quinta-feira, 22 de maio de 2014

Perdida VII

 

Perdida
Num mundo de gente oca,
Sem conteúdo que seja relevante,
Que faça com que cresça,
Com que seja mais e melhor.

Perdida
Em cópias de gente
Igual e repetida
Em série nos dizeres,
Nos pensares que são apenas bonitos.

Perdida
No vazio de conversas fúteis
Sobre temas superficiais.

Perdida
No sentir que não rumo
No sentido de todos os outros,
De uma maioria
Que não me guia,
Nem me orienta.

Perdida
No pensar que penso diferente,
Que não me assemelho no pensar desta
Vazia corrente.

Perdida
No admitir que sou demasiado,
Estranha,
Diferentemente,
Exigente.
De mim,
Dos outros e
De toda a gente.
 
 
21.Maio.2014

Cansaço



Cansaço,
É o que sinto.
Cansaço do vazio em que os dias se tornaram,
Em que as horas de prazer se deixaram substituir por...
Enfado.
 
Cansaço da solidão que me invade
Perante o silêncio da tua presença...
Indiferente.
 
Cansaço de um monte de palavras que jorram de mim
Sem nada que se aproveite e soem desmedidamente...
Ocas.
 
Cansaço de actos que passam despercebidos
Perante um olhar demasiado perdido,
Longínquo de mim.
 
Cansaço de lutar por um sorriso,
Por um abraço,
Por um obrigado,
Perante o esforço que,
Mesmo me ultrapassando,
Faço.
 
Cansaço que evito,
A cada momento em que olho nos teus olhos,
Em que vejo o teu sorriso.
 
Cansaço que não me vence,
Mas que marca passos no meu sentir.
 
 
21.Maio.2014

Desistir, ansiar


Desistir...
Deixar de respirar
Este ar que me sufoca,
Que me atrofia,
Que me pesa nas costas.

Desistir...
Olhar os dia sem expectar
Que a dor vai,
Num sopro de vento
Que surge inesperado,
Deixar de cá estar.

Desistir...
Aguardar que o tempo,
Comandado pelo silêncio,
Devoto do ignorar,
Do desprezar,
Passe sem se demorar.

Ansiar...
Esperar que o sentir mude,
Que voltem os lábios a sorrir
E o teu beijo me volte a beijar
E as tuas mãos a minha pele tocar,
Os teus braços o meu corpo
De novo a abraçar,
E a única palavra que se vai ouvir,
Que vamos partilhar,
Será amar.


21.Maio.2014

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Apetece-me



Apetece-me,
Sentir o cheiro do teu perfume,
Espalhado pela casa,
Nas roupas que vais despindo
E largando pelo caminho.

Apetece-me,
Sentir a tua pele,
Suave,
Quente,
Na ponta dos dedos,
Deslizando-os devagar.

Apetece-me,
Provar-te o gosto da pele,
Na língua que em ti rasteja,
Arrepiando-te,
Aguçando-te os sentidos,
Desafiando-te a vontade.

Apetece-me,
Provocar-te com o olhar,
Com um quase os teus lábios beijar,
Descer e,
No teu peito,
Iniciar o frenesim,
Do calor da minha boca sentir,
Do molhado da língua antever o a seguir.

Apetece-me,
Ajoelhar,
Despir-te o que ainda faltar,
E a boca encher
Com o teu membro erecto,
Duro de tanto querer e,
Num ritmo por mim marcado,
Fazer-te sentir
A loucura do prazer
Num delirante vir.

Apetece-me,
O teu sabor em mim,
Enchendo-me,
Sufocando-me de ti,
Apetece-me!
 
 
20.Maio.2014