quinta-feira, 13 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXVII

 


Ir-me-ei quando assim tiver de ser:
Ninguém foge ao destino,
Desde o nascer ao morrer
Está traçado o caminho.
Não há forma de fugir,
Tudo gira e faz sentido,
É um deixar ir,
Libertar-se do que está ferido.
Deixar o que não presta,
O que só faz lágrimas salgadas
Descer pelo rosto e nada resta,
Que as dores, no peito encarceradas.
Quando o corpo estiver pronto,
Ou a Alma com a tarefa cumprida,
Peço que não me chorem a partida:
Sou centelha ínfima dentro de um corpo
Agora podre, inerte, morto,
Que volta para casa, que regressa à verdadeira vida!


Cat.
2021.02.09

quarta-feira, 12 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XXVI


 

Aiii morte que te alongas,
Há muito que espero a minha hora,
Já não há nada que me prenda
A esta vida (quase) sempre perdedora.
Já vivi o que para mim havia,
Já deixei o amor avisado:
Não chores na minha partida,
Pois se acabou o meu coração pesado.
Aiii morte que te demoras,
Eu quero deixar as lágrimas,
Aqui, na terra perdidas
Para outras Almas.
Sei que chegarás
Doce, serena, veloz,
A mim, sofrer não farás:
Já quase te conheço a voz.
Aiii morte porque não chegas
E me acabas com as tormentas,
Quero dormir de vez
Nessa única tua beleza!


Cat.
2021.02.04

Adeus (à) Vida XXV


 

Esvai-se a vida
Do corpo, inerte,
Morte rápida, ávida,
A de quem tem (essa) sorte.
Sai devagar a Alma,
Do corpo que agora jaz
Deitado numa cama
Deixado, abandonado, incapaz.
Já não há vermelho sangue
Correndo pelas veias,
O coração já não bate,
E a mente parou, sem memórias.
Mas a Alma, cujo corpo ficou para trás,
Vive e viverá
Nas lembranças de quem me traz
No pensamento, no coração e sempre me recordará.
Viverei eternamente,
Como flor seca entre folhas de um livro,
Que vive sem na verdade viver
E que não vive sem na verdade morrer...

Cat.
2021.02.08

Adeus (à) Vida XXIV


 

Não quero que me chores
No dia em que pararei de respirar:
Lembra-te que se foram as dores,
Com que esta vida decidiu me ofertar.
Sabes que não sou só corpo,
Matéria, sangue e osso,
Que depois de morto
Será pó, enfiado num fosso.
Sou Alma aprisionada
Que nesse dia, nessa hora,
Do físico será libertada
E daqui se irá embora.
Sou Alma com muitas vidas
Todas elas por escolha,
Fui avós, pais e filhas,
De tantos que não sei.
Não chores na minha partida:
Regresso a casa
Com a Alma inteira,
Com tudo o que amei e senti
Em todas as vidas que vivi!


Cat.
2021.02.04