sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

Fugir(me) I

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e pessoas sentadas
Sinto a vida fugir-me
A cada respiro,
Sugada para fora de mim.
Estou a ruir-me,
A cada batida de coração
E a cair sobre mim.
Esvair-me
Como sangue que corre,
Que sai de dentro de mim.
Perder-me
Fora do que é sentido
Num sentir que chega ao fim.
Esquecer-me
De respirar,
Sufocar-me
Com a falta desse ar,
Tranquila,
Com a certeza de que não quero resistir,
Que a esta sina não quero fugir,
Nunca mais padecer
E deixar-me,
Simplesmente,
Morrer...

Cat.
2019.05.25

quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Dentro de mim


A imagem pode conter: 1 pessoa, céu e ar livre


A noite há muito que se impôs. No céu não há lua e as estrelas brilham, longínquas e num ténue cintilar. Há uma névoa no ar que impede que se vejam com a clareza necessária.

Tal como aqui, dentro de mim.

Há coisas que não se vêem e no entanto passam por nós, dão-nos sinais. Mas às vezes estamos como a noite de hoje: com a visão turva. A visão da mente, do pensamento, do raciocínio e das decisões. Turva. Nebulada. Sem perspectivas. Como se uma cortina tapasse o futuro.

Mas o futuro é sempre uma incógnita.

Mas umas vezes mais incerto que outras.

Mas a vida é isto: um caminho que se faz a cada passo no incerto.

Não depende só de nós. E nós não temos todas as cartas na mão para, mediante a necessidade de decisão, podermos escolher avançar ou recuar ou apenas esperar sem se mover.

Vamos tendo sinais, dicas, reais ou instintivas, de que caminho seguir, como as guias brancas numa estrada que nos permitem avançar sem sair do caminho. Lenta e num misto de receio e confiança.

Sim, a noite está envolvida em névoa feita mistério. E a minha mente, está cega, sem conseguir prever o dia que o amanhã vai trazer. E as decisões que me vai obrigar a fazer.

Cat.
2019.05.24

quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Talvez


Talvez um dia eu escreva sobre o que já vivi, em jeito de memórias, em jeito de biografia.Talvez. Mas hoje, só por hoje e neste agora, escrevo sobre o que sinto. Numa espécie de linha temporal, numa espécie de diário dos meus sentires. Dos meus altos e baixos. Um espelho que nada tem de imparcial, apenas uma descrição pessoal e carregada de tendência. A minha perspectiva do que vai acontecendo sem tirar conclusões, sem fazer análises profundas ou levianas.
Sem necessidade de apoio ou crítica, sem esperar sequer que pensem ou opinem e muito menos que daqui ensinamentos tirem.
Deixar a caneta fluir tanto quanto os pensamentos. Tanto quanto a minha volatilidade como ser sentinte que sou. Tanto quanto os meus sorrisos fáceis ou lágrimas sofridas. Tanto quanto a minha humilde humanidade permitir. A felicidade de uma alegria ou a dor de uma tristeza, o (des)amor ou a frustração de um revés.
Sentimentos exclusivos, que são só meus e que pretendo nunca esquecer.
Talvez um dia eu venha a escrever sobre as lições da (minha) vida.
Mas hoje quero apenas escrever sobre o conjugar do meu verbo sentir.

Cat.
2019.05.13

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terça-feira, 7 de janeiro de 2020

Sem chão

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas e sapatos

Caminho sem chão
Feito núvem negra,
Vazia de sensação,
Quase uma regra
De tanta repetição.
Cair, apenas cair,
E saber de antemão
Que não há palavra ou descrição
Com ou sem razão
Para traduzir,
Transmitir,
Este sentir,
Que parece ser em vão
Não importa qual a decisão.
Há que andar,
Para a frente caminhar,
Sem muito pensar,
Deixar os dias passar
Porque não agir,
Apenas seguir
E deixar-se ir,
Nem sempre é fugir,
Às vezes é apenas
A única solução.


Cat.
2019.05.03