quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Momentos



Há momentos que o sono não consegue esbater, fazer com que percam a intensidade de uma gota de orvalho na pétala de uma rosa ou do perfume das laranjeiras em flor.
Há momentos que por tão carregados de sentimentos não conseguem ser suprimidos por outros momentos ou pelo simples não recordar ou guardar no baú das memórias escondido num canto sem qualquer luz.
Estes momentos são frases, são gestos, são olhares ou toques, são beijos de afirmação e abraços de adeus.
E não há dormir que os elimine de nós, nem descanso, nm lágrimas ou sorrisos. São demasiado marcantes e presentes no nosso viver diário.
Mas são os que nos fazem avançar em dias que se não tivessem as cores fortes, vibrantes destes sentimentos, seríamos apenas passeantes cinzentos...

18/12/2012

Thoughts XVI



Não há melhores palavras que as ditas de forma silênciosa pelas nossas mãos, juntas, uma na outra.

sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Silêncio IX



Há silêncios que imperam de forma abstrata, que chegam devagar, com passos que não se sentem mas que se vão impondo por períodos de tempo cada vez mais longos e que se nos vão apoderando da companhia que acabamos por perder.
Há silêncios que nos são impostos. Que não advêm do passar dos dias, que não surgem som o tempo, que são apenas uma negação ao que dizemos. Como se não existíssemos. Como se não falássemos, como se as palavras que de nós saiem ficassem presas numa espiral de tempo amorfo, parado, que nunca se concretizassem, nunca pudessem de facto ser ouvidas. Perdidas para sempre no espaço, no vento que não corre e não as leva ao destino.
E aqui surge a pior das solidões: quando há tanto a dizer e não há quem queira ouvir, quem as queira sentir connosco, quem as queira perceber e devolver-nos o pensamento sob a forma de outros sentimentos ou lógicas ou vivências.
Há silêncios que doiem mais que a ausência de sons...

16/12/2012

Imperfeitamente perfeita



Não há vento, nem chuva, nem frio e nem sol apenas essa inexistência da luz que nos faz viver e aqui dentro, destas paredes que não vejo mas sinto a presença, há vida.
Existo eu.
Existe o meu corpo e o que sinto, o que desejo e o que penso, o que não tenho e o que nego e rejeito.
Há um corpo que desperta suavemente em movimentos que sentem a tua ausência no leito feito frio nessa dolorosa percepção e logo uma recordação ultrapassa o vazio e me enche de emoção.
E é tudo o que quero.
Viver numa constante emoção que me complete e faça inteira e me preencha e faça sorrir a toda a hora e que me faça chorar e crescer e aprender a lidar com tudo do que nos apetece fugir.
Não quero que o nascer do dia me traga um conto de fadas mas quero mais, muito mais que esta vida aparentemente perfeita e vazia de partilhas.
E eu quero partilhar-me, dar-te e receber-te, aprender-te e crescer-me, ensinar e apoiarmo-nos, que me aceites as qualidades e me ames pelos defeitos.
Não quero um conto de fadas, quero uma vida real construída e tornada, a cada dia, na nossa imperfeitamente perfeita vida.

15/12/2012