segunda-feira, 10 de maio de 2021

Deliciar


Vou entregar-me,
De corpo e alma
Dar-me,
Largar-me,
Deixar-me,
Afundar-me
Em ti como
Quem perde o norte,
Ou, se entrega à morte.
Vou mergulhar
Nas águas do teu amar,
Sem medo de me molhar,
Sem receio do teu me dominar,
Tomar,
Provar ou devorar.
Quero esse nosso inundar
De um no outro entrar,
De dois, em um unificar
E, assim, no teu néctar
Me deliciar.


Cat.
2021.01.30

Adeus (à) Vida XIX


 

Na hora do meu adeus,
Não quero lágrimas
Salgando rostos,
Morrendo nos lábios.
Quando fechar os olhos,
Azuis, cor de mar,
Lembra-te do meu sorrir
E do quanto fui capaz de amar.
Na hora do meu adeus,
Quero partir sossegada,
Fechar estes olhos meus
Depois de tudo perdoar.
Olha para essa partida
Como uma breve passagem,
Como o correr das estações
Em que a Primavera
Antecede sempre os Verões:
Logo passará o tempo,
A ausência e a saudade
E o cheiro das frésias e de outras flores,
Me trarão à tua memória,
Como que vivendo eternamente de verdade!


Cat.
2021.01.30

sábado, 8 de maio de 2021

Adeus (à) Vida XVIII


 

Deixar-me ir
No baloiço doce
E suave dessa água
Que me deixa deserta.
Não há nada
Além do silêncio,
Absoluto e mágico
Num tempo que,
Como eu, flutua
Ao sabor das ondas
Desse rio.
A calmaria toma-me
Por completo
E a mente
Consegue, finalmente,
Deixar de pensar,
De imaginar,
E a Alma de sofrer
E de dor, quase sangrar.
É assim, nessa água,
Que me perco de mim
E me liberto de ti...


Cat.
2021.01.30

Adeus (à) Vida XVII


Corpo dormente,
Inerte,
Não mente:
É a quase morte.

Deixar o corpo
No leito,
Assim, morto,
Sem o bater do peito.

Largar a Alma,
Deixá-la ir,
Com toda a calma
Porque é hora de partir.

Vê-la desaparecer,
Num céu de cor incerta,
Atrás de uma nuvem qualquer
Mas sem a dor que aperta.

É levada pelo vento,
Arrastada sem destino:
É certo que é chegado o momento,
De para casa, refazer o caminho.


Cat.
2021.01.28