terça-feira, 24 de novembro de 2015

Não há viver sem ti




Não há viver sem ti...
Há uma estranha forma
De os dias passarem,
Envoltos nessa norma
De todos iguais serem.

Há sim, um passar de horas
Perdido em cenas de um filme
Igual, compassado e sem demoras,
E tudo é inerte, incólume.

As pessoas são meros transeuntes
Num passeio de rua, para mim vazia,
Meros passageiros, por mim passantes,
Num dia de sol parecendo chuva fria.

E eu preciso-te,
Do perigo que me és,
Na alegria no meu olhar-te,
Do me sentir voar, mesmo com a terra aos pés.

Não, não há viver sem ti.




18.Nov.2015

Temo


Temo que a vida chegue ao ponto de não me surpreender.
De não me fazer ter vontade de viver. De não me voltar a fazer sorrir.
De o sol, apesar de brilhar, deixar de me iluminar.
De as horas passarem em minutos iguais a si mesmos e de as ondas deste mar serem sempre as mesmas a cair.

Temo que os rostos de quem comigo se cruza na rua, apesar de diferentes, não se consigam renovar.
De os olhos não voltarem a mostrar o sentir que alma traz em si.
De o coração deixar de fazer circular o sangue que faz viver.
De o movimento do corpo seja um simples e automático repetir.

Temo que as cores se tornem todas num cinza quase morto de um não-viver, de um apenas respirar para não morrer...


04.Nov.2015

Mar


Ouvi o mar sussurrar o teu nome nas gotas perdidas na areia, para ele corri e nada recebi de ti.

O vento chamou por mim e para ele em vão sorri e de ti nada me trouxe.
O sol deixou de brilhar e a chuva caiu, como que chorando a sua ausência e de ti soube o que era a saudade. O que é viver sem o abraço quente de quem ama.

As lágrimas trouxeram-me à boca o sabor do teu corpo depois de me amares e os lábios abriram-se para, de alguma forma, te sentir.
E as horas, essa infinidade de minutos, demoram a trazer-te para o meio de mim.

A fazer-te, de novo, parte de mim.

A deixar-me, finalmente, voltar a viver.


26.Out.2015

Escreverei


Não quero livros. Não quero histórias com um final feliz.

Quero viver apenas. Quero uma vida feita de capítulos. Cada um diferente do outro.

Não quero uma vida igual a tantas outras. Não quero uma história já escrita, já vivida e contada por outros.
Quero fazer os dias à minha maneira. Quero que as horas contem os meus momentos. Que os anos sejam como uma passagem de uma história construída a cada passo.

Não quero as perdas e a felicidade que outros vivenciaram.

Quero as minhas. As que me fazem crescer e mudar. As que me fazem sorrir e chorar.

Quero o viver que me faz feliz. E quero-o contigo ao meu lado enquanto eu te fizer feliz. Enquanto a nossa história se escrever em conjunto.

E quando já não houver motivo para escrevermos juntos, para nos mantermos juntos, eu acrescentarei um novo capítulo. Muito mais triste. Muito mais sem sentido. Muito mais vazio. Mas escreverei porque apesar de tudo um esforço para viver eu farei.




25.Out.2015