sexta-feira, 4 de setembro de 2015

Dicionário de coisas simples XXII


E a saudade?
A saudade é o coração guardar o som da tua voz,
O toque da tua mão na pele,
O azul do teu olhar que me acalma e protege.

E o chorar?
O chorar são gotas de água,
Num sentir que me ultrapassa,
Que me inunda por completo
E me açambarca.

E o sorrir?
O sorrir é o gesto que me sai da Alma,
Consequência de um tão grande,
Imenso e intenso
(Te) amar.



06.Jul.2015

(In)Viver



A tarde vai fluindo ao sabor de um morno Verão, acariciado por uma brisa doce e leve.
O rio faz-lhe companhia com o seu correr lânguido e quase parado não fossem os barcos carregados de sorrisos e de palavras que soam a felicidade, espanto e encanto.
Palavras que têm falhado nos meus dias. Palavras que tenho sentido ausência. Palavras que se cobrem de vazio. De pesar. De lágrimas secas, que não rolam pelo rosto mas inundam o coração, a alma.
 
Palavras de saudade. Imensa. Que não se explica, que não se pode obrigar a deixar de sentir porque está cá, mora em mim, habita-me o ser. Cada vez mais, cada vez mais forte, mais vincada e presente.
 
Ao ponto de não me deixar (quase) viver...
 
Ao ponto de até as palavras não serem suficientes...
 
De serem, completa e efectivamente, inúteis.
 
E o silêncio domina, mente e pensamento. E a inércia é senhora do corpo e da vontade.
 
E os dias não passam de momentos em que a vida (quase) não é sentida.
 
 
 
03.Jul.2015

Pedir-te

Pedir-te,
Vou pedir-te que saias.
Que saias dos meus minutos mais ínfimos,
Das minhas horas mais longas,
Da minha vida.

Vou pedir-te que saias,
Dos momentos em que só tu me alentas,
Das memórias que só tu alimentas,
Das minhas recordações.

Vou pedir-te que saias,
De cada instante que vivo,
De cada sorriso que crio,
De cada lágrima salgada que verto.

Vou pedir-te que saias,
Que deixes de comigo construir a felicidade,
Dos sonhos concretizarmos,
De viver a vida desejada.

Vou pedir-te que saias,
Que contigo leves as esperanças
E que comigo deixes as amarguras,
As incertezas e inconstâncias.

Vou pedir-te que saias,
Que me leves as lembranças
Do teu corpo no meu,
Da tua boca na minha,
Das promessas felizes.
Deixa-me com o coração carregado
Deste torpor que é amar-te
Mais que a tudo,
Acima de tudo,
Mais que a mim.

Vou pedir-te,
Vou pedir-te que saias,
Para que possas respirar
Despegado do sufoco
Que te causa o meu amar...
 
 
 
20.Jun.2015

Há no corpo


Há no corpo,
Bem no meio do peito
Um lugar onde te guardo,
Onde te trago comigo.

Há no meio de mim
Um sentir que não se perde,
Que não se esvai,
Que nunca perde a intensidade.

Há no corpo,
Presa no peito,
A saudade de ti,
Nos momentos distantes
Longe do me deitar no teu peito.

Há na pele
Memórias gravadas
De beijos e toques,
De entrega e posse,
De, de dois que somos,
Apenas ficar um.

Há na minha Alma
Um amor incondicional,
Que a ti me prende,
Me faz completa,
Inteira.

Há em mim,
Neste corpo,
Neste peito,
Nesta Alma,
A certeza que te pertenço,
Que é em ti que me completo,
Que em mim habitas,
Que é assim,
A teu lado,
Que feliz vivo!
 
 
 
16.Jun.2015