segunda-feira, 17 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXXII


 



Sou vento em dia de Outono,
No Verão, centeio cor de mel,
No Inverno, sou acre, sabor a fel,
Na Primavera, renasço, como flor num tronco.

Sou veloz como cada segundo,
Sou um minuto na imensidão do viver
Sou horas e dias de vida feita a correr,
Sou anos, caminhando, neste mundo.

Sou tudo e não sou nada,
Sou também mulher em água parada,
Como que morta, estagnada.

Sou ínfima centelha quase apagada,
Num teatro de gente mascarada,
Que, como eu, depressa estará enterrada.


Cat.
2021.02.22

sábado, 15 de maio de 2021

Ruborizo


 



Olhas-me
E o coração acelera,
Ruborizo como no primeiro dia,
Ainda não me tocaste e já me devoras.
Aguardo,
Gosto que dês o primeiro passo,
Que decidas como me vais querer,
Como me vais fazer vibrar de prazer.
Tocas-me
E a pele arrepia-se,
Num misto de ansiedade e de antecipação.
Deixo-me
Guiar pelas tuas mãos,
Pela minha língua no teu corpo
E os meus seios já te pertencem.
Pulsa o sexo de desejo,
Húmido,
Pronto para te receber.
Torturas-me,
Tocando-me,
Beijando-me
E provando-me...
E antes que me aperceba,
Já me perdi,
Por completo já te cedi
E já te lambuzas
No mel do meu prazer.
Pertenço-te e vou sempre pertencer.


Cat.
2021.02.20

Não importa


 




Não importa quanto tempo passa,
Não importam quantos foram os encontros,
Não faz diferença quantas vezes me (te) dei,
E muito menos,
Quanto prazer me deste.
A cada espera o coração dispara,
Bombeia o sangue carmim
De forma que ninguém espera,
Deixando a ansiedade tomar conta de mim.
Antecipo o toque,
O beijo da tua língua provando a minha,
Os dedos das tuas mãos
Despindo-me a pele,
Doce, vagarosamente,
Prolongando o meu desejo,
Torturando-me a vontade.
O sexo, já húmido, só de (te) imaginar.
A tua boca nos seios,
Os teus dedos dão-me a provar o meu sexo,
Ouvir palavras que, entre nós,
São de entrega:
Eu a tua serva, tu o meu dono,
Libertar-me, ser-me e pertencer-te,
Até, de prazer, quase desfalecer.
Não importa quando ou quanto,
Contigo, para mim,
É sempre (como) a primeira vez!


Cat.
2021.02.20

Adeus (à) Vida XXXI




Sei que chegará a hora
De um dia adeus dizer,
De esta vida de agora
Deixar de viver.
Vais chegar de mansinho,
Quase sem eu sentir,
Durante o sono, a dormir,
Para que não sinta dor?
Ou vais fazer-me sofrer,
Ter que olhar-te nos olhos
E nesse momento saber,
Que já não me permites viver?
E como será morrer?
O corpo inerte no leito,
Frio, duro, morto,
A Alma liberta, flutua
Como pássaro no ar planando,
Como folha na água, sem destino?
Não me importa como chegas,
Como me levas ou carregas,
Serei livre do tormento
Da carne que me prende,
Pois serei Alma pairando
No ar, no mar e na terra,
Ou nas águas do meu rio.


Cat.
2021.02.19