terça-feira, 19 de abril de 2016

Sonhadora



Era uma sonhadora. Uma menina que sonhava com as pequenas coisas da vida. Coisas que pensava existirem sempre e para sempre nos seus dias, como uma constante inequívoca.
Sonhava ou não pensava nas eventualidades da vida, das suas inevitabilidades.
Era como se o mundo fosse uma certeza imutável, sem o sentir da perda ou da ausência ou a excitação da surpresa.
Imaginava um mundo de pessoas sem maldade, sem interesses mundanos ou egoístas, sem o peso da responsabilidade de cada acção sua no viver de terceiros.
Tudo era uma utopia, cor-de-rosa que nunca gostou.
Hoje já não sonha, é uma crente. Não em qualquer deus de uma qualquer religião, não nas suas capacidades de vitória, não nos sonhos que outrora eram realidade.
Cresceu e es experiências que viveu mostraram uma realidade que não se sonha. Que ninguém algum dia sonhou. Desilusões, tristezas, desventuras e lágrimas correram pelo rosto. Mas também sorrisos francos, beijos e abraços verdadeiros, carinhos e provas de amizade encheram-lhe o peito.
E acredita.
E compreende.
E até perdoa um e outro ente que erra com ela ou com ele próprio.
Acredita que os Homens precisam perdoar-se, cada um a si próprio e depois aos outros.
A culpa impede-os de serem felizes.
Já não sonha com um mundo perfeito, mas acredita, que a cada dia, se cresce e aprende, se aceitam as diferenças e se faz a diferença.
Aqui, não no tamanho da sua imensa Alma, mas no pequenino que é o seu Mundo.




19.Abr.2016

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