A noite já vai longa no seu reinado e a lua brilha, envergonhada, por entre núvens quase transparentes.
Há orvalho no ar e nas folhas amarelo e vermelhas dos carvalhos que cintilam ao sabor da brisa e se deixam deslizar até morrerem no chão.
Há silêncio.
Um estranho silêncio. Sem ruídos longínquos de vozes ou passos na calçada, nem sequer de carros na estrada.
Há silêncio na noite, lá fora. Apesar das luzes e dos brilhos, há silêncio.
Aqui, o relógio marca o passar compassado dos segundos e dos minutos e das horas. Num ritmo cadenciado, certo, dormente, previsível.
Ao contrário do que eu sinto.
Eu sinto vida cá dentro. Como nunca senti.
Eu sinto esperança, como nunca senti.
Eu sinto que faço parte deste mundo, desta Terra, desta Vida.
Eu sinto um amor como nunca senti.
Um amor pelo outro. Um amor infinito por todos os seres.
Tudo me encanta. Tudo.
Tudo me fascina. Tudo.
Tudo o que é bom me surge na vida. E tudo que não é necessário é limpo, deixado para trás. Sem culpas, sem receios, sem mágoas.
É como se estivesse a aprender e, sobretudo a aceitar, ser feliz.
Porque eu mereço ser feliz.
Eu mereço. E é para isso que cá estou, para ser feliz.
Para sorrir. Para vibrar com paladares e cores e odores. Para abraçar e beijar e amar, como quero ser abraçada, beijada e amada. Para ter e dar amor. Mesmo que de outras pessoas. Para respeitar, ouvir e aprender. Para poder, também dar de mim, o melhor de mim.
É como diz a música: "Sei que o melhor de mim está para chegar".
Hoje. Amanhã. Depois. A cada dia melhor.
Porque não há que ter medo de ser feliz.
Não há que ter medo de Amar incondicionalmente. Sem reservas. É o nosso melhor.
E eu, eu quero dar e ser o melhor de mim. Sempre que me for permitido e possível.
Cat.
2020.10.15