quarta-feira, 14 de abril de 2021

Mergulhar de novo


 



Mergulhar.
Preciso voltar a mergulhar.
No teu corpo, impregnar-me do teu odor, voltar a sermos dois num só.
Entregar-me sem reservas, sem medos, sem arrependimentos ou vergonha.
Mergulhar.
Nas tuas mãos e ser fonte do teu prazer.
Na tua boca e seres fonte do meu prazer.
Unir o teu desejo à minha vontade e fazer nossa a palavra luxúria.
Mergulhar e ser mergulhada.
Inundar(te) e (por ti) ser inundada. De gotas do nosso suor, do líquido do nosso amar. Na pele, a escorrer.
Mergulhar, depois, nesse abraço que torna tudo mágico.
Mergulhar nesses teus olhos cor de mar e, de novo e outra vez, voltar em ti, a mergulhar...


Cat.
2020.06.30

terça-feira, 13 de abril de 2021

Algo único


 


A vida é algo único.

Por muito que tentemos, dá-nos sempre a volta e é um constante rodopio que nos deixa, muitas vezes, tontos e sem rumo ou sentido.
Há oito anos, neste mesmo dia do mês, escrevia textos de forma quase desesperada.
Textos de dor, de adeus, de querer salvar-me e o que não tinha salvação. Não tinha nada que me prendesse, me fizesse ficar, me acalmasse o vazio, cá dentro, do corpo e da alma.
Hoje vivo uma vida tão diferente, tão mais preenchida de tudo o que importa. Mas acima de tudo, cheia de um amor incondicional, único, presente, preocupado e altruísta. Um amor de conto de fadas, com o melhor companheiro que poderia ter.
A vida não é só rosas, também há espinhos. A nossa não é diferente, também temos momentos menos bons e já passamos por tanto juntos. E tudo isto nos fortaleceu, nos uniu e te tornou no que sempre desejei: no meu (im)perfeito companheiro e grande amor da minha vida.
É graças a ti que, apesar das ausências que jamais o deixarão de ser, que as lágrimas que me escorrem pela face, que a dor se apodera de mim e me esvazia do que sou, da pessoa por quem te apaixonaste, eu ainda não me afundei por completo.
Pela tua mão sempre presente.
Pelo teu amor incondicional.
Pela tua paciência quando choro sem conseguir explicar e, ainda assim, sem questionar, me abraças e me fazes querer sorrir e a viver voltar.

É engraçada a vida... E a mente da gente.
Há oito anos desesperava por me sentir desprezada. E chorava.
Hoje, também choro.
Porque há marcas demasiado profundas.

Mas, sobretudo, quero que saibas que, também e muitas vezes, choro porque te tenho a meu lado.
Amparando-me nos trambolhões da vida.
Abraçando-me quando quase me afogo.
Amando-me com todas as minhas fraquezas.
Porque sem ti, não há rumo, futuro ou o quer que seja.
Apesar de não to estar a conseguir mostrar como me preenches as horas, os vazios, os dias, o respirar e a minha vida.
Jamais deixarei de te amar, só para que saibas.


Cat.
2020.06.29

Instintiva


 

Há dias que passam a correr, lestos e fugazes como o vento.

Hoje não foi um desses dias.

Hoje houve tempo para me ouvir. Ou melhor, para digerir tudo o que tenho ouvido.

Sim, é pessoal. Sim, são decisões minhas.

Mas não é só a minha vida que conta.

Há a vida de outros. Que me acompanham. Que me sabem muitas vezes mais que eu. Que me amam como só eles.

Sempre demorei para tomar decisões, daquelas que nos reviram a vida e nos deixam de cabeça para baixo. Sempre demorei, sempre.

Há quem diga que é falta de coragem.

Há quem chame de indecisa.

Há quem não perceba que tenho o meu próprio sistema e, acima de tudo, o meu instinto. Sempre. Sempre foi este que me guiou. Sempre foi o que esteve sempre presente. E, na verdade, nunca falhou.

Eu não sei de onde vem o instinto, acho que do coração. Há quem diga que é a mente que processa de tal forma rápida toda a informação que a resposta é quase imediata. Instintiva.

Eu sou assim, instintiva. E nunca me falhou nas escolhas. Aliás, diziam-me outro dia que tudo sempre veio ter comigo: as pessoas certas, os empregos, as decisões, tudo no tempo certo.

Por que haveria eu de mudar a minha forma de sentir e pensar a vida?

Sei e considero sempre a opinião de quem tem interesse para mim, de quem me importa.

Mas no fundo, sou eu que estou a viver as situações, sou eu que as sinto na pele e na alma e quem melhor tem a percepção do seu todo.

Por vezes é preciso passar por momentos difíceis, por situações que magoam, mas no fundo e para mim, será um aprendizado. Na pior das hipóteses. Por muito que custe a quem está ao nosso lado.

Mas amar é isto: é aconselhar mas respeitar a decisão do outro. E depois é acompanhar, sem culpabilizar, o caminho escolhido.


Cat.
2020.06.16

segunda-feira, 12 de abril de 2021

À tona


 






Submersa. À tona da vida.
No limiar de quase desistir e deixar-me afundar.
Doce, suave, lentamente.
No limiar de querer resistir e unir força e fôlego e emergir.
Rápida, brusca, emergente.
Um limiar que me deixa neste limbo de me sentir perdida. De me sentir sem saber o que decidir.
Descansar.
Repousar.
Dormir e não sonhar ou delirar.
Mergulhada nesta minha estranha forma de ver, de sentir a vida e o que nela acontece. No que por ela passa.
Olhar para o lado e não ver. Não sentir. E sobretudo não analisar. Não tentar compreender.
Há momentos em que penso que deveria pensar menos e ser mais leviana na forma de viver e lidar com os outros e com certas situações.
Não pensar no que me ultrapassa. Porque não me diz respeito ou no que diz.
Na dor das perdas.
No coração dilacerado pelas ausências.
Nas feridas profundas marcadas na alma e no rosto cansado, abatido e enrugado dos sulcos vincados por tantas lágrimas vertidas...
À tona da vida. Submersa no salgado das minhas próprias lágrimas.


Cat.
2020.06.02