terça-feira, 14 de março de 2017

E hoje viajo ao som de...



Streams of streets that seem to change you
But you know they'll always find you
No one ever really knows you
In light of the heart that beats over your head

Until you listen to it
Until you run right to it
There's no right way to do it
It's the light of the heart that beats over your head

Turn up the stereo
I can't hear when you talk so loud
I wanna go where ever it goes
I wanna be there in the red, red, red morning
I wanna be there in the red, red morning

You've found places to stimulate you
But you know they'll never change you
You could run forever

And find that the heart still beats over your head

Despir


E o despir
É um acto de entrega.
Despir o corpo,
Desvendando curvas,
Formas, 
Recantos,
Pormenores.
Despir a pele,
Desvendando arrepios,
Abrindo caminhos
Para que o desejo anseia.
Despir a alma
De preconceitos,
Demonstrando devaneios,
Sem o pudor
De ser condenada
Por sentir,
Por querer,
Por ter, dentro de mim,
Tamanho ardor,
Imensa vontade
De te dar, de te ser,
De por inteiro me entregar,
De, por completo,
Te pertencer!

05.02.2017

Equivalente a nada



É o vazio.
É o vazio que comanda as horas. Cheias ou mortas. Vivas ou desinteressantes.
O vazio que tudo ocupa, tudo preenche, tudo invade e domina.
Um grande pedaço de nada.
Uma imensidão de coisa nenhuma.
Mãos cheias de coisa alguma.
Um corpo, oco, sem conteúdo, sem pensar, sem sangue a correr, sem vontade de viver ou de morrer.
Nada. Vazio.
Apenas isso: alguém que apenas respira. Alguém que não sente, que apenas é.
Cheia de um tanto equivalente a nada.




10.01.2017

Calar-me



O dia passa e não deixa marcas do correr das horas ao contrário deste rio que muda a cada bater do relógio. A luz torna-o diferente a cada momento: ora brilhante, ora sombrio; ora transparente, ora profundo; sempre diferente. No entanto, sempre igual: correndo ao sabor da água e do vento.

Eu, olho-o e sinto que queria ser assim: deixar-me levar pelo tempo sem que o mesmo me marque profundo, cá dentro.

Deixar que o vazio me preencha e os sentimentos fujam.

Deixar que as palavras não fluam e desvaneçam. Assim, sem se mostrarem, sem se fazerem sentir, sem as fazer existir.
Calar-me.

Fechar a boca, cerrar os lábios, segurar o ar cá dentro e nada proferir.
Calar-me.

Fechar os olhos, cerrar o pensar, segurar o nada cá dentro e nada sentir.
Calar-me.
Cá fora e, sobretudo, cá dentro.

Deixar que os pensamentos se esvaziem e os sentimentos deixem de existir.
Deixar de chorar e sofrer pelo que não controlamos.
Deixar de pensar no que não alteramos.
Deixar de tentar ser mais do que somos: pequenos, impotentes. Marionetas da vida que corre e não depende de nós.

Calar-me.

Fechar-me num não viver que não deixa a vida fluir.
Desejos impossíveis de concretizar.

Sou demasiado pensante e para mim sentir é só se me fizer estremecer, se me amedrontar, se me ultrapassar o corpo, se me absorver por completo.

Que sentir demasiado intenso que não me deixa usufruir!
E só apetece gritar, romper, rasgar, a pele, a carne e de tudo, tudo me libertar...




10.01.2017