quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dentro de mim


A imagem pode conter: 1 pessoa, céu e ar livre


A noite há muito que se impôs. No céu não há lua e as estrelas brilham, longínquas e num ténue cintilar. Há uma névoa no ar que impede que se vejam com a clareza necessária.

Tal como aqui, dentro de mim.

Há coisas que não se vêem e no entanto passam por nós, dão-nos sinais. Mas às vezes estamos como a noite de hoje: com a visão turva. A visão da mente, do pensamento, do raciocínio e das decisões. Turva. Nebulada. Sem perspectivas. Como se uma cortina tapasse o futuro.

Mas o futuro é sempre uma incógnita.

Mas umas vezes mais incerto que outras.

Mas a vida é isto: um caminho que se faz a cada passo no incerto.

Não depende só de nós. E nós não temos todas as cartas na mão para, mediante a necessidade de decisão, podermos escolher avançar ou recuar ou apenas esperar sem se mover.

Vamos tendo sinais, dicas, reais ou instintivas, de que caminho seguir, como as guias brancas numa estrada que nos permitem avançar sem sair do caminho. Lenta e num misto de receio e confiança.

Sim, a noite está envolvida em névoa feita mistério. E a minha mente, está cega, sem conseguir prever o dia que o amanhã vai trazer. E as decisões que me vai obrigar a fazer.

Cat.
2019.05.24

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Talvez


Talvez um dia eu escreva sobre o que já vivi, em jeito de memórias, em jeito de biografia.Talvez. Mas hoje, só por hoje e neste agora, escrevo sobre o que sinto. Numa espécie de linha temporal, numa espécie de diário dos meus sentires. Dos meus altos e baixos. Um espelho que nada tem de imparcial, apenas uma descrição pessoal e carregada de tendência. A minha perspectiva do que vai acontecendo sem tirar conclusões, sem fazer análises profundas ou levianas.
Sem necessidade de apoio ou crítica, sem esperar sequer que pensem ou opinem e muito menos que daqui ensinamentos tirem.
Deixar a caneta fluir tanto quanto os pensamentos. Tanto quanto a minha volatilidade como ser sentinte que sou. Tanto quanto os meus sorrisos fáceis ou lágrimas sofridas. Tanto quanto a minha humilde humanidade permitir. A felicidade de uma alegria ou a dor de uma tristeza, o (des)amor ou a frustração de um revés.
Sentimentos exclusivos, que são só meus e que pretendo nunca esquecer.
Talvez um dia eu venha a escrever sobre as lições da (minha) vida.
Mas hoje quero apenas escrever sobre o conjugar do meu verbo sentir.

Cat.
2019.05.13

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas

terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Sem chão

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e sapatos

Caminho sem chão
Feito núvem negra,
Vazia de sensação,
Quase uma regra
De tanta repetição.
Cair, apenas cair,
E saber de antemão
Que não há palavra ou descrição
Com ou sem razão
Para traduzir,
Transmitir,
Este sentir,
Que parece ser em vão
Não importa qual a decisão.
Há que andar,
Para a frente caminhar,
Sem muito pensar,
Deixar os dias passar
Porque não agir,
Apenas seguir
E deixar-se ir,
Nem sempre é fugir,
Às vezes é apenas
A única solução.


Cat.
2019.05.03

segunda-feira, 6 de janeiro de 2020

Demasiado, talvez...


A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas sentadas, sala de estar, mesa e interiores

Há momentos em que, apesar da companhia, estou sozinha. Não há conversas. Não há troca de palavras, de ideias, de acontecimentos, de vivências.
Há solidão.
Há aquele silêncio que se impõe apesar do burburinho das vozes na televisão.
Há um não haver. Um nada que quase se consegue tocar de tão intensa a sua presença.
E olhas a sala e não estás sozinha. Não te falta companhia.
Mas há silêncio.
Há solidão.
E há a tristeza que te vai invadindo.
A tristeza de não haver nada para contar.
A tristeza de sentires que a tua vida, se calhar, não é vivida como deveria.
A tristeza de sentires que não consegues combater e o silêncio que vai crescendo entre nós...
Há dias em que este silêncio é bem-vindo.
Há outros em que só me agonia. Em que me deixa entregue a um pensar pequeno, em que tudo é pequeno na minha vida, em que, principalmente, eu sou pequena. Em que não consigo surpreender(te). Em que não consigo manter(te) o interesse. Em que não consigo requerer(te) a atenção. Em que não (te) sou suficiente.
Síndrome de Princesa, talvez.
Insegurança, talvez. Medo, talvez.
Apenas por (te) amar. Por (te) querer. Por nunca me cansar. Por nunca ser demais. Demasiado, talvez...

Cat.

2019.04.25