terça-feira, 15 de abril de 2014

No acabar do dia


É no final do dia
Que mais te penso,
Quando o corpo inicia o abrandar
De um descanso que faz esperar,
Que ainda vai tardar.

E é nesse quase o tempo parar
Que o meu pensar se invade de ti,
Da vontade de sentir o teu abraço,
Do desejo de me perder,
Louca e intensamente,
No teu beijo.

Nesse preciso momento
Em que o teu abraço me envolve
De um sentir que não se mede,
Que não tem lonjura
E que me transcende.

É no acabar do dia
Que anseio o regresso,
Ao nosso lugar,
Ao meu porto de abrigo,
Ao teu amar.


10.Abr.2014

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Salva

 
 
O dia já percorreu metade da jornada que se impõe pelo correr das horas. O sol não brilha nas águas do rio que corre, indiferente ao reflexo da espuma branca que domina o céu. A brisa ajuda a afastar o afago quente do calor que se sente e torna a conjugação num abraço que nos arrepia a pele.
E só o arrepio me acorda desta letargia de dia que passa sem que as horas passem. Que a cada minuto se esgota e não se dá conta, não se nota.
 
O silêncio e o vazio hoje fazem parte de mim.
O vazio do silêncio de pássaros que a Primavera (ainda) não trouxe.
O silêncio das ameixoeiras e cerejeiras que as flores, já caídas, não encheram de música.
O vazio da ausência dos cheiros das frésias e das laranjeiras que se intensificam com o calor.
 
Nada. Silêncio. Vazio.
 
Um correr por correr. Um respirar por respirar. Um viver por viver.
Há momentos em que desistir também é lutar.
Há momentos em que deixar andar também é (sobre)viver.
Há momentos em que nos adormecemos e esperamos ser salvos desta inércia e apatia de quem (aparentemente) desiste.
É como boiar num rio sereno, onde quase dormimos, onde não se dá conta do tempo e alguém grita e o nosso nome vem a voar no vento.
 
Hoje, é um desses momentos, em que apenas preciso de ouvir o meu nome no sopro da tua boca e olhar-te nos olhos carregados desse mar que alimenta a tua Alma e, sentir-te o amor e a razão de viver. A minha e a tua.
Hoje, quero apenas saber que a tua mão (sempre) segurará a minha...


09.Abr.2014

terça-feira, 8 de abril de 2014

Possuída


A pele queima e eu só anseio que 
Me tomes pelo braço e possuas.
E possuída assim, entregar-me 
Sem noção do que está por vir.

O corpo arde e eu 
Só desejo que me possuas.
E possuída assim, aberta e ao ritmo do teu saber, 
Entregar-me e querer mais.

A carne é vulcão efervescente e 
Só exijo que me possuas.
E possuída assim, sentir fluir de mim todo o suco do meu prazer, 
Todo o jorrar do teu misturado no meu!

Eu sou apenas pecado,
Nas tuas mãos luxúria, 
Objecto loucamente tomado,
Dado, vencido, 
Apaixonado e amado.



08.Abr.2014

Em mim


Trago comigo o sabor do tempo
Que se escoa por entre os dedos,
Que se perde no toque dos teus beijos
Que me levam a pecar sem receio, sem tento.

Trago na pele o cheiro do minutos
Que voam sem pudor,
Indiferentes ao nosso ritmo
Em que me entranhas desse teu odor.

Trago na carne o sentir das horas
Que passam sem notar,
Que me marcas com o teu ardor
Feito prazer nos caminhos do meu amor,
No desejo de te pertencer.

Trago em mim gravadas
Todos as tarde de sol, perdidas
Em camas reviradas
Numa ânsia desmedida
De te poder ter,
E,
Todas as noites em que rendida
Me entrego ao teu querer,
Ao teu me saber,
Ao nosso nos amar,
E,
De em ti deixar de ser menina,
De crescer e me completar,
De nos teus braços
MULHER me tornar.
 
 
07.Abr.2014