sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Saudades



Onde começam as saudades?
Numa memória guardada nas gavetas das recordaçoes, representadas em momentos que paramos no tempo.
Começam no imenso e profundo teu olhar que me reconhece os movimentos e o sentir sem ter de falar.
Ou no sorriso que me aquece a alma e me enche o coração desse sentimento que é mais, muito mais que paixão.
Começam no cheiro que se sente quando o vento quente do sul me traz o teu odor numa onda de mar fresco e salgado.
Ou no paladar que subtilmente me invade a boca de vontade de mergulhar a minha língua na tua e te sugar todo esse teu sabor.
Começam nas palavras de amor e de desejo escritas pelos teus dedos nos meus seios, gravadas na minha pele mais escondida, no meio do centro do meu corpo.
Ou no meu ventre contraíndo-se de prazer quando o teu me invade e entra e sai com todo o teu fervor.
Não!
As saudades começam no meio de uns lençóis onde acabamos de nos amar, onde sempre ao deitar te vou desejar e onde ao acordar te vou sempre pensar.
Numa cama onde me quero contigo, para sempre deitar.

27/11/2012

Palavras



E há palavras que nos querem saltar da boca.
Que se alojam na garganta à espera, à espreita de uma brecha nos lábios que não se cerram para que possam se soltar aos jorros. Palavrs que não escolhemos, que não são muito nem pouco, que apenas saiem sem qualquer pudor.
E há palavras que nunca se soltam. Escondidas de todos os pensamentos, de todos os sonhos e pesadelos, de todas as cores e sabores, de todos os sentidos e odores.
Palavras que guardamos como um bem precioso, como um tesouro.
Como o descrever do teu beijo.
Como o sentir do teu corpo no meu.
Como o deslizar dos teus dedos na minha pele.
O teu calor no meu arrepio.
O teu prazer dentro e junto com o imenso fervor que me fazes sentir no ventre, bem em mim, cá dentro.
E as palavras do teu sabor?
Não as sei dizer, não as sei referir, desenhar, escrever ou exprimir.
Há palavras que ficam gravadas na pele, na boca, nas mãos e no corpo.
Há palavras que são um eterno sentir.

26/11/2012

Mostra-me




Mostra-me com todos os sentidos
O que é possível sentir
Sem que me iluda com o olhar,
Sem que me perca no ver que não mostra.
Mostra-me o que é o paladar
Sem saber as cores cor de Verão, quentes, 
Sem saber o formato do espinho 
Da rosa que no cheiro 
É bela apesar de quase morta.
Mostra-me como posso ver
Sem condenar,
Sem com o olhar reprovar,
Apenas ouvir e saber,
De facto, escutar.
Mostra-me que posso
Avançar e em ti confiar
Dar passos certos no caminho,
Com a tua mão a guiar,
A tua voz a orientar.
Mostra-me tudo o que olhos distorcem,
Sob capas carregadas de preconceitos,
Onde tudo são princípios
Que muitas vezes,
Não passam de defeitos.
Mostra-me!
Ensina-me a ver com os olhos da Alma,
Da confiança,
Da segurança,
Da igualdade
E sem modéstia falsa.
Mostra-me com o meu fazer,
A melhorar,
A crescer.

26/11/2012

Esquecer-te




Não posso esquecer-te.
Esquecer os sonhos que todos os dias me fazes desejar.
Esquecer os novos sabores que dás a este meu (antes) monótono paladar.
Esquecer os sons de gemidos, que meus e teus juntos, nunca alguém vai conseguir copiar, imitar, emitir.
Esquecer os desenhos que os teus dedos, quentes e sabedores, desenham na minha pele, criando paisagens que a cada dia, a cada toque, foram recriadas, de novo desenhadas. E onde a tua língua faz nascer em mim caminhos de água e que na foz do meu corpo, desaguam em mares que de mim brotam.
Esquecer o sorriso que nos meus lábios fazes crescer, a felicidade nos meus olhos a cada te ver, a cada toque no cabelo, a cada abraço dado no meu peito.
Jamais, jamais te vou esquecer, pois é contigo que aprendo o que é VIVER.


25/11/2012