar dançar
Ao sabor do vento
A Alma que ainda sinto
Como poeira no ar.

Subir,
Partir e ao mesmo tempo ficar,
Num estado que não sei explicar,
O corpo morto, sem ar
Ou sangue do coração a correr,
E a Alma, presente, a ver,
Toda a dor, como pó, a desvanecer,
No ar a diluir...



Cat.
2020.12.15

sábado, 1 de maio de 2021

Adeus (à) Vida VIII


 

A névoa chegou,
Num compasso lento
Como quem tem tempo,
E ali ficou.

Ali se demorou,
Olhando-me o corpo quente,
Olhando-me de frente,
Como quem sempre esperou.

Percebi que a hora se aproximou
E num de repente,
Sem medo e bem perto, mesmo rente,
Chorei e o corpo parou.

Caída no frio chão,
Sem corpo para viver,
A névoa a minh' Alma levou.


Cat.
2020.12.12

Adeus (à) Vida VII


 

Um dia virá
Em que os olhos não abrirei,
Para ti a olhar não voltarei,
Mas será um até já.

Breve passagem por cá,
Em que feridas abri e fechei,
Muitas na Alma guardei,
Mas não as levarei, comigo, para lá.

Do outro lado do céu
Voo sem medo ou receio:
O que vem é bem melhor
De tudo o que já veio.

Não me chores a partida,
À tua espera estarei
Acima deste mundo e desta vida,
Se é que o merecerei...


Cat.
2020.12.10

Adeus (à) Vida VI





Voei.
O corpo abandonei
E voei.

Fechei.
Os olhos não mais abrirei
Porque os fechei.

A dor
Que na alma sentia
Já não queima, já não há por.

O amor,
Que era o bater o Coração fazia,
Já não arde, já não há fulgor.

O ar,
Que era o que viver me fazia,
Fica cá fora, do corpo, já não há como entrar.

Voei.
De corpo e alma vazia morri,
Deitada,
No leito de amargura vivida
E olhando para o que fui, sorri:
Sou, agora, livre de tudo e por aí voei!


Cat.

2020.12.08