sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Este Rio



O dia perdeu já as suas cores de luz e de sol, de vermelhos dourados de um Outono no fim e o frio aumenta o seu reino nas ruas quase vazias de corpos que se cruzam a caminho de casa.
O rio liberta-se em pequenas ondas como se os barcos ainda o trespassassem no vai-e-vem constante de risos e máquinas que clicam a cada nova curva do seu percurso.
E eu detenho-me perante a oportunidade de ver o correr constantemente inconstante das suas marés, enchendo e esvaziando como se fosse um coração bombando a um ritmo de horas e que dá e recebe, e volta a dar e a receber.
É como se o seu correr fosse igual ao meu, como se em mim fluíssem todas as águas deste rio e me invadissem corpo e alma por inteiro.
Como se me soubesse.
Como se me conhecesse.
E há um arrepio que me invade a pele como quando me dispo e sei que me olhas, que me deixa na expectativa da forma como me abordas: se me abraças ternamente ou se beijas ardente e apaixonadamente.
Aquele arrepio que nos toca a pele e eleva a alma, que nos conhece por inteiro e sabe o que nos dá prazer e que a cada novo toque, a cada novo beijo, a cada novo sussurro, nos consegue surpreender.
E é a ti que este rio me recorda a toda a hora.

11/Dez/2012

A forma




Que forma tem o meu coração?
Tem a forma da felicidade quando ouço a tua voz sussurrando-me ao ouvido.
Tem a forma de um oceano quando mergulho sem medo na profundidade do teu olhar.
Tem a forma de caminhos de carinhos que os teus dedos criam nos meus cabelos.
Tem a forma de um beijo quando os teus lábios se unem aos meus e misturamos os nossos sabores.
Tem a forma de rios que a tua língua cria na minha pele quando o meu sal estás a provar.
Tem a forma de abraço de corpo inteiro quando me estás a amar.
Que forma tem o meu coração?
Tem a forma do que me fazes sentir quando comigo te estás a partilhar...

9.Dez.12

Voltar a sentir



Quando o teu olhar me seduz
Com essas palavras lascivas
Que só eu consigo ouvir,
Que no corpo consigo sentir
Porque me passam através da roupa,
É como se me despissem aos poucos,
Lentamente.
Quando as tuas mãos me tocam,
Me afastam as vestes que me tapam a pele, 
Já não há mais arrepios, 
Há um fogo que em mim nasce, 
Que me incendeia, 
Que me queima a carne 
Num desejo que por mim escorrega, 
Líquido espesso, 
Que me torna numa fêmea, 
Sedenta, 
Faminta, 
Ansiosa do teu corpo.
Quando me tomas,
Já não comando,
Já não me controlo,
Sou apenas um sentir,
Que se repete no teu em mim entrar,
Que explode e me faz estremecer,
Vibrar e entregar,
A todo esse prazer,
E sempre, cada vez mais,
O voltar a sentir...

09/12/2012





Sabes



Sabes,
O teu cheiro permanece em mim,
Fazendo-te parte do meu,
Fazendo-te constante,
Permanente, aqui,
Tão perto que te sinto.
Os teus dedos ainda deslizam,
No meu rosto,
Nos meus lábios que entreabrem
Mostrando-te o desejo
De aos teus se colarem.
O teu gosto ainda se sente
Nesta boca que te provou,
Nesta língua que
A tua pele molhou,
Salivou e secou de todas essas gotas
De desejo e de prazer.
Sabes,
Ainda te sinto percorrer-me
O pescoço,
Os seios,
O ventre,
E as mãos que me puxam
Em direcção ao teu corpo
Que no meu anseia penetrar,
Se afundar,
E a mim se entregar
Em ritmos que consentidos
São nossos,
Únicos,
E todos os desejos são permitidos,
Partilhados,
Cumpridos.
Sabes,
Ainda te sinto e já desejo de novo
Ver-me perdida entre todos os teus beijos...


06/12/2012