terça-feira, 6 de abril de 2021

Arde-me o peito


 

Arde-me o peito, queima.
A dor é mais que muita e o coração (quase) não aguenta.
É uma certeza de que foi o certo.
É uma certeza de que te queria, aqui, de mim perto.
As memórias vou guardá-las para sempre comigo. No melhor lugar do meu mundo, da minha Alma.
Temos tudo pelo certo. Pelo garantido. Pelo sempre do tempo, que achámos é infindo.
E a dada altura, a vida ou Deus ou o destino ou o raio que o parta, muda tudo.
E o tudo passa a nada.
Mentira! Passa a um vazio maior que o nada.
Um fim esperado (nada dura para sempre) mas que quando anunciado é como a morte.
Morte. Fim. Vazio. Ausência.
E arde-me o peito, queima.
Num fogo que não tem nada para queimar. Apenas o que fomos, o que sentimos, o que passamos.
E dói a perda.
E arde-me o peito, queima, da forma mais violenta.


Cat.
2020.04.23

Dias difícieis


 

Há dias menos fáceis, há dias difíceis e há dias que desejamos que nunca cheguem.
Hoje chegou um desses dias à minha vida. Desses que pensamos que nunca chegam. Desses que, bem no nosso íntimo, sabemos que chegarão, mais cedo ou mais tarde.
Dias em que as lágrimas caem a uma velocidade tão grande que acabam por secar.
Momentaneamente.
Porque há que ser forte.
Momentaneamente.
Porque há possibilidades, probabilidades e hipóteses que nos são colocadas à frente e, por muito que queiramos, temos que tomar decisões, fazer escolhas.
Definitivamente.
Para todo o sempre a decisão na nossa memória.
Definitivamente.
O receio de acertar e aceitar o melhor. Para mim e para todos.
Definitivamente.
Um analisar do pesar numa balança em que, queiramos ou não, acabamos por perder.
Indubitavelmente.
Decidir prolongar no tempo, por tempo indeterminado, o sofrer diário de uma não vida.
Indubitavelmente. Ou não.
Acabar, num repente e não deixar o coração sofrer mais.
Ilusoriamente.
O coração sofre sempre.
Desmesuradamente.
Porque a perda é insuportável.
Quer tomemos uma decisão ou deixemos que o tempo a tome por nós...


Cat.
2020.04.23

segunda-feira, 5 de abril de 2021

Silêncio em mim


 

Mergulho no silêncio. E espero, sem esperança, que o grito me saia da garganta.

Não que tenha algo para dizer, há silêncio em mim, esse onde mergulho.

Onde me perco e onde desejo não ficar.

Não há pior silêncio que o nosso silêncio.

Um silêncio que não é por falta de palavras. Que não é porque não queira soltá-las.

É porque, na maioria das vezes, senão sempre, não há quem as ouça.

Quem verdadeiramente ouça. Com o coração, sem conselhos e sem apontar dedos.

Simplesmente não há quem ouça. Ninguém quer ouvir o que vai dentro da Alma de quem quer que seja.

Ninguém quer partilhar esse peso. Ou alegria. Ou simples troca de ideias e pontos de vista.

Não há quem ouça. Há acenos de cabeça ou ruídos de conforto. Apenas para parecer que se ouve. E não houve uma única palavra que fosse ouvida.

Às vezes calo-me, no meio de uma frase, de uma história, de um pensamento e nada... Silêncio do outro lado.

Ou interrompem com um qualquer tema leviano, sem interesse mas que tem força para nos calar.

E assim faço. Calo-me e mergulho no meu silêncio. Um silêncio que grita cá dentro, dentro do meu próprio silêncio...


Cat.
2020.04.22

Amar sem medos


 

Trazer no corpo o teu ser.
Encher-me de ti o mais que puder.
No teu cheiro sempre me perder
E de em ti ser Mulher.

Momentos na pele gravados,
Beijos na boca roubados,
Corpos unidos,
Entre si doados,
Suados,
Amados.

Amar sem medos,
Entregar(me) sem segredos,
Ser tua em cada desejo sonhados,
Em cada um dos teus delírios desejados.

A ti me render,
Num amar que não se consegue prender,
Num sentir que (me) ultrapassa o ser,
E, para sempre, assim permanecer...
Parte de ti, do teu imenso ser!


Cat.
2020.04.18