Não há melhores palavras que as ditas de forma silênciosa
pelas nossas mãos, juntas, uma na outra.
quarta-feira, 2 de janeiro de 2013
sexta-feira, 28 de dezembro de 2012
Silêncio IX
Há silêncios que imperam de forma abstrata, que chegam
devagar, com passos que não se sentem mas que se vão impondo por períodos de
tempo cada vez mais longos e que se nos vão apoderando da companhia que
acabamos por perder.
Há silêncios que nos são impostos. Que não advêm do
passar dos dias, que não surgem som o tempo, que são apenas uma negação ao que
dizemos. Como se não existíssemos. Como se não falássemos, como se as palavras
que de nós saiem ficassem presas numa espiral de tempo amorfo, parado, que
nunca se concretizassem, nunca pudessem de facto ser ouvidas. Perdidas para
sempre no espaço, no vento que não corre e não as leva ao destino.
E aqui surge a pior das solidões: quando há tanto a dizer
e não há quem queira ouvir, quem as queira sentir connosco, quem as queira
perceber e devolver-nos o pensamento sob a forma de outros sentimentos ou
lógicas ou vivências.
Há silêncios que doiem mais que a ausência de sons...
16/12/2012
Imperfeitamente perfeita
Não há vento, nem chuva, nem frio e nem sol apenas essa
inexistência da luz que nos faz viver e aqui dentro, destas paredes que não
vejo mas sinto a presença, há vida.
Existo eu.
Existe o meu corpo e o que sinto, o que desejo e o que
penso, o que não tenho e o que nego e rejeito.
Há um corpo que desperta suavemente em movimentos que
sentem a tua ausência no leito feito frio nessa dolorosa percepção e logo uma
recordação ultrapassa o vazio e me enche de emoção.
E é tudo o que quero.
Viver numa constante emoção que me complete e faça
inteira e me preencha e faça sorrir a toda a hora e que me faça chorar e
crescer e aprender a lidar com tudo do que nos apetece fugir.
Não quero que o nascer do dia me traga um conto de fadas
mas quero mais, muito mais que esta vida aparentemente perfeita e vazia de
partilhas.
E eu quero partilhar-me, dar-te e receber-te, aprender-te
e crescer-me, ensinar e apoiarmo-nos, que me aceites as qualidades e me ames
pelos defeitos.
Não quero um conto de fadas, quero uma vida real
construída e tornada, a cada dia, na nossa imperfeitamente perfeita vida.
15/12/2012
A noite
A noite é senhora do momento, impera negra e sombria,
apenas abraçada por fugazes luzes de carros que passam num quase voar onde a
chuva antecipa o seu chegar num ruído ritmico e sem compasso.
Cruzo-me por transeuntes que não têm rosto ou forma tão
escondidos que estão nas suas vestes pesadas e quentes de Inverno.
E sinto.
E tudo parece parar em meu redor.
E inspiro. E sinto de novo.
A tentação de rodar o olhar é mais forte e caio num
pecado que nada tem de culpado.
O corpo estremece de um lado ao outro, dos tornozelos ao
pescoço e a pele, a pele arrepia-se como se fosse tocada daquela forma que
poucos, que apenas tu sabes.
Os lábios entreabrem-se e o vapor quente do meu corpo faz
sinais de fumos ao ritmo da língua como se te provasse na minha boca.
E sinto.
O cheiro que sendo teu não é o teu odor e que me
recorda desta forma intensa e imensa, em apenas breves segundos, como é te
amar, te sentir e te desejar.14/12/2012
Subscrever:
Mensagens (Atom)