terça-feira, 19 de abril de 2016

Sonhadora



Era uma sonhadora. Uma menina que sonhava com as pequenas coisas da vida. Coisas que pensava existirem sempre e para sempre nos seus dias, como uma constante inequívoca.
Sonhava ou não pensava nas eventualidades da vida, das suas inevitabilidades.
Era como se o mundo fosse uma certeza imutável, sem o sentir da perda ou da ausência ou a excitação da surpresa.
Imaginava um mundo de pessoas sem maldade, sem interesses mundanos ou egoístas, sem o peso da responsabilidade de cada acção sua no viver de terceiros.
Tudo era uma utopia, cor-de-rosa que nunca gostou.
Hoje já não sonha, é uma crente. Não em qualquer deus de uma qualquer religião, não nas suas capacidades de vitória, não nos sonhos que outrora eram realidade.
Cresceu e es experiências que viveu mostraram uma realidade que não se sonha. Que ninguém algum dia sonhou. Desilusões, tristezas, desventuras e lágrimas correram pelo rosto. Mas também sorrisos francos, beijos e abraços verdadeiros, carinhos e provas de amizade encheram-lhe o peito.
E acredita.
E compreende.
E até perdoa um e outro ente que erra com ela ou com ele próprio.
Acredita que os Homens precisam perdoar-se, cada um a si próprio e depois aos outros.
A culpa impede-os de serem felizes.
Já não sonha com um mundo perfeito, mas acredita, que a cada dia, se cresce e aprende, se aceitam as diferenças e se faz a diferença.
Aqui, não no tamanho da sua imensa Alma, mas no pequenino que é o seu Mundo.




19.Abr.2016

segunda-feira, 18 de abril de 2016

Não regressei



Não.
Há momentos que não voltam, que jamais se repetem, que nunca se podem reviver.
Não.
Não voltei a esse momento.
Não.
Os dias correram em horas que se demoravam mais do que o desejado. E eu desejava pelas tuas palavras. Por aquelas específicas palavras que nunca chegaram.
E chegando jamais seriam suficientes para te mostrar o quanto sentir havia cá dentro.
Não, o momento em que te esperava passou. Num passar ansiosamente lento.
Nunca um momento se prolongou por tanto tempo.
Nunca um momento esperou tanto por acontecer e no fim, quando chegou, não passar de um simples quase ser...
E as palavras ficaram presas nesse tempo: quase ditas, quase partilhadas, quase recebidas, quase tudo redondando num grande nada.
Não, não revivo esse momento.
Não, não repito mentalmente esse momento.
Não, não desejo voltar ao nada que quase foi um tudo.
Aprendi e vivo o momento que é o agora. Vivo como quem não se prende e solta o sentimento a quem não suspende o sentir à espera "daquele" momento.
Não, não regressei a esse momento.



18.Abr.2016

segunda-feira, 21 de março de 2016

Ele(s) IV



ELA:
Traz na alma o sabor da incerteza: será a pessoa certa?
E esta pergunta funciona em ambos os sentidos, para ambos os lados, para cada um deles. Ela será o que ele espera e ele será tudo o que ela deseja.
E ela deseja tão pouco... Alguém que a aceite pelo que é, sem condenar antes de tentar perceber o que foi e o porquê de ter feito. De ter dado determinados passos que nem sempre foram os certos. Mas muitas vezes também não foram errados. Foram o que foi possível ser, o que conseguiu fazer, dar e receber. Sim, porque também se negou a receber. Várias vezes e por não acreditar, por duvidar, de novo dela e dos outros.
Mas é isso que faz com que seja o que é. Mas será que é o que ele quer?
Não há certezas e as dúvidas pairam no seu pensamento e condicionam o que vai mostrar, de como se vai mostrar e até onde se vai deixar levar.
Tem de aprender a viver um dia de cada vez, de hora a hora, cada minuto como único e sem tentar prever o que não consegue.


ELE:
Não pensa se vai dar certo ou errado, se vale a pena pois apenas sabe que é o que quer. Neste momento é o que deseja e o que mais anseia é voltar a vê-la, mesmo que esteja ali, frente a si já lhe sente a falta e já deseja. Aos seus olhos cor de mar, às suas faces rosadas que coram a um singelo elogio. Agrada-lhe a inocência que ela ainda transporta no olhar. Agrada-lhe o sorriso franco e doce e as gargalhadas pulsantes de vida de uma situação qualquer que lhe conta.
Gosta da forma como ela se move nos tacões e a forma como a saia se cola ao corpo, às suas curvas delineadas e roliças. Gosta do decote que o deixa a imaginar como será o desapertar lento e espectante de cada botão da blusa. Imagina os seus lábios rosa e que sabor terão.
Imagina onde poderá levá-la dali para fora sem parecer demasiado atrevido, mas quer olhá-la, quer ouvi-la e voltar a sentir o corpo a desejar sem mais distrações. Quer ser todo dela.
E tocar-lhe com desejo. E abraçá-la protegendo-a. E é estranho esta mescla de sentires.
Mas basta-lhe querer estar com ela e tudo o resto será, sem dúvida, o que ela quiser que seja.


21.Mar.2016

sexta-feira, 11 de março de 2016

Desejo. Quero.



Desejo
Que o teu toque desperte
Os sentidos adormecidos
Em longas horas de espera.

Desejo
O teu beijo nesta boca
Que te anseia,
Neste corpo que se entrega,
Nesta pele que se arrepia.

Quero
O calor que de ti emana,
O teu cheiro em mim espalhado,
As marcas do teu me amar,
Na minha carne,
Gravadas.

Quero
Que a tua língua me explore
Recantos perdidos no corpo,
Que as tuas mãos deslizem
E os teus dedos,
Sábios,
Frenéticos dedilhem
Até que a minha face,
De prazer,
Core.

Quero
Este corpo de novo a estremecer
De imenso, intenso prazer,
Quero
Que me faças de novo tua,
Me possuas,
Me leves à loucura
De te ter em mim,
De a ti e ao teu desejo
Me entregar,
Sem limites ou receios,
De por completo
Te pertencer.


11.Mar.2016