sexta-feira, 4 de setembro de 2015

O que custa é o vazio


O que custa é o vazio.

Não é o passar das horas, longas, demoradas, imensas.
Não é o recordar dos sorrisos, das palavras, dos abraços trocados.
Não é a memória que se recheou de cheiros, beijos, brisas no cabelo.

O que custa é o vazio.

Que inunda todo o corpo. De dentro para fora, de baixo para cima.
Que envolve sem piedade a Alma. Como um novelo que se enrola, enrola, enrola e nunca se desfia.
Que aperta num sufoco que a garganta não liberta.

O que custa é o vazio.

Do tempo que quase pára.
Da ausência da cor dos teus olhos.
Da falta do toque que me alimenta.

O que custa é o vazio.

O vazio de te ter e não parar de querer.
O vazio de me faltares mesmo quando me abraças.

O que custa é o vazio do medo de te perder...


23.Jul.2015

Estúpida



Estúpida, sinto-me estúpida.
Mas muito estúpida mesmo. Assim no nível mais alto da estupidez humana, tipo mestre da estupidez. É isso, é assim que me sinto.
Estúpida porque tento,uma e outra e outra e outra vez. Sempre, mesmo quando não há retorno.
Estúpida porque falo, primeiro o que sinto, depois o que não sinto - e é neste momento que alcanço o topo da estupidez. Falo o que não sinto para magoar, para atingir, para obter algum tipo de reacção, para te sentir vivo e não amorfo, fechado nos teus pensamentos que não conheço.
Estúpida porque exagero, no que é bom, mas extrapolo no menos bom.
Estúpida porque me arrependo de perder o norte.
Estúpida porque peço desculpa por ser tão estúpida e sinto-me estúpida por não ter qualquer retorno.
 
Estúpido ou não.
Estúpida porque mesmo com razão cedo sempre na tentativa da reconciliação. Cedo sempre ao sentir que em mim habita por ti. Cedo à vontade de sentir o teu abraço, o teu corpo a acalmar o meu, o teu me amar a unir-se ao meu.
Estúpida porque sofro mais do que devia. Porque me preocupo mais do que devia. Porque ninguém é perfeito e eu, eu tenho a estúpida da mania que tenho de o ser.
Estúpida porque ninguém consegue ser.
Estúpida porque tento,uma e outra e outra e outra vez. Sempre, mesmo quando não há retorno.
Talvez não seja estúpida o que me sinto... Talvez seja só frustrada. E cansada. E desanimada. E perdida. E estúpida por não ver que tudo isto vale, o equivalente, a nada...



09.Jul.2015

Dicionário de coisas simples XXII


E a saudade?
A saudade é o coração guardar o som da tua voz,
O toque da tua mão na pele,
O azul do teu olhar que me acalma e protege.

E o chorar?
O chorar são gotas de água,
Num sentir que me ultrapassa,
Que me inunda por completo
E me açambarca.

E o sorrir?
O sorrir é o gesto que me sai da Alma,
Consequência de um tão grande,
Imenso e intenso
(Te) amar.



06.Jul.2015

(In)Viver



A tarde vai fluindo ao sabor de um morno Verão, acariciado por uma brisa doce e leve.
O rio faz-lhe companhia com o seu correr lânguido e quase parado não fossem os barcos carregados de sorrisos e de palavras que soam a felicidade, espanto e encanto.
Palavras que têm falhado nos meus dias. Palavras que tenho sentido ausência. Palavras que se cobrem de vazio. De pesar. De lágrimas secas, que não rolam pelo rosto mas inundam o coração, a alma.
 
Palavras de saudade. Imensa. Que não se explica, que não se pode obrigar a deixar de sentir porque está cá, mora em mim, habita-me o ser. Cada vez mais, cada vez mais forte, mais vincada e presente.
 
Ao ponto de não me deixar (quase) viver...
 
Ao ponto de até as palavras não serem suficientes...
 
De serem, completa e efectivamente, inúteis.
 
E o silêncio domina, mente e pensamento. E a inércia é senhora do corpo e da vontade.
 
E os dias não passam de momentos em que a vida (quase) não é sentida.
 
 
 
03.Jul.2015